sexta-feira, 4 de abril de 2014

Luto Nacional: Antigo Presidente guineense, Dr. Kumba Ialá morreu em Bissau

Originário do  povo Balanta (Binhã Braza), Kumba Yalá, o emblemático homem politico guineense, que morreu hoje em Bissau, candidatou-se à Presidência da República na Guiné-Bissau em todas as eleições desde 1994, foi eleito em 2000, mas deposto em 2003, por um golpe de Estado militar.

O ex-Presidente da Guiné-Bissau morreu hoje devido a doença cardíaca, disse à agência Lusa fonte próxima do ex-chefe de Estado, que adiantou que o corpo de Kumba Yalá se encontra em câmara ardente no Hospital Militar de Bissau.

Kumba Yalá, que fez 61 anos a 15 de março de 2014, renunciou à vida ativa política a 01 de janeiro deste ano, alegando "haver um tempo para tudo", e decidiu apoiar o candidato independente às presidenciais, Eng.º Nuno Gomes Nabian.

O fundador do Partido da Renovação Social (PRS) recorreu a várias citações da Bíblia para argumentar que chegara a hora de deixar o lugar a outros.

Durante o anúncio da sua saída da vida política ativa, de acordo com a Rádio França Internacional (RFI), Kumba Yala afirmou que partia "com a consciência tranquila" de quem "sempre lutou para uma vida melhor para os seus concidadãos".

Kumba Yalá citou o Rei Salomão, que alegara haver tempo para tudo na vida terrena. A sua decisão de deixar a vida política seria irrevogável.

Filho de agricultores, é natural de Bula, poucos quilómetros a norte de Bissau.

A sua imagem de marca era o barrete vermelho, que trazia sempre nas aparições públicas.

Nas eleições de 1994, como líder do Partido da Renovação Social, desafiou o então chefe de Estado, general João Bernardo "Nino" Vieira, mas saiu derrotado numa segunda volta renhecida.

Chegaria ao poder em 2000 com a proporção recorde de 72% dos votos, Kumba Yalá só ficaria na cadeira presidencial durante três anos, sendo destituído num golpe de Estado militar.

Candidatou-se novamente à Presidência da República nas eleições de 2005, em que foi o terceiro candidato mais votado. Não teve votos suficientes para disputar a segunda volta, mas foi decisivo para fazer eleger "Nino" Vieira, que disputou a segunda volta com Malam Bacai Sanhá.

"Nino" não terminou o mandato porque foi assassinado em casa, em Bissau, em março de 2009, obrigando o país a organizar eleições presidenciais antecipadas.

Desta vez, na segunda volta contra Malam Bacai Sanhá, Kumba Yalá foi derrotado nas urnas e exilou-se em Dacar (Senegal) e depois em Rabat (Marrocos).

Para trás ficava a sua filiação no PAIGC quando adolescente, a criação do PRS e os comícios que mobilizaram multidões.

Desportista, refugiou-se em Portugal para fugir ao serviço militar (ainda no tempo colonial). Fez o liceu em Loulé e em Lisboa e,  licenciou-se em Filosofia e Teologia em 1981. Formou-se ainda em ciência política em Berlim e, em 1987, chefiou uma delegação do PAIGC a Moscovo (ao 70.º aniversário da revolução de outubro).

Ainda segundo a sua biografia, em 1990 saiu do PAIGC e quatro anos depois foi eleito deputado já pelo PRS. Em 1995 concluiu a licenciatura em Direito, em Bissau. Era casado e tem  filhos.

No meio do seu percurso político, entre as corridas eleitorais, converteu-se ao islamismo, mas raras foram as vezes em que foi chamado pelo nome que adotou quando se converteu: Mohamed Yalá.

Simplesmente continuou a ser Kumba Yalá, ou Koumba Yalá Kobde Nhanca, mesmo nas camisolas usadas na campanha.

Ouvir Perfil do Dr. Koumba Yalá Kobde Nhanca   ou no wikipedia
Ouvir Presidente Dr. Kumba Yalá

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