Originário do povo Balanta (Binhã Braza), Kumba Yalá, o emblemático homem politico guineense, que morreu hoje em Bissau, candidatou-se à Presidência da
República na Guiné-Bissau em todas as eleições desde 1994, foi eleito em 2000,
mas deposto em 2003, por um golpe de Estado militar.
O ex-Presidente da Guiné-Bissau
morreu hoje devido a doença cardíaca, disse à agência Lusa fonte próxima do
ex-chefe de Estado, que adiantou que o corpo de Kumba Yalá se encontra em
câmara ardente no Hospital Militar de Bissau.
Kumba Yalá, que fez 61 anos a 15 de
março de 2014, renunciou à vida ativa política a 01 de janeiro deste ano,
alegando "haver um tempo para tudo", e decidiu apoiar o candidato
independente às presidenciais, Eng.º Nuno Gomes Nabian.
O fundador do Partido da Renovação
Social (PRS) recorreu a várias citações da Bíblia para argumentar que chegara a
hora de deixar o lugar a outros.
Durante o anúncio da sua saída da
vida política ativa, de acordo com a Rádio França Internacional (RFI), Kumba
Yala afirmou que partia "com a consciência tranquila" de quem
"sempre lutou para uma vida melhor para os seus concidadãos".
Kumba Yalá citou o Rei Salomão, que
alegara haver tempo para tudo na vida terrena. A sua decisão de deixar a vida
política seria irrevogável.
Filho de agricultores, é natural de
Bula, poucos quilómetros a norte de Bissau.
A sua imagem de marca era o barrete
vermelho, que trazia sempre nas aparições públicas.
Nas eleições de 1994, como líder do
Partido da Renovação Social, desafiou o então chefe de Estado, general João
Bernardo "Nino" Vieira, mas saiu derrotado numa segunda volta
renhecida.
Chegaria ao poder em 2000 com a proporção recorde de 72% dos votos, Kumba Yalá só ficaria na cadeira
presidencial durante três anos, sendo destituído num golpe de Estado militar.
Candidatou-se novamente à
Presidência da República nas eleições de 2005, em que foi o terceiro candidato
mais votado. Não teve votos suficientes para disputar a segunda volta, mas foi
decisivo para fazer eleger "Nino" Vieira, que
disputou a segunda volta com Malam Bacai Sanhá.
"Nino" não terminou o
mandato porque foi assassinado em casa, em Bissau, em março de 2009, obrigando
o país a organizar eleições presidenciais antecipadas.
Desta vez, na segunda volta contra
Malam Bacai Sanhá, Kumba Yalá foi derrotado nas urnas e exilou-se em Dacar
(Senegal) e depois em Rabat (Marrocos).
Para trás ficava a sua filiação no
PAIGC quando adolescente, a criação do PRS e os comícios que mobilizaram
multidões.
Desportista, refugiou-se em Portugal
para fugir ao serviço militar (ainda no tempo colonial). Fez o liceu em Loulé e
em Lisboa e, licenciou-se em Filosofia e
Teologia em 1981. Formou-se ainda em ciência política em Berlim e, em 1987,
chefiou uma delegação do PAIGC a Moscovo (ao 70.º aniversário da revolução de
outubro).
Ainda segundo a sua biografia, em
1990 saiu do PAIGC e quatro anos depois foi eleito deputado já pelo PRS. Em
1995 concluiu a licenciatura em Direito, em Bissau. Era casado e tem
filhos.
No meio do seu percurso político,
entre as corridas eleitorais, converteu-se ao islamismo, mas raras foram as
vezes em que foi chamado pelo nome que adotou quando se converteu: Mohamed
Yalá.
Simplesmente continuou a ser Kumba
Yalá, ou Koumba Yalá Kobde Nhanca, mesmo nas camisolas usadas na campanha.
Ouvir Perfil do Dr. Koumba Yalá Kobde Nhanca ou no wikipedia
Ouvir Presidente Dr. Kumba Yalá
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