O candidato à
presidência da Guiné-Bissau Paulo Gomes propõe "uma parceria de
co-prosperidade" com Portugal, relação que considera "potencialmente
muito mais dinâmica e rica" do que a que existe entre Lisboa e Luanda ou
Maputo.
Em entrevista à Lusa em
Lisboa, durante uma deslocação a Portugal para contactos com a diáspora
guineense, Paulo Gomes disse ter também agendados encontros com personalidades
dos vários partidos portugueses e também do setor privado para apresentar a sua
visão para o futuro do relacionamento bilateral.
"Eu acredito
fortemente que é possível iniciarmos uma parceria de co-prosperidade com
Portugal. (...) Acredito que nós somos a porta de entrada de Portugal em
África", afirmou o candidato.
Para o economista, que
foi quadro superior do Banco Mundial, uma parceria entre Bissau e Lisboa pode
levar para a África Ocidental "experiência e 'know-how'" que não
existe na região, nomeadamente em áreas como a construção, os serviços, o setor
agroalimentar, nos quais "Portugal tem um conhecimento muito fino e de boa
qualidade".
Para Portugal, uma
parceria com Bissau dá acesso ao mercado da África Ocidental, incluindo à
Nigéria, país que "será a primeira economia africana em 10 ou 15
anos", defendeu.
"É um mercado enorme
para nós, guineenses, mas também, no quadro dessa parceria de co-prosperidade,
pensamos que Portugal deve jogar um papel importante", considerou Paulo
Gomes, sublinhando, no entanto, que esta aproximação "não pode ser
improvisada, deve ser feita de forma inteligente".
As reuniões que manterá
com responsáveis portugueses visam por isso "recolher inspirações e ideias
que poderão ser muito úteis para o desenho dessa parceria de
co-prosperidade".
Questionado sobre as
relações entre Lisboa e outros países africanos de língua Portuguesa, como
Angola e Moçambique, o candidato afirmou que "Portugal está a ir ao mais
fácil e ao mais evidente, sobretudo guiado pelos recursos".
"Mas sabemos que a
transformação do mundo, de África, nos próximos 10 a 15 anos, não será motivada
essencialmente por recursos mineiros ou petrolíferos", disse.
Para Paulo Gomes, a
parceria entre Bissau e Lisboa deverá assentar em outros fatores, como o mar, o
ambiente e o turismo.
"Nós somos um país
oceânico, como Portugal, o [mar] em torno da Guiné-Bissau é um dos mais ricos
do mundo, (...) as nossas caraterísticas turísticas são únicas",
exemplificou.
O candidato recordou
que a Guiné-Bissau é um dos países do mundo com maior consciência ambiental:
"É um paradoxo, com o nosso Estado quase falhado, conseguirmos ter 20 e
tal por cento do nosso território como área protegida".
Admitindo que o facto
de Portugal estar mais próximo de Angola ou Moçambique do que da Guiné-Bissau
se possa dever à falta de iniciativa guineense, Paulo Gomes manifestou a
intenção de mudar esse "estado das coisas".
"Vamos pôr na
mesa, com Portugal, opções possíveis dessa parceria de co-prosperidade que é
potencialmente muito mais dinâmica e rica do que aquilo que pode existir com
outros países irmãos como Angola ou Moçambique", disse.
Gerida por um governo
de transição desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012, a Guiné-Bissau vai
a votos a 16 de março para eleger o presidente e o executivo.
Além de Paulo Gomes,
perfilam-se como candidatos à presidência o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes
Júnior, o ex-diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), Hélder Vaz, e o antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau Tcherno
Djaló.
//Noticias ao minutos
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