Se
nós, os Guineenses, não nos preocuparmos connosco mesmos, quem se há-de
preocupar?
[…] Não há Culturas superiores, nem inferiores, no verdadeiro sentido da palavra! Isso foi uma pretensão da ignorância antiga, no passado da Humanidade, derivado justamente da sua ignorância mútua!
[…]
Preconceitos culturais só desmerecem quem os tem, pois nascem da fragilidade
mental e intelectual, por desconhecimento do outro, no que tem de melhor: a sua
Alma, o seu Espírito, impregnados pela Sabedoria herdada dos Antepassados.
MENSAGEM
RECEBIDA
No
dia 15.03.2013, recebemos, no nosso Blog, um artigo da srª Drª
Carmelita Pires, ao qual vimos responder. Pedimos desculpas aos
nossos Leitores, por, só agora, darmos resposta à crítica, que nos
foi dirigida, por absoluta falta de tempo, e, também, pela extensão
da resposta, exigida pela clareza e transparência, na análise e
tratamento das questões envolvidas.
Eis
o artigo:
"Carmelita
Pires
09.03.2013:
A
designação «Intelectuais Balantas Na Diáspora», desprestigia os
conteúdos do blog, cujo nome escolhido tem muito que se lhe diga e
nem tudo se poderá dizer.
Como
reacção, nomeadamente às incursões do «Pasmalu» e
outras histórias, ainda não deixa de ser censurável.
Porque,
na minha perspectiva, é algo «forte demais» e que caracteriza o
«forte demais» da nossa sociedade e das
vindictas.
Como
povo, somos um grupo adulterado, sobrevivente a quase 40 anos de
desnorte.
Desse
desnorte, ainda temos folego para repudiar categorizações, ainda
que nos surjam em jeito de desforras, visto que mais nos podem
desnortear e nos afastar do vilipendiado propósito nacional: um só
Estado uma só Nação.
Consequentemente,
ideias, não poderão ter formas que não nos levem a insistir em não
perguntar.
No
desnorte, as ideias que despontam têm que obrigatoriamente ter um
nome. Para assim e depois, podermos falar de valores sociais, do
nosso mosaico étnico e nossa principal riqueza, de povo e de
existência nacional.
Grande
abraço, meus caros compatriotas."
Cara
Compatriota,
Srª
Drª Carmelita Pires,
O
Grupo de Intelectuais Balantas na Diáspora vem agradecer a sua
intervenção, no nosso Blog, através do seu artigo de 09.03.2013,
no qual expressa livremente a sua crítica e opinião, que, também,
lhe agradecemos.
É
para isso que existimos! Simplesmente para comunicar, no verdadeiro
sentido da palavra, com verdade e transparência.
Da
discussão nasce a Luz (reza um velho provérbio Português)!
Ninguém é dono da Verdade! Só o Criador! Por isso, todos estamos
sujeitos à crítica e ao direito de resposta.
E
como estamos - nós os Guineenses - tão precisados da Luz! Luz da
Verdade! Luz do Conhecimento! Luz da Fraternidade! Luz da
Solidariedade e da Cooperação Edificante, que alumie os Espíritos
com uma intensidade tal que nos traga a verdadeira Sabedoria, que
tenha o poder de ofuscar e afastar de nós a Escuridão da
Intolerância e do Preconceito.
Estando,
ainda, em fase de pesquisa, quer da forma, quer do conteúdo, o nosso
objectivo é constituirmo-nos como uma plataforma de diálogo para
todos os Guineenses e seus Amigos, no País e na Diáspora, para
troca de informações úteis, não de banalidades e grosserias, como
se lê em certas publicações online (em boa verdade, nada
edificantes, pela forma envenenada, como passam algumas informações,
mas que têm os seus adeptos).
Por
outro lado, queremos aparecer como uma ferramenta de oportunidades
para produzir pensamento reflexivo, individual ou de grupo, que
deverá nortear-se pelo sentido de utilidade para todos, seja na
forma de expressão e debate de ideias, seja como partilha de
conhecimentos multidisciplinares ou, simplesmente, veículo para a
reposição da verdade sobre assuntos de interesse comum, sobre os
mais diversos temas de interesse, ou, ainda, para desbravar terrenos
inóspitos, em busca de um futuro melhor para todos os que se
identificam como Guineenses, quer pelo nascimento, quer pela vivência
cultural e as diversas afinidades em que se enquadram no Mundo
contemporâneo (CPLP, CEDEAO, etc).
Por
isso, a sua intervenção mereceu, da nossa parte, o maior apreço.
Porque
interveio como uma Guineense, que se preza, e que preza a sua Terra,
com a qual notoriamente se preocupa!
Se
nós, os Guineenses, não nos preocuparmos connosco mesmos, quem se
há-de preocupar?
Por
isso, nos honramos em responder ao seu artigo!
Consideramos
valioso o seu contributo, não só como expressão de sentimento
pessoal, mas, também, como um alerta sobre aspectos da nossa
realidade, enquanto Povo.
Por
isso, queremos partilhar, consigo e com os nossos Leitores, a nossa
resposta àquilo que nos pareceu serem questões relevantes da sua
crítica a nós dirigida.
Análise
do Artigo
A
Designação Escolhida
No
seu artigo, começa a senhora por se insurgir contra a designação
pela qual nos identificamos, dizendo que a designação escolhida
“…desprestigia os conteúdos do Blog”.
Mas
não diz porquê. Nem a quem desprestigia. Não explica nem explicita
o seu pensamento (ou a intenção subentendida).
Mas
é evidente que não se explica para não cair no ridículo, no
embaraço de expor o que parece ser um recalcado preconceito, que,
claramente, transparece daquela sua afirmação, aliás, infeliz e
descortês!
Fazemos
o reparo, não por nos sentirmos ofendidos. Nada disso!
Fazemo-lo
pela manifesta fragilidade do seu julgamento! E pensar que a senhora
foi Ministra da Justiça de um País, que não conhece!... nem
reconhece!
Porque
sabemos que não faria idêntica censura à uma Associação Cultural
de Naturais de qualquer outra Região do País. Por exemplo, de Geba,
Cacheu ou Bolama. Porque será?
No
seu artigo, começa por se insurgir contra a designação pela qual
nos identificamos.
Diz
a senhora que a designação escolhida “…desprestigia
os conteúdos do Blog”.
Mas
não diz porquê. Nem a quem desprestigia. Não explica nem
explicita o seu pensamento (ou a intenção subentendida).
Parece,
contudo, evidente que não se explica para não se expor ao ridículo
pelo que poderia ser considerado um recalcado preconceito, que,
claramente, assoma à essa sua declaração (quanto a nós, infeliz e
descortês)!
Fazemos
o reparo, não por nos sentirmos ofendidos. Nada disso!
Fazemo-lo
pela manifesta fragilidade do seu julgamento! E pensar que a senhora
foi Ministra da Justiça de um País, que não conhece!...nem
reconhece!
Porque
sabemos que não faria idêntica censura à uma Associação Cultural
de Naturais de qualquer outra Região do País! Por exemplo, de Geba,
Cacheu ou Bolama. Porque será?
Quanto
aos conteúdos, esses serão definidos pelo perfil dos nossos
leitores, com inteira liberdade. Não seremos nós a determiná-los!
Não temos pretensões a ditadores de qualquer consenso!...
Quantas
Associações existem, por essa Diáspora Guineense, com a designação
de “Filhos” desta e daquela Localidade ou Região do nosso País?
Serão todas elas mais prestigiosas do que a nossa, para só dirigir
contra nós a sua desabrida censura?
Por
isso, caberia perguntar-lhe: que conteúdos é que são
desprestigiados pela designação adoptada pelo Grupo?
Quanto
aos conteúdos, estes serão definidos pelo perfil dos nossos
leitores, com inteira liberdade. Não seremos nós a determiná-los!
Não temos pretensões a ditadores de qualquer consenso!...
Só
não entende quem não quer, ou alberga no espírito intenções
menos limpas, talvez obscurecidas pelo preconceito.
Mas…preconceitos?!… Cada um fica com o que tem!
Para
bom entendedor (e a senhora certamente que o é), a designação
adoptada é a adequada à identificação do Grupo. Ela é clara e
compreensível!
Só
não entende quem não quer ou alberga, no seu íntimo, intenções
menos claras, talvez obscurecidas pelo preconceito.
Mas…preconceitos?!… Cada um fica com o que tem!
Não
é esse o nosso caminho! Nunca foi! Nunca será!
Não
será o terreno em que queiramos competir, seja com quem for! Porque
sabemos quanto sofreu o nosso Povo (os melhores Filhos da Terra) por
causa disso!...
Preconceito
Cultural ?
Preconceitos
culturais só desmerecem quem os tem, pois nascem da
fragilidade mental e intelectual, por desconhecimento do outro, no
que tem de melhor: a sua Alma, o seu Espírito, impregnados pela
Sabedoria herdada dos Antepassados.
Assim
sendo, cada Cultura é uma singularidade, uma criação insusceptível
de imitação, porque traz sempre a marca de uma espiritualidade
mística, partilhada por um certo grupo humano, tornando-se o seu
distintivo!
Por
isso é que não há Culturas superiores, nem inferiores, no
verdadeiro sentido da palavra! Isso foi uma pretensão da ignorância
antiga, no passado da Humanidade, derivado justamente da sua
ignorância mútua!
Nós
somos pela Cultura do nosso Povo, qualquer que seja a sua fonte ou
origem: da Cidade ou da Tabanca, do Sul ou do Norte, do Leste ou do
Oeste, qualquer que seja o Grupo Étnico.
Se
não gostarmos de nós, tal como somos, quem gostará?
O
nosso objectivo é pensar sobre o que somos e como somos. Não por
nós, nem para nós, mas pelas futuras Gerações de Guineenses (e
pela nossa)! É uma responsabilidade partilhada!
Conhecendo-nos
melhor, estaremos mais bem preparados para trabalharmos em conjunto,
para mudar o que deve ser mudado e para melhorar o que já é bom.
Ignorar
ou desprezar não é solução! Em nenhuma parte do Mundo! Só
aumenta a ignorância mútua e com ela os problemas.
Não
é essa a causa das dificuldades que o nosso País vem enfrentando,
há 40 anos?
Identidade
Cultural
como
algo Nobre
Quanto
a nós, a designação não ofende nem desprestigia ninguém.
Antes,
pelo contrário, identifica um Grupo de Intelectuais Guineenses, que
se orgulham da sua identidade Cultural! Há coisa mais nobre que
isso?
A
senhora, certamente, também se reconhece na sua e sente nisso
orgulho justificado!
Porque
a identidade Cultural (ao contrário da alienação Cultural) é um
bem inalienável e não um factor de desprestígio.
Desprestigiante,
sim, é a alienação Cultural, quando não se reconhece Valor
à Cultura de origem, fazendo-se o tipo de figura que o Povo
facilmente identifica como alguém que “já não sabe de que
Terra é!”, porque não se conhece a si mesmo,
culturalmente falando!
Um
País não existe só nas Cidades ou Vilas! Esse é um erro, que se
paga caro, durante gerações e gerações, e tem como resultado o
subdesenvolvimento crónico!
A
Cultura de que Falamos
A
Cultura, de que falamos, não é uma questão menor!
Cultura
significa a Alma de um Povo, na qual se impregna o seu passado e
o presente.
Ela
contém, em cada momento, as vivências de uma dada Comunidade
Humana, que nela vai buscar a Força necessária para edificar o
Presente e construir o Futuro, dentro da sua própria idiossincrasia.
Dessa
Cultura, que a senhora parece desdenhar, falará
a nossa História futura, ansiosa por descobrir todas
as suas facetas e influências. Da herança colonial falar-se-á, com
comiseração e desdém, para só destacar os seus principais
defeitos e implicações (positiva ou negativa) na nossa Cultura e no
seu angustiante processo de Desenvolvimento: abusos do colonialismo e
dos seus herdeiros culturais, como causa do desenraizamento cultural
de parte da nossa população, como factor de divisão e causa da
instabilidade política e social, assim como da debilidade económica,
que caracterizam o momento que estamos, a atravessar, actualmente.
Está
no seu direito de discordar, mas é uma constante da História da
Humanidade!
Assim
foi entre a Cultura Lusa (mais próxima de nós) e a ocupação Árabe
(sem dúvida, a Cultura mais brilhante e influente, na época), cujas
mesquitas foram modificadas e convertidas em Igrejas Cristãs, para
se apagar o passado. Assim sucedeu com os Bretões e a Cultura
Romana, com os Francos e os Romanos, com os Russos e a Cultura
greco-romana e a influência muçulmana (através dos Turcos),
patenteada no Kremlin.
Ninguém
quererá nessa altura estar associado ao lado errado da História! Os
grandes Heróis de que se falará serão os Libertadores Culturais e
Políticos, os Resistentes da hora presente, que se opõem (pela
palavra e pelas armas) ao regresso da Guine ao estado de uma Colónia
sob protectorado. Então, não é assim?
Porque
será que o nosso País, à beira de completar 40 Anos de
Independência, ainda continua a marcar passos, no atoleiro do
Subdesenvolvimento?
Não
é por falta de Cultura, pelo facto de ser sistematicamente governado
por gente que não conhece a sua própria Cultura, o seu próprio
País, sendo vítima da mal digerida Cultura herdada do Colonialismo?
O
Valor da Cultura versus
Colonialismo
de Substituição
Quanto
melhor nos conhecermos, a nós mesmos, do ponto de vista
Cultural, melhor preparados estaremos para agir sobre o País,
de uma forma mais esclarecida, mais sensata e patriótica,
mais isenta, e, sobretudo, mais inclusiva!
Não
é verdade que o modo de governação, instalado no País, desde a
Independência, não se distingue, em quase nada, comparativamente ao
regime Colonial, no que concerne à busca desenfreada de riqueza
fácil, em tempo record, à ganância predatória,
a não ser no facto de ter mudado de actores?
Colonialismo
de substituição? Não! Obrigado! Para pior, já basta o que foi!
Repare
que a expressão não é muito exagerada, como retracto de certas
práticas, que estão na origem das crises cíclicas que
apoquentam o País e perturbam o Mundo!
E
é precisamente aí que reside a causa do
“desnorte”, de que a senhora fala, no seu
artigo, embora invertendo a realidade para o lado que mais lhe
convém.
Enquanto
assim for, a verdade sairá sempre prejudicada!
É
a falta de uma Política de Verdade (que deveria emergir de
uma Sociedade, também, de Verdade) que gera a desconfiança
sistemática, que está na origem das nossas crises! Ou não é
assim?
Um
Governante, culturalmente, bem informado sobre o seu Povo não cai
tão facilmente nos erros que a corrupção desenfreada e o
sentimento de impunidade proporcionam, na Guiné-Bissau, por ausência
de lei, quase sempre substituída pelo Poder Pessoal, que
premeia os apaniguados subservientes.
O
nome escolhido
tem
muito que se lhe diga…
Prosseguindo
a sua crítica, faz-nos o seguinte reparo: “o nome escolhido tem
muito que se lhe diga…e nem tudo se poderá dizer”.
Infelizmente,
manda as suas atoardas, mas não se explica, nem explicita o seu
pensamento ou a sua intenção.
Achamos
que a sua intervenção seria mais assertiva, se fosse mais
explícita, mais clara, a dizer o que pensa realmente. Sabendo o que
pensa, melhor poderíamos, também, esclarecer-lhe, a si e aos nossos
Leitores.
Ficando-se
pelas “meias palavras”, no contexto em que escreve, as mesmas
não bastam para se fazer entender, ao contrário do ditado “para
bom entendedor…!”
E
era, absolutamente, necessário que tivesse sido capaz de se fazer
entender, com a clareza que se impõe, numa reacção como a sua.
Só,
só assim, a sua mensagem se tornaria verdadeiramente útil e
permitir-nos-ia responder-lhe na forma justa e adequada.
Perante
o vácuo da sua afirmação, o mínimo que se pode dizer, como
esclarecimento, é que o Grupo não existe em função de
quaisquer “conteúdos” abstractos.
A
sua existência é muito anterior a quaisquer “conteúdos”,
sejam eles quais forem, próprios ou alheios!
Por
isso, quando muito, são os conteúdos que existem (ou devem existir)
em função do Grupo (para servir os seus objectivos) e não o
contrário.
Partindo
do princípio de que a Verdade liberta e o Medo escraviza, talvez
fosse melhor esclarecer o que pensou e pretendeu dizer. Só, assim,
poderemos esclarecer o que for preciso, se for necessário.
Reacção
às Incursões do
“Pasmalu”
e “outras histórias”?
Logo,
em seguida, interroga-se sobre a nossa designação, se não
seria a mesma uma reacção contra o que designa de “incursões”
de “Pasmalu” e “outras histórias”, e conclui
dizendo que, mesmo assim, “não deixa de ser censurável”.
Ora,
garantidamente, a designação não tem, absolutamente, nada a ver
com uma reacção contra quaisquer “incursões” do
“Pasmalu”, nem com quaisquer “outras
histórias” do género. Pela simples razão de que não sabemos
mesmo a que se refere!
Ignorância
nossa, certamente, de que nos penitenciamos!
A
verdade é que o Grupo não existe como reacção a coisa alguma! Por
isso, a sua observação não faz o mínimo sentido, com o devido
respeito!
É
uma iniciativa própria, absolutamente independente, livre e
isenta de quaisquer intenções menos próprias. Por isso,
estranhamos que semelhante ideia tenha sequer ocorrido à senhora!...
O
que é o “Pasmalu”, a que a srª se refere? E o que são
as “outras histórias”, a que alude?
Com
a interrogação, não estamos a fazer uma pergunta de retórica, mas
um pedido de esclarecimento, que se funda no desconhecimento daquelas
duas referências, que aparecem, no seu artigo.
Contudo,
acreditamos que, se o diz, lá saberá em que se fundamenta!
Presumimos
que seja alguma grosseria, em forma de publicação, mas não nos
afecta!
Se
for, naturalmente, aquela ficará com quem a pratica ou nela se
reconheça!
Mas
o Grupo não existe para reagir contra coisa alguma!
Por
isso, uma tal associação de ideias, como a que a senhora faz, no
seu artigo, só pode ser fruto de qualquer outra coisa que nos
escusamos de qualificar (os psicólogos chamar-lhe-iam “paranóia”).
Não
há nada de censurável na designação adoptada pelo Grupo. Pelo
contrário!
Trata-se,
efectivamente, de um Grupo de Intelectuais, que se reconhecem numa
certa identidade paradigmática, como muitos outros, no País e
na Diáspora, e que existe para servir o País e não para coisa
diferente disso!
Mas
percebemos bem onde quis chegar!
Sendo
este um Grupo de Intelectuais, não desconhece que, na nossa
Sociedade, existem, ainda, alguns pruridos lamentáveis,
a esse nível, decorrentes do nosso passado Colonial, que contribuiu
(e contribui) para uma alienação Cultural, na qual
muitos de nossos compatriotas se reconhecem, com total legitimidade.
Pudera!
Mas
uma alienação, é uma alienação de algo, que, tanto pode ser
racial (quando o indivíduo, consciente ou inconscientemente, adopta
uma identidade social que a diferencia dos seus antepassados) como
Cultural (significando, neste contexto, o descolamento de uma
Cultura de base para assentar arraiais numa outra, de procedência
estranha, mas com a qual o indivíduo ou um grupo se identifica e
acomoda, como efeito da História, não da mera Sociologia Humana).
Mas,
isso, levar-nos-ia a outras considerações, que não vêm ao caso!
Algo
“Forte Demais”
O
mesmo se diga quanto à sua afirmação seguinte: “…Na minha
perspectiva, é algo “forte demais” e que
caracteriza o “forte demais” da nossa
sociedade e das vindictas”.
Uma
vez mais, levanta suspeições (pelo menos assim parece), mas não
esclarece onde quer chegar. Fica-se pelas meias tintas!
O
que deve entender-se por algo “forte demais” da
nossa sociedade e das vindictas?
Por
enigmática e ininteligível, abstemo-nos de responder.
Simplesmente, porque não se alcança onde quer chegar. Os nossos
Leitores tirarão as suas conclusões.
Mas,
claramente, não partilhamos do seu ponto de vista, seja o que
pretenda insinuar com aquela afirmação tão arrevesada! Somos
pela verdade e transparência!
Grupo
Adulterado:
Mais
adiante, a srª Drª afirma: “Como Povo, somos um Grupo
Adulterado, sobrevivente a quase 40 anos de desnorte”.
A
partir dessa afirmação, expõe a seguinte conclusão: “Desse
desnorte – diz – ainda temos fôlego para repudiar
categorizações, ainda que nos surjam em jeito de
desforras, mais nos podem desnortear e nos
afastar do vilipendiado propósito nacional: um
só Estado, uma só Nação!”
Respeitamos
a sua opinião (expressa, aliás, com insofismável convicção),
mas não nos revemos nela, pelo seu negativismo original.
Aquilo
a que chama de “Grupo Adulterado”, chamamos nós a Maior
Riqueza do nosso Povo: a sua diversidade Cultural!
É
a partir dela que devemos crescer, politica, social e economicamente,
conhecendo-nos e respeitando-nos mutuamente!
O
discurso do nosso Povo não é esse, para onde aponta a sua
afirmação! É mais eloquente do que pensa!
A
senhora tem o palco da escrita, para se manifestar!
O
nosso Povo não! Mas está atento, à escuta do momento da Verdade,
para se fazer ouvir! O nosso Povo é muito inteligente! Não se
pode subestimá-lo! Não se deve!
O
Desnorte
Tanto
a senhora, como nós, conhecemos essa realidade, que compõe o nosso
mosaico étnico, a nossa sociedade! Essa não está em discussão! E
ainda bem!
O
mal está, quando se faz mau uso dessa realidade, como, muitas
vezes, ocorreu, na nossa História recente.
Não
por casualidade ou mero acidente, mas, por acção humana,
devidamente motivada no mesquinho interesse de grupo, sendo
essa a principal causa do “desnorte”, de que a senhora
fala, no seu artigo, mas com outro sentido, menos conforme à
verdadeira realidade.
Porque
é, nesse “desnorte”, herdado do período colonial, que
reside a principal causa da instabilidade política e social,
de que o nosso País dá sinais, de vez em quando.
Essa
instabilidade, que é uma causa de bloqueio ao
Desenvolvimento do País, tem a sua origem no esforço titânico de
uma parte da nossa População (minoritária), culturalmente
desenraizada, que se empenha em manter, no Pais, situações
de privilégios intocáveis, em beneficio exclusivo da sua
reduzida e improdutiva subclasse social.
A
senhora tem a coragem de se situar, o que tem a sua vantagem.
Precisamos
modificar isso, através do pensamento positivo e inclusivo,
para construirmos uma Nação sólida, virada para o Progresso
e Desenvolvimento e menos propensa a guerrilhas de agiotagem, em
busca do ganho fácil, muitas vezes, através da conspiração
internacional.
É
preciso exemplificar? Certamente que não!
Claro
que é preciso discutir o País, com coragem e elevação, antes que
seja tarde demais!
Os
leões rugem de todos os cantos!... sob a capa da falsidade,
fazendo-se passar por amigos!...
Não
deve ser o egoísmo de grupo que impedirá esse diálogo
tardio, cuja falta já fez muita mossa, prejudicando apenas
quem não tem culpa no cartório!...
A
nossa Maior Riqueza!
Concluindo
o seu artigo, apresenta o seguinte pensamento:
“No
desnorte, as ideias que despontam têm que obrigatoriamente ter um
nome. Para assim e depois, podermos falar de valores sociais, do
nosso mosaico étnico e nossa principal riqueza, de povo e de
existência nacional.“
Nisso
estamos de acordo: a nossa maior riqueza é o
nosso Mosaico Étnico (para usar a sua expressão)!
Nós
somos isso mesmo, pela positiva, no sentido mais construtivo dessa
riqueza de Povo e da Nação que somos!
Só
falta uma coisa: assumi-lo como tal…como uma Riqueza
do nosso Povo!
Da
mesma forma que a Riqueza Natural de um País (do Solo
ou Subsolo) não existe para o Homem, enquanto não for conhecida e
trabalhada, assim, também, a Riqueza Cultural de
um Povo só se torna um Valor (social, cultural e económico) quando
se conhece e se torne útil à Sociedade de que emerge, podendo
transformar-se num património da Humanidade!
A
diversidade bem gerida é factor de Progresso e Desenvolvimento e não
o seu contrário! Não conhecemos Guineense nenhum que ponha em causa
tal Riqueza!
Na
Economia, a diversidade é a essência da competitividade, que, por
sua vez, gera a Riqueza. Assim, também, na Sociologia Humana e na
Politica!
Mas
ouve-se muitas vezes dizer que essa Riqueza é manipulada por gente
menos recomendável, que só pensa no seu próprio interesse, no
ganho imediato.
O
problema não está, pois, no Mosaico, nem na Riqueza Cultural do
nosso Povo, mas na sua manipulação por gente impreparada para gerir
o nosso interesse comum: o interesse da Paz, da
Estabilidade e do Desenvolvimento partilhado, com sentido
social.
Mas,
parece-nos que a senhora tem medo dessa Cultura, porque fala em
“desnorte”, em “reacção” àquilo e aqueloutro. Porque
será?
CONCLUSÃO
A
criação de uma plataforma de comunicação, como a nossa, não
aparece motivada em qualquer tipo de “desnorte” (para usar
a sua expressão), nem visa provocar “desnorte” de
qualquer natureza, do mesmo modo que não entendemos que seja essa a
intenção de certas publicações online, geridas por
Guineenses (por ex., a Ditadura do Consenso, etc.).
Por
isso, repudiamos, energicamente, a propensão para a suspeição
sistemática, que emerge das suas afirmações, quando fala em
“recusar categorizações”, em “desforras”,
“desnortear e afastar do vilipendiado
propósito nacional: um só Estado, uma só Nação!”
Porque nada disso está em causa!
A
dialéctica comunicativa é um valor social, não uma ameaça,
seja do que a senhora possa pretender dar a entender!
Quanto
a nós, a srª Drª entendeu bem o alcance do nosso Blog, pela forma
positiva como concluiu a sua mensagem, conforme destacámos
anteriormente.
Nós
somos portadores dessa diversidade cultural, que impregna a
Humanidade inteira, hoje em dia, mas, duma maneira especial, da nossa
sociedade, que é, em parte, produto da Cultura Colonial, na qual
(diga-se) a maioria das nossas Etnias não se reconhece, mas
aprecia e respeita os Valores da Civilização de que emerge.
São
coisas totalmente diferentes! O Mundo Moderno é composto dessa
diversidade, do Oriente ao Ocidente, do Norte ao Sul!
O
mal está em que muita gente não sabe estabelecer a diferença e
cometem-se muitos erros, á conta disso!...
Erros
contra a Humanidade, contra o nosso Povo, muitas vezes, achincalhado,
apenas para satisfação de interesses egoístas de algumas (poucas)
pessoas, de grupos sociais ou de potências económicas, de olho
posto nos recursos do País! Por isso, hão-de
conspirar, todos os dias, para nos dividir…para
poderem reinar!
É
por esse motivo nobre que nos impomos o dever de pensar e de
reflectir sobre a nossa realidade, enquanto Comunidade Nacional,
composto pelo seu maravilhoso Mosaico Étnico!
Não
para dividir, mas para unir e fortificar, de forma consciente e
operante, o contrário da forma oportunista, como se fez, no passado,
e se continua a fazer, no presente, pela via da corrupção e da
conspiração.
Um
Povo que não pensa, degenera! Um Povo que pensa, pode sofrer
contrariedades, mas acaba prosperando! Vamos prosperar? Seguramente!
É
evidente que tal não acontece do dia para a noite!
Da
Sabedoria Antiga, ouvimos dizer que “Roma e Pavia não se fizeram
num dia!”
Do
mesmo modo, o nosso País, a Guiné-Bissau, não se fará num dia,
nem nos Quarenta Anos de Independência, que está prestes a
celebrar, mergulhado em graves incertezas!...
Muita
tinta e suor terão que ser despendidos, até que, um dia, o País se
transforme num lugar digno para se viver, para todos os seus Filhos,
como já se vive, actualmente, nos Países mais desenvolvidos do
Mundo!
Cara
Compatriota, contamos consigo, em futuras intervenções!