quarta-feira, 18 de julho de 2018

Obama lança aviso aos políticos que rejeitam o conceito de verdade objectiva, no centenário de Mandela

"Os políticos parecem rejeitar o conceito de verdade objetiva", Mandela foi a personificação desta transformação humana ao conduzir os direitos civis. "Ele liderou este país pela negociação", disse Obama, lembrando que Mandela "abraçou seus inimigos" e "lhes deu uma chance de construir um mundo melhor".

O antigo presidente dos Estados Unidos fez discurso, em Joanesburgo, em que defendeu a democracia e criticou o populismo

Barack Obama fez um discurso forte na cerimónia de comemoração do 100.º aniversário do nascimento de Nelson Mandela, que decorreu esta terça-feira em Joanesburgo.

O ex-presidente dos Estados Unidos alertou para a ascensão dos "homens poderosos na política", no que foi entendido como uma crítica aos movimentos populistas e ao autoritarismo. Obama aproveitou ainda para apelar aos povos para que preservem as liberdades democráticas, como sendo a chave para a manutenção da paz.

"A política do medo, do ressentimento e da redução de gastos começaram a aparecer. E esse tipo de políticas estão agora a florescer a um ritmo que nos parecia inimaginável há uns anos", lembrou Obama perante cerca de 15 mil pessoas.

"Não estou a ser alarmista, estou apenas a constatar factos. Olhem à vossa volta: políticos poderosos estão a destacar-se, de repente, encobertos pelas eleições e por uma democracia que mantém a sua forma, mas permite que quem está no poder tente minar todas as instituições ou normas que dão significado à democracia", alertou.

Estes avisos de Obama surgem precisamente um dia depois de, na cimeira de Helsínquia, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ter defendido o líder russo Vladimir Putin contra as acusações dos serviços secretos americanos sobre a interferência dos russos nas eleições dos Estados Unidos, em 2016.

Nesse contexto, Barack Obama atacou a forma como os políticos mentem, lembrando que os factos são o mais importante. "Temos de acreditar nos factos, sem eles não há base para a cooperação. Se eu disser que isto é um pódio e vocês disserem que é um elefante, será muito complicado para nós cooperarmos. Não teremos uma base para o entendimento se alguém disser que as alterações climáticas não vão acontecer, quando todos os cientistas do mundo nos alertam para isso. Não sei como poderemos começar a falar sobre este tema, se alguém alegar que se trata de um erro elaborado...", atirou.

Para finalizar, o americano aproveitou a oportunidade para parabenizar a selecção francesa por sua vitória na Copa do Mundo-2018 e a diversidade identitária dos Bleus.

"Todos esses caros não parecem, na minha opinião, gauleses. Eles são franceses", disse ele aos aplausos, lamentando, no entanto, que "o mundo não tenha cumprido as promessas" de Madiba.

"A discriminação racial ainda existe na África do Sul e nos Estados Unidos e a pobreza explodiu", denunciou.

Obama considera que "no aniversário dos 100 anos de Madiba, o mundo está numa encruzilhada". Nesse sentido, garantiu que acredita "na visão de Nelson Mandela", "numa visão de equidade, justiça, liberdade e democracia multiracial construída na pretensão de que todos os povos na criação de direitos inelianáveis". "Eu acredito num mundo governado sob esses princípios será possível alcançar mais paz e cooperação na busca do bem comum", finalizou.

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