
Em
Buba, José Ramos-Horta foi recebido pelo governador, Mamadu Aliu Camara, que o
acompanhou juntamente com os administradores locais, as Forças Armadas, a
Guarda Nacional, a Polícia de Ordem Pública, a sociedade civil, régulos, Homens
Grandes (Conselho de Anciãos) e líderes religiosos.
Também
integraram a comitiva representantes da União Africana e de agências das Nações
Unidas como o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para
a Infância (UNICEF), o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), o
Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a par dos das unidades de Estado de Direito e Segurança
das Instituições (ROLSI) e Informação Pública Gabinete das Nações Unidas para a
Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS).
A
visita de dois dias, realizada no quadro do mandato do UNIOGBIS para a
restauração da ordem constitucional na Guiné-Bissau, partiu a 20 de Fevereiro
de Buba a caminho do sector de Fulacunda, onde José Ramos-Horta foi recebido
com as tradições da região.
«É
uma surpresa, pensei que esta seria apenas mais uma visita à região e nunca
esperei encontrar tão calorosas boas-vindas de milhares de pessoas. Fico muito
sensibilizado», referiu o Nobel da Paz, acrescentando que «a ONU está na
Guiné-Bissau para trabalhar no sentido de levar o país a sair da transição, com
um novo Parlamento, Governo e Presidente, ajudando o povo a sair da crise, em
paz, a caminho de um futuro de desenvolvimento».
O
Representante Especial do Secretário-geral da ONU fez uma paragem para visitar
uma escola na secção de Gã-Pará, acompanhado pelo representante do PAM para a
Guiné-Bissau, Ussama Osman.
Em
Fulacunda, Ramos-Horta deu os parabéns à população pelo esforço cívico que
culminou com a elevada percentagem alcançada no recenseamento eleitoral.
«A
ONU e a Comunidade Internacional não querem nem podem substituir os guineenses
e os seus líderes, estão presentes como amigos e parceiros para apoiar as
autoridades e o povo no regresso à ordem constitucional após dois anos de
incerteza, com um processo eleitoral que devolverá o país ao concerto das
nações», disse José Ramos-Horta.
«Os
guineenses têm pela frente desafios muito grandes para fazerem face à extrema
pobreza, mas devem ter esperança porque o país é rico, e confiar que haverá uma
nova fase, com tranquilidade, e esperança numa vida melhor. Depois das eleições
haverá uma conferência, com o novo Governo, para mobilizar recursos com os
apoios do Banco Africano de Desenvolvimento (ADB), a Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO), Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), a União Europeia (UE), a União Africana (UA), a ONU e países
amigos», revelou.
Em
Gampara, o cadi (juíz muçulmano), Mamadu Mané, afirmou que «No nosso tempo
nunca recebemos uma visita tão importante, a marcar um dia cheio de alegria
para a população camponesa desta tabanca isolada, onde só se chega depois de um
grande cansaço».
Na
localidade de Gamdjabela, o Representante Especial da ONU depositou uma coroa
de flores no mausoléu de Quemo Mané. Em Nova Cintra, José Ramos-Horta foi
recebido com tradições e um convite do Presidente do Conselho Nacional da
Juventude local, em nome da população de Bolama e Bijagós, para visitar a
região.
Com
a ordem constitucional restabelecida e o regresso da Guiné-Bissau ao concerto
das nações, José Ramos-Horta prometeu ajuda internacional para melhorar a
saúde, alimentação, educação, os transportes dos camponeses, a situação dos
militares e dos polícias, num processo liderado pelo Governo eleito que herdará
«uma tesouraria sem dinheiro, num quadro económico muito difícil».
«A
subnutrição é muito elevada no país e o futuro depende de crianças saudáveis,
sendo obrigação do Estado responder às aspirações do povo sofredor e tantas
vezes enganado», assinalou.
O
Nobel da Paz visitou Empada na sexta-feira, e foi constituído padrinho da
tabanca pelo administrador Romualdo Bubacar Candé, a quem se seguiram
intervenções dos Homens Grandes (Conselho de Anciãos) da terra.
Ouviu
queixas de que, por falta de estrada, se estragam os produtos agrícolas - com
destaque para o óleo de palma -, que não podem ser permutados com as outras
tabancas, nem escoados para o mercado da capital.
O
Governador da região pediu apoio para a reconstrução das estradas e prometeu a
dinamização de mercados semanais nas tabancas (lumu), visando libertar as
populações do isolamento.
À
partida, o Ramos-Horta prometeu regressar para observar os preparativos das
eleições e a participação dos partidos políticos, das autoridades civis,
militares e do povo, na tabanca de Empada, já com iluminação pública em postes
dotados de painéis solares, um projecto apoiado pelo UNIOGBIS.
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