Díli, 08 jan (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana
Gusmão, disse hoje que o Governo timorense vai criar uma Agência de
Desenvolvimento para marcar presença na Guiné-Bissau e ajudar a
ultrapassar as crises cíclicas que têm assolado aquele país.
"Nós, num desejo de contribuir melhor, tentamos assomar-nos um bocado
mais, independentemente daquilo que a ONU e a CPLP (Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa) vão fazer, e vamos criar uma Agência de
Desenvolvimento", afirmou Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas no final de um encontro de
quase três horas com o Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak.
Segundo Xanana Gusmão, a Agência de Desenvolvimento vai estar focada
na boa governação e na prevenção e gestão de crises e será constituída
por um grupo de pessoas que possa "encetar diálogo e transmitir as
experiências timorenses".
"Passámos também por esses momentos de crise e se tivermos ali
pessoas habilitadas a transmitir as nossas experiências aos nossos
irmãos guineenses, podemos ajudar de uma forma muito mais suave, de
irmão para irmão", afirmou.
O primeiro-ministro explicou que a criação da Agência de
Desenvolvimento foi sugerida pelo Presidente Taur Matan Ruak e vai ainda
ser discutida no Parlamento para ser uma iniciativa do Estado
timorense.
"Nós compreendemos que a CPLP quando for (para a Guiné-Bissau) terá
que ir como uma política de toda a comunidade e não gostaríamos de neste
contacto com os irmãos timorenses ofender uma política coletiva e
ficarmos inibidos a falar das nossas experiências e por isso é que vamos
marcar uma presença simples, muito pequena, e sempre com o pensamento
de que os guineenses precisam de refletir muito e nós podemos ajudar
nesse sentido", acrescentou.
A CPLP, organização a que Timor-Leste pertence, não reconhece as
autoridades transitórias da Guiné-Bissau, no poder desde abril de 2012
na sequência de um golpe de Estado.
A decisão das autoridades timorenses ocorre depois de o antigo
Presidente do país José Ramos-Horta ter sido nomeado representante do
secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau, país da África Ocidental e antiga colónia portuguesa,
tem vivido momentos de instabilidade cíclicos, o último dos quais em
abril de 2012.
A 12 de abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições
presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do
Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o
Presidente interino.
A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição,
apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em abril deste ano.
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