"Há a tendência da CEDEAO, com a
Nigéria à cabeça, obrigar a União Africana a levantar as sanções internacionais
à Guiné-Bissau, sob o argumento de que a situação já está normalizada e que há
um governo de transição inclusivo". Angola e países africanos da CPLP
defendem manutenção das sanções.
Luanda - O
secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, fez uma
avaliação positiva da participação de Angola na Cimeira da União Africana (UA),
que encerrou segunda-feira, em Addis Abeba, noticia hoje o Jornal de Angola.
De acordo com declarações do
governante angolano, as discussões foram acaloradas, principalmente entre a
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e os Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), devido à situação política na
Guiné-Bissau.
"Há a tendência da CEDEAO,
com a Nigéria à cabeça, obrigar a União Africana a levantar as sanções
internacionais à Guiné-Bissau, sob o argumento de que a situação já está
normalizada e que há um governo de transição inclusivo", denunciou Manuel
Augusto, esclarecendo que esta não é a opinião de Angola nem da CPLP.
Após acesos debates,
acrescentou, chegámos à conclusão de que as sanções vão continuar, até que o
Conselho de Paz e Segurança da União Africana conclua que estão criadas as
condições para se levantarem as sanções que pesam sobre a Guiné-Bissau.
"Foi um momento não muito
bonito porque os argumentos apresentados pela CEDEAO não colheram e tentaram ir
por um caminho que não é o que a União Africana segue. Felizmente, os países
que aqui representaram os PALOP tiveram o apoio de outros países e manteve-se a
posição inicial", disse.
Segundo o secretário de Estado
angolano, a Cimeira da UA teve como mérito chamar novamente a atenção de África
para uma reflexão profunda. No encontro, foi entendido como um sinal não muito
bom o facto de um país europeu, a França, ter intervindo num conflito africano.
"Isso demonstra a nossa incapacidade", admitiu Manuel Augusto, citado
pelo Jornal de Angola, para quem a pobreza ou a falta de recursos materiais não
pode ser a justificação para África ter dificuldades em lidar com os seus
problemas.
RDC no centro dos
debates
O conflito no Leste da RDC foi
um dos assuntos mais discutidos durante a Cimeira da União Africana. A fim de
tentar encontrar uma solução para a crise, o Secretário-Geral das Nações Unidas
apresentou aos Chefes de Estado da UA uma proposta que envolve medidas de
carácter político, económico, humanitário e diplomático.
O secretário de Estado das
Relações Exteriores angolano disse que Ban Ki-moon quis que a proposta fosse
assinada ainda ontem (segunda-feira) pelos estadistas africanos, como forma de
compromisso, sugestão que foi prontamente rejeitada.
Manuel Augusto informou que a SADC e os Grandes Lagos defendem que a prioridade na RDC deve ser a estabilidade militar. "É preciso parar com os rebeldes, para depois se discutirem todos os outros assuntos constantes no plano do Secretário-Geral da ONU", defendeu.
Manuel Augusto informou que a SADC e os Grandes Lagos defendem que a prioridade na RDC deve ser a estabilidade militar. "É preciso parar com os rebeldes, para depois se discutirem todos os outros assuntos constantes no plano do Secretário-Geral da ONU", defendeu.
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