sexta-feira, 5 de outubro de 2012

MNE de transição aponta dedo a embaixador e a Portugal pelo desastre na ONU


O ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de transição da Guiné-Bissau responsabilizou hoje (sexta-feira) o embaixador acreditado na ONU pela situação que impediu o país de discursar na Assembleia Geral, e acusou Portugal de o apoiar, noticia a LUSA.   

 Faustino Imbali deu hoje uma longa conferência de imprensa em Bissau para explicar a sua versão do que aconteceu em Nova Iorque na semana passada, quando Raimundo Pereira, Presidente interino deposto, foi acreditado para falar às Nações Unidas e que
acabou por não falar. Pela primeira vez na sua história a Guiné-Bissau não se dirigiu às Nações Unidas.   

 Serifo Nhamadjo, presidente de transição, deslocou-se a Nova Iorque, mas não foi credenciado para entrar na ONU, tudo porque o embaixador do país acreditado, João Soares da Gama, preferiu credenciar Raimundo Pereira, disse o ministro.  

Faustino Imbali entregou aos jornalistas cópias da carta de substituição de João Soares da Gama por Manuel Monteiro dos Santos (enviada à ONU a 31 deJulho) e disse que, desde então, João Soares da Gama tem impedido que seja feita a substituição.  

"João Soares disse que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) escreveu uma carta à ONU para ele continuar", disse Faustino Imbali, acrescentando que "há todo um lobby de Portugal para ele ficar. Portugal fez tudo por tudo para acreditar
Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior" (primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de 12 de Abril).  

O ministro entregou também aos jornalistas cópia da carta enviada por João Soares da Gama às Nações Unidas a credenciar Raimundo Pereira para falar na Assembleia Geral (enviada a 18 de Setembro), e da carta que ele mesmo fez, dia 26 de setembro em Nova Iorque, a credenciar Serifo Nhamadjo, bem como de uma carta enviada pela CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) à ONU, a alertar para o perigo de instabilidade no país caso fosse Raimundo Pereira a representar a Guiné-Bissau.  

"Se não tivesse a noção de que fizemos tudo o que deveríamos ter feito esta conferência de imprensa seria para anunciar que punha o cargo à disposição. Se há um erro que cometemos foi confiar no profissionalismo de João Soares da Gama", disse.  

Tudo porque "cinco meses depois (do golpe de Estado) ainda há pessoas que pensam que o retorno a 11 de Abril é possível. Vou dizer mais uma vez que o retorno a 11 de Abril não é possível nem desejável", afirmou o ministro de transição, acrescentando que
também não há um governo no exílio, mas apenas uma pessoa que tem "fortes apoios".  

Crítico em relação à CPLP e à delegação da ONU em Bissau, Faustino Imbali disse também que se há países membros da CPLP que acham que a Guiné-Bissau devia ser suspensa da organização "então que tomem a responsabilidade histórica de tomar essa
decisão".

E sobre a ONU em Bissau disse que apenas se encontrou com o representante do secretário-geral na Guiné-Bissau no mês passado e que Joseph Mutaboba ainda não se encontrou também com o Presidente de transição.  

"Disse-lhe que sentimos que a ONU abandonou a Guiné-Bissau", contou, acrescentando que o sentimento do governo de transição é o de que a ONU "não cumpre o papel que esperavam, que devia de ser um papel de árbitro, conciliador e de diálogo".  

Faustino Imbali considerou de "passo decisivo" a vinda ao país de uma missão conjunta da ONU, União Africana, CEDEAO e CPLP, mas acrescentou que ainda não foi fixada uma data.  


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