Queremos, precisamos de um Presidente da República à margem de todos os conflitos partidários e de natureza militar. Um Presidente da República verdadeiro símbolo da Unidade Nacional e digno Comandante em Chefe das Forças Armadas, por atribuição constitucional, que defenda o interesse nacional, que promova o regresso de todos os guineenses à Pátria Mãe. Queremos um Presidente da República que seja referenciado pelo respeito que os seus concidadãos nutrem pelas suas capacidades humanas, profissionais e intelectuais e não um Presidente da República referenciado por ter muito dinheiro roubado ao próprio país, que se orgulha de ter o poder de mandar prender ou matar seus próprios concidadãos e que constitui um obstáculo ao regresso dos filhos da terra ao seu próprio país!
Tinha dito que não iria escrever sobre os candidatos
e sobre as candidaturas, mas não podia ficar indiferente perante a segunda vaga
dos documentos que li hoje através do blog Ditadura do Consenso. As minhas
desculpas por "quebrar" a promessa, mas o momento exige urgência no
esclarecimento de envolvimentos de contornos criminais quer por parte do
Supremo Tribunal de Justiça, quer do PAIGC e do seu candidato presidencial José
Mário Vaz!
A bem da transparência e tendo em conta os
superiores interesses da Guiné-Bissau bem como o respeito pelo povo guineense,
importa que haja um rápido e sustentado esclarecimento público de quem de
direito!
Estou triste, mas, obviamente, não constitui
surpresa para mim que as meias verdades sobre a imensa podridão que polui a
Guiné-Bissau, apenas sejam dadas a conhecer em função do oportunismo do momento
e das conveniências inerentes, ainda que, não de forma oficial, mas
aparentemente, através de "fugas de informação", que não têm nada a
ver com investigações jornalísticas, propriamente ditas, como se quer dar a
entender.
Estou triste, não por se confirmar por via
documental, independentemente de como foi obtido um processo que se tornou
habitual, o da delapidação do tesouro público guineense, a partir do sistema
típico (desvio de fundos) das várias governações que conhecemos ao longo de 40
anos de independência, mas sim, pela cumplicidade a todos os níveis, entre o
crime organizado e enraizado, por conseguinte, estabelecido no sistema do
dirigismo do Estado, ao mais alto nível e, pasme-se, entre dois dos órgãos de
soberania: O Governo e os Tribunais.
Como é possível que sejam permitidas candidaturas à
mais alta Magistratura da Nação, ou seja, ao cargo de Presidente da República
da Guiné-Bissau, de personalidades altamente suspeitas, com provas documentais
suficientes para uma apreciação detalhada e acção em conformidade, tendo em
conta acusações oriundas do próprio Ministério Público Guineense?!
Aquando das eleições antecipadas de 18 de Março 2012
só o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau não viu a
inconstitucionalidade da candidatura do, na altura, Primeiro-Ministro Carlos
Gomes Júnior que, sem ter sido exonerado do seu cargo, pois a vacatura
presidencial era interina e ao Presidente interino as competências são
limitadas em matéria de demissão do Primeiro-Ministro e consequentemente, do
governo, avançou como candidato, continuando a chefiar o governo, utilizando
verbas do Estado para a sua campanha; nomeando uma Primeira-Ministra
Substituta, que era a Directora da sua campanha...tudo isso, como se todos os
guineenses fossem simplesmente analfabetos ou ignorantes do que consta na
Constituição da República...
Mas como a palavra do Supremo Tribunal fala e falou
mais alto, do que adiantava contrariar, quando se deve "acreditar" na
Justiça, ainda que, uma Justiça Injusta...
Volvidos 2 anos, estamos de novo perante um claro
manifesto de incompetência judicial, isto, tendo em conta dados documentais
que, a meu ver, eram suficientes para que o Supremo Tribunal de Justiça
invalidasse a candidatura presidencial apresentada pelo PAIGC na pessoa do
ex-ministro das Finanças do Governo deposto a 12 de Abril de 2012
Mas como pode o Ministério Público, enquanto
advogado do Estado, desempenhar o seu papel, quando de investigação em
investigação, qualquer conclusão é catalogada de perseguição/cabala política etc.,
etc.,?
Será que os doze milhões de dólares doados por
Angola à Guiné-Bissau não devem ser questionados, como se tivessem sido doados
a fulano ou beltrano e não ao Estado da Guiné-Bissau?!
Será que a nova liderança do PAIGC desconhecia todo
este processo, ao ponto de nada ter feito para a indicação de um outro
candidato presidencial alheio a todas as suspeitas sobre este e outros casos,
escolhendo um outro nome que não o do ex-ministro das Finanças, acusado
criminalmente pelo Ministério Público guineense?!
Estou triste sim, por mais uma vez, milhares de
guineenses continuarem a ser enganados por uns e outros, sim, por uns e outros,
dentre os que sabem a verdade e usam-na por conveniência apenas e, outros que,
sendo parte da verdade, enquanto culpados/criminosos, insistem descaradamente,
no argumento de que, se outros até fizeram pior e nada lhes aconteceu,
certamente não será agora que a Justiça será feita na Guiné-Bissau...
Perante acusações de ordem criminal, documentadas,
sobre o candidato Presidencial do PAIGC José Mário Vaz, publicadas no blog ditaduradoconsenso que motivação terá o povo eleitor
perante a imoralidade de uma conjectura que a todos os títulos não abona a
favor do PAIGC obviamente, nem do seu candidato presidencial?!
Ou este assunto, da forma como foi partilhado
publicamente, nesta altura, ou seja a seis dias da realização da segunda volta
das eleições presidenciais que opõe precisamente o candidato do PAIGC José
Mário Vaz ao candidato independente Nuno Gomes Nabiam, não deve merecer
questionamento dos guineenses, mas tão somente a condescendência baseada no
argumento de perseguição/cabala?!
O PAIGC sejamos realistas, cometeu um erro
imperdoável, o de promover a candidatura de José Mário Vaz à Presidência da
República, sabendo do seu envolvimento no caso que mereceu a actuação do
Ministério Público guineense e, quando poderia arranjar tantas outras
alternativas internamente, ou, de consenso nacional, tendo em conta a
solicitação de apoio de um dos candidatos independentes, concretamente o Dr.
Paulo Gomes.
E o que poderá acontecer perante as evidências
criminais do candidato José Mário Vaz?
O que tem a dizer ou a reconsiderar o Supremo
Tribunal de Justiça perante factos postos na praça pública?!
O que tem a dizer o PAIGC sobre o alegado ou
"provado" envolvimento do seu candidato presidencial no escândalo que
é este caso?
O que tem a dizer o candidato José Mário Vaz ao seu
partido e aos seus eleitores, quando ele, melhor do que ninguém deveria saber
que, sendo acusado pelo Ministério Público do desvio de 12 milhões de dólares,
não devia ter avançado com a sua candidatura presidencial, por respeito aos
bons princípios e à Guiné-Bissau!
Nota: Os artigos assinados por amigos,
colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles
expressas.
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