Cidade da Praia, 26 mar (Lusa) - O presidente de Cabo Verde afirmou hoje que é necessário estar "vigilante" à "moderna vaga de escravatura" no Mundo, fenómeno antigo que "de modo nenhum está ultrapassado".
Numa mensagem alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e do Comércio Transatlântico de Escravos, celebrado na segunda-feira, Jorge Carlos Fonseca salienta que o fenómeno continua uma realidade económica, social e humana.
"Tanto em África, como noutras paragens, é preciso estar vigilante, pois os contornos de uma moderna vaga de escravatura não são tão lineares como nos tempos que já lá vão. É preciso estar atento porque as relações de força de então continuam a ser reproduzidas partindo de outros pressupostos", alertou.
"É preciso ser solidário com aqueles de se veem privados dos seus direitos e sujeitos a regimes infames de servidão, para que ninguém seja forçado a dar mais do que a sua força de trabalho", frisou o chefe de Estado de Cabo Verde, país cuja História e própria formação, lembrou, está "estreitamente ligado à escravatura".
Jorge Carlos Fonseca realça que, segundo os dados das Nações Unidas, cerca de 2,5 milhões de pessoas, residentes em países pobres ou ricos, são anualmente vítimas do tráfico humano e das várias formas de exploração, trabalho forçado ou prostituição.
"A tarefa não é simples. Proliferam por esse mundo fora relações que não levam o rótulo de escravatura mas que exploram a mesma veia: a vulnerabilidade do semelhante e o descaso dos contemporâneos. Há gente confinada a trabalhar sem documentos, sem contrato, sem alojamento, sem salário e sem direitos", salientou.
"Há homens controlando outros, explorando-os até à exaustão e negando-lhes o direito a se organizarem para fazerem valer os seus direitos. Há homens, mulheres e crianças transportados em contentores metálicos sem ventilação, de continente a continente, para serem vendidos a outros homens, para quem terão de trabalhar para pagar os custos da viagem, sem direito a excussão, porque não têm documentos, não conhecem a língua do país de destino, não conhecem ninguém", acrescentou.
Para Jorge Carlos Fonseca, a melhor forma de homenagear a memória das vítimas da escravatura e do comércio transatlântico de escravos é contribuir para a luta contra a erradicação dos modernos esquemas de dominação do homem pelo homem, pelo desenvolvimento inclusivo e pela democratização da África.
"A História e a própria formação da Nação cabo-verdiana estão estreitamente ligadas à escravatura. Cabo Verde foi um importante entreposto de onde mulheres e homens capturados no continente africano e descamisados eram enviados para outras paragens, para as Américas ou constituíam a base da pirâmide escravocrata", lembrou.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, a cultura cabo-verdiana está "impregnada" pelas diversas formas de resistência contra o "modo ignóbil de relacionamento humano" protagonizado num regime colonial de longa duração".
"O sofrimento que o tráfico negreiro provocou aos africanos não tem paralelo na história da humanidade. Se é facto que a África, como outros continentes, conheceu a escravatura antes do tráfico, a dimensão que essa tragédia assumiu quando organizada à escala quase planetária não tem qualquer comparação com o processo anterior", disse.
"Refletir sobre o tráfico de escravos é uma forma de homenagear as vítimas desse negócio cruel, dessa tragédia humana, mas não deve, ao lado do colonialismo, servir de justificação ou desculpa para políticas atuais que não se estribem na liberdade, não favorecem a democratização e o desenvolvimento", avisou.
Numa mensagem alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e do Comércio Transatlântico de Escravos, celebrado na segunda-feira, Jorge Carlos Fonseca salienta que o fenómeno continua uma realidade económica, social e humana.
"Tanto em África, como noutras paragens, é preciso estar vigilante, pois os contornos de uma moderna vaga de escravatura não são tão lineares como nos tempos que já lá vão. É preciso estar atento porque as relações de força de então continuam a ser reproduzidas partindo de outros pressupostos", alertou.
"É preciso ser solidário com aqueles de se veem privados dos seus direitos e sujeitos a regimes infames de servidão, para que ninguém seja forçado a dar mais do que a sua força de trabalho", frisou o chefe de Estado de Cabo Verde, país cuja História e própria formação, lembrou, está "estreitamente ligado à escravatura".
Jorge Carlos Fonseca realça que, segundo os dados das Nações Unidas, cerca de 2,5 milhões de pessoas, residentes em países pobres ou ricos, são anualmente vítimas do tráfico humano e das várias formas de exploração, trabalho forçado ou prostituição.
"A tarefa não é simples. Proliferam por esse mundo fora relações que não levam o rótulo de escravatura mas que exploram a mesma veia: a vulnerabilidade do semelhante e o descaso dos contemporâneos. Há gente confinada a trabalhar sem documentos, sem contrato, sem alojamento, sem salário e sem direitos", salientou.
"Há homens controlando outros, explorando-os até à exaustão e negando-lhes o direito a se organizarem para fazerem valer os seus direitos. Há homens, mulheres e crianças transportados em contentores metálicos sem ventilação, de continente a continente, para serem vendidos a outros homens, para quem terão de trabalhar para pagar os custos da viagem, sem direito a excussão, porque não têm documentos, não conhecem a língua do país de destino, não conhecem ninguém", acrescentou.
Para Jorge Carlos Fonseca, a melhor forma de homenagear a memória das vítimas da escravatura e do comércio transatlântico de escravos é contribuir para a luta contra a erradicação dos modernos esquemas de dominação do homem pelo homem, pelo desenvolvimento inclusivo e pela democratização da África.
"A História e a própria formação da Nação cabo-verdiana estão estreitamente ligadas à escravatura. Cabo Verde foi um importante entreposto de onde mulheres e homens capturados no continente africano e descamisados eram enviados para outras paragens, para as Américas ou constituíam a base da pirâmide escravocrata", lembrou.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, a cultura cabo-verdiana está "impregnada" pelas diversas formas de resistência contra o "modo ignóbil de relacionamento humano" protagonizado num regime colonial de longa duração".
"O sofrimento que o tráfico negreiro provocou aos africanos não tem paralelo na história da humanidade. Se é facto que a África, como outros continentes, conheceu a escravatura antes do tráfico, a dimensão que essa tragédia assumiu quando organizada à escala quase planetária não tem qualquer comparação com o processo anterior", disse.
"Refletir sobre o tráfico de escravos é uma forma de homenagear as vítimas desse negócio cruel, dessa tragédia humana, mas não deve, ao lado do colonialismo, servir de justificação ou desculpa para políticas atuais que não se estribem na liberdade, não favorecem a democratização e o desenvolvimento", avisou.
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