quinta-feira, 12 de maio de 2016

Guiné-Bissau: Os três pecados capitais da classe política guineense!

Um olhar atento às disputas que têm abalado a Guiné-Bissau ao longo da sua trajetória (in)dependentista permite constatar, sem margem para interpretações, a vulnerabilidade espiritual associada à falência ética e moral dos principais protagonistas em competição. Em autêntica indústria de mediocridade, mentira e culto de facilitismo, a política nacional gira em torno destes três vícios capitais que, ao longo de quatro décadas, destruíram o fundamento do nosso Estado e dividiram de que maneira o embrião unitário da nação guineense.

O primeiro pecado que cresce exponencialmente e sobre o qual enterrou-se totalmente o sonho de um Estado soberano, moderno e organizado, é a mediocridade. Este vírus consumiu tudo e todos. Institucionalizou-se nas subconsciências e tornou-se a regra do dia-a-dia dos guineenses, em particular dos políticos. Desde o partido com menos expressão política à mais alta instituição do Estado, a mediocridade é preferível em detrimento da meritocracia. O resultado de todo esse vazio organizacional é de um país amputado e sem alma. Como sair deste túnel? Como recolocar a ordem, a responsabilização, a cultura de prestação de contas no centro da acção pública? Como defendeu o pastor negro Americano, Martin Luther King, pouco tempo antes do seu trágico assassinato – “revolução de valores se impõe!” Uma República erguida só é possível com valores éticos sustentados por uma profunda convicção de que “governar é servir os outros”. Um governante é um servidor público!

O segundo maior pecado capital de sempre da classe política é a mentira. Mentir e saber mentir ao povo é ingrediente indispensável para angariar popularidade. O respeito pela palavra que devia ser alavanca da acção política, esvaziou-se no meio da luta pelo enrequecimento ilícito. A mentira tornou-se um recurso chave da conquista do bem-estar pessoal e familiar em detrimento da prosperidade colectiva. Agredido pela corrupção de palavras, o Estado guineense resume-se ao limite do papel! Os seus representantes são simples acólitos de “mensonge” guiados por um oportunismo cego. A grande maioria da população não sente o perfume de Estado. Apesar desta triste realidade, a classe política, em deriva, confia no seu capital de manipulação através da renovação de discursos de mentira!

O terceiro pecado multiplicador é o culto de facilitismo. A classe política e dirigente revelou-se incrivelmente incapaz de resolver os problemas básicos e resta-lhe apenas receber, em acto público, um certidão de incompetência em nome de desmandos que cometeu e continua a cometer. Conduziu o povo à descrença colectiva, inverteu a pirâmide e semeou o facilitismo em quase todas as cabeças. É socialmente partilhada hoje a ideia segunda a qual é possível ter “boa vida” sem mérito e sem investimento no trabalho. Instalou-se o princípio de “ninguém é ninguém”. Ser governante é enriquecer-se a todo custo.


Ausência total de controlo, de responsabilização. Pelo menos aí está o único e grande mérito da nossa vergonhosa classe política! Com Odemocrata

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