Sua Excelência Senhor Presidente da RepúblicaSua Excelência Senhor Presidente da ANPExcelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal de JustiçaExcelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de ContasExcelentíssimo Senhor Chefe do Estado-Maior General das Forças ArmadasSenhores Ministros, Deputados, Membros das Forças de Defesa e de Segurança, Membros da Sociedade Civil,Suas Excelências Senhores Embaixadores, Membros do Corpo Diplomático e Consular, Representantes das Agências Internacionais,Excelências, minhas senhoras e meus senhores,
Hoje
é mais um dia importante na renovação da esperança do povo guineense! A
formação e empossamento do novo Governo constitucional, representa o início de
uma importante caminhada para a qual todos os guineenses estão convocados.
A
luta nos ensinou que com trabalho árduo e dedicação podemos mudar o rumo da
história. Por isso, ao iniciarmos este novo ciclo – devemos reavivar esses ensinamentos,
aceitar o sacrifício do conforto pessoal a favor do bem-estar de todos e
dedicar todo o nosso esforço em prol do bem-comum.
Excelências,
[Agradecimentos]
Quero,
em primeiro lugar, saudar as autoridades da transição, em especial o Presidente
Al Hadj Manuel Serifo Nhamadjo e o Primeiro-Ministro Rui Duarte Barros: tiveram
a difícil missão de orientar o poder político de volta à ordem constitucional
pelo que devem merecer a nossa consideração.
Nesta
ocasião especial, quero exprimir a minha sincera gratidão aos responsáveis dos
diferentes órgãos de soberania que se mantiveram em funcionamento assim como à
comunidade internacional, pela contribuição de todos no retorno à ordem
constitucional: tiveram um papel determinante na construção deste “final feliz”
ou pelo menos no renascer da esperança de todos, guineenses e parceiros
internacionais.
Uma
palavra especial de saudação e de reconhecimento do papel desempenhado pela
CEDEAO e pelos Chefes de Estado dos estados membros, a quem cabe um
agradecimento especial por terem suportado o peso da manutenção de uma força
efectiva profissional e exemplar na Guiné-Bissau, a ECOMIB.
Saudações
às Nações Unidas e às suas agências especializadas em geral, e em particular,
ao Representante Especial do Secretário-geral das Nações Unidas, Pres. José
Ramos-Horta, por terem consagrado uma atenção especial à Guiné-Bissau. Obrigado
pelo empenho e dedicação à nossa causa.
Saudações
à União Africana, à União Europeia, à CPLP, à UEMOA e à OIF, assim como a todos
os países e instituições parceiras da Guiné-Bissau da nossa cooperação
internacional, multilateral e bilateral.
Mas,
acima de tudo, quero agradecer ao povo da Guiné-Bissau, que demonstrou durante
todo o período de transição, o seu compromisso inabalável com a liberdade e a
democracia.
[O QUE PROPOMOS?]
Ambicionamos
ir o mais longe possível para podermos aproveitar todas as potencialidades do
país.
Queremos
assegurar antes de mais que o nosso desempenho será regido por um compromisso
com os princípios da legalidade, de vinculação ao bem comum, rejeitando
categoricamente a promoção pessoal ou qualquer benefício próprio, e agir em
prol do interesse público, sujeitado aos princípios da moral e ética no
exercício da nossa prática.
Assumimos
o compromisso de procurar de forma incessante a melhoria na qualidade da nossa
actuação e do serviço público prestado aos guineenses,
Por
isso lançamos o princípio da governação inclusiva para:
• Fomentar o debate alargado e a produção de consensos sobre os grandes problemas nacionais, com os demais partidos políticos e entidades da sociedade civil,• Construir soluções nacionais participadas ou concertadas,• Garantir a transparência e estabelecer prioridades claras e objectivas para que todos possam acompanhar e participar dos processos de transformação do nosso país.
Ambicionamos
construir uma governação que celebre os méritos e as conquistas mas, ao mesmo
tempo que repudie e combata sem reservas nem reticências, os desmandos, a
corrupção e a impunidade.
Convocamos
todos a participarem na transformação social desejada, todos os guineenses, no
país e também na Diáspora.
A
nossa missão é, construir uma nação unida, forte, desenvolvida e solidária.
[POLÍTICA EXTERNA]
Este
Governo vai por isso dedicar uma especial atenção à política externa. A
Guiné-Bissau tem projetado uma imagem negativa em resultado da instabilidade
institucional e ecos perturbadores sobre o tráfico de droga. Vamos dar
prioridade à credibilização do país no mundo, projetando uma imagem diferente e
mais justa do que é a Guiné-Bissau, com os seus problemas, é certo, mas com as
suas inúmeras forças e capacidades.
Queremos
promover em particular as boas relações com os países da região, dedicando
especial atenção ao fortalecimento da integração regional e sub-regional
(CEDEAO e UEMOA), no reforço da cooperação para a segurança regional. Com os
países e povos com quem partilhamos fronteiras terrestres, Senegal e República
da Guiné, mas também com a Gâmbia e os outros, iremos trabalhar para o reforço
da confiança e boa vizinhança.
Daremos
também prioridade ao restabelecimento de relações de confiança com os parceiros
internacionais, nomeadamente com as Nações Unidas, os países membros da CPLP,
da União Europeia e restante comunidade internacional.
A
presença das instituições financeiras internacionais, Banco Mundial, FMI, BAD e
BOAD dão-nos confiança de que – em conjunto — conseguiremos por em prática um
programa de relançamento socioeconómico e de investimento público.
Afirmamos
o nosso compromisso em utilizar de forma transparente, eficaz e eficiente o
apoio da comunidade internacional.
Esse
apoio é importante para podermos construir a vida que sonhámos para o nosso
povo - de dignidade, respeito e de bem-estar para todos.
Uma
gestão consistente das nossas relações internacionais será assim um passo
importante para levarmos a cabo a visão que definimos, e alcançar as nossas
prioridades políticas.
[PARCERIAS]
Iremos
pois precisar de todos. Dos nossos amigos, apoiantes e camaradas, mas também
dos nossos adversários e opositores.
Todos
serão necessários, sem distinções nem distracções e nem de obstáculos
inventados ou fictícios. Este convencimento levou-nos a esforços tremendos,
dentro e fora do nosso partido, a negociar entendimentos, tanto com o PRS,
principal força da oposição político partidária, como com as demais formações
políticas e mesmo com entidades da sociedade civil. Quisemos dotar o país de um
quadro governamental representativo da nossa heterogeneidade. Rogamos a
compreensão e tolerância dos que não partilham dessa visão e esperamos que
todos saibamos desenvolver um verdadeiro espírito de compromisso a favor da
Guiné-Bissau.
Temos
a perfeita consciência de assumimos hoje a governação do país num contexto
crítico e desafiante, pelo que o nosso primeiro e mais vibrante apelo é para
que «nos deixem governar e permitam que sejamos os únicos a fazê-lo».
Contamos
certamente com todos os demais órgãos da soberania, cada um na sua esfera da
outorgada competência. Desde logo de Vossa Excelência, Senhor Presidente da
República, primeiro magistrado da nação, garante da Constituição, e do regular
funcionamento das instituições democráticas e Comandante Supremo das Forças
Armadas; da Assembleia Nacional Popular, e dos deputados da Nação, legítimos
representantes do povo; dos tribunais, únicos com competência para administrar
a Justiça em nome do povo;
Mas
também da sociedade civil e de todas as formas de exercício da cidadania que
permitam aos guineenses mobilizarem-se e organizarem-se para contribuir,
acompanhar e controlar toda a ação pública e de governação.
O
povo espera de nós um elevado sentido patriótico e uma dedicação plena às
causas nacionais.
[CURTO PRAZO]
Nos
primeiros tempos, temos uma missão árdua mas concreta:
• atender aos atrasados internos mais prementes e,• assegurar a cobertura dos salários,• restabelecer o funcionamento das escolas e dos hospitais e• garantir o fornecimento de água e eletricidade,
Estes
objectivos são concretizáveis, mas terão de resultar da combinação da nossa
disciplina interna com o apoio dos parceiros internacionais e a criteriosa e
competente aplicação dos mecanismos de financiamento.
[MÉDIO, LONGO PRAZO]
Cumprida
essa missão, teremos então de conceber um sério programa de investimento de
médio prazo, capaz de projetar a economia guineense para outros patamares,
tanto em crescimento como em robustez e sustentabilidade.
Visamos
por desenvolver parcerias estratégicas especiais e fortes, com as instituições
financeiras tradicionais, assim como com outros, menos tradicionais, sempre no
mais pleno e integral envolvimento da nossa classe empresarial. Teremos de o
fazer na maior e melhor combinação da nossa iniciativa e criatividade com as
regras e procedimentos assentes nos princípios da transparência e prestação de
contas.
Neste
particular domínio faremos um combate sem tréguas a todas as formas de
corrupção, de uso indevido do erário e património públicos, de tráficos e de
crime.
Iremos
liderar pelo exemplo, razão pela qual solicitámos antecipadamente à Assembleia
Nacional Popular a ativação efetiva da Comissão de Ética e reitero aqui a minha
total e imediata disponibilidade para fazer a necessária declaração de bens, e
de compromisso e responsabilidade, bem como para me submeter ao escrutínio
sobre todos os elementos de interesse e, assim aferir, a minha condição moral e
ética para o exercício deste cargo.
Assim
nos manteremos no decurso de todo o cumprimento desta função e a isso terão de
se submeter e sujeitar, todos os que quiserem nos acompanhar nesta acção
governativa e noutras funções de natureza pública.
Sua Excelência, Senhor Presidente da RepúblicaSua Excelência Senhor Presidente da ANPSua Excelência Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça
O
nosso país precisa de ordem, de disciplina e de trabalho. De muito trabalho.
Precisamos por isso do vosso incondicional apoio, para incentivar e promover o
empenho e as melhores práticas produtivas.
Do
cartório de registo das actividades até à barra de regulação de eventuais
conflitos, passando pelas entidades prestadoras de serviços, sejam privadas ou
públicas, teremos de proteger e apoiar aqueles que querem trabalhar, acompanhar
os mais audazes e empreendedores.
Procuraremos
por isso tirar o máximo benefício das nossas vantagens comparativas e iremos
correr a "milha extra" para apoiar as famílias guineenses a
melhorarem as suas condições de vida e ocuparem a posição mais privilegiada do
circuito.
Não
aceitaremos contudo os falsos nacionalismos, movidos normalmente com a intenção
de travar a concorrência, promover direitos monopolistas ou meramente para
garantir interesses instalados.
Todavia,
se exigimos esforço e dedicação ao nosso Povo temos de lhe assegurar uma melhor
preparação para esse desempenho. É assim fundamental apostar na saúde e na
educação dos guineenses para que todos possamos contribuir efectiva e
eficazmente no desenvolvimento e progresso da Nação.
Sofremos
dos maiores índices de mortalidade infantil e materna. Quatro em cada dez
crianças não celebram o seu quinto aniversário; 8 em cada 1000 mulheres morre
durante o parto. É assim um imperativo desta nação, e consequentemente deste
governo, tudo fazer para assegurar a melhoria de prestação de cuidados de saúde
materno-infantil.
De
igual modo é urgente reforçar o programa de combate à malária, tuberculose e
VIH/SIDA, que têm efeitos devastadores na nossa sociedade. Para isso, a nossa
Diáspora qualificada no sector, será chamada a dar sua contribuição patriótica,
ao mesmo tempo que contamos com apoio dos países amigos e parceiros bilaterais
e multilaterais.
O
nível de analfabetismo é alarmante e tem potencial para obstruir os esforços de
desenvolvimento durável alicerçado num capital humano com talento, compromisso,
dignidade e orgulho. A nossa geração, fruto de uma combinação híbrida entre a
Escola das Zonas Libertadas, a Escola Colonial e a da nova administração
emergente, tem a obrigação de fazer da educação uma prioridade e um desígnio
nacional melhorando os índices de escolaridade.
Urge
acabar com os constantes confrontos entre o governo e a classe docente para
promover um ensino de qualidade, com rigor, orientado para o nosso contexto e
os desafios da globalização, que prepare os nossos jovens a lutarem pelo
desenvolvimento social e económico da Guiné-Bissau. Para isso, há que mobilizar
esforços para modernizar o nosso parque escolar, dignificar a classe docente,
mas também apelar ao seu espírito de dedicação e compromisso, e reformar o
currículo educativo e escolar, adequando-os aos objectivos e desígnios actuais.
Estaremos
também muito atentos ao respeito e observância dos direitos humanos
fundamentais.
Da
pequena infância à adolescência, na vida ativa e na Terceira idade, com
particular atenção à condição da mulher, precisamos criar ou ativar todas as
formas de proteção, cobertura e providência social.
Iremos
dedicar muita atenção à Juventude. O exemplo que a nossa juventude nos dá, em
termos da capacidade de adaptação, de inventividade e criatividade, num
contexto político socialmente marcado por contingências, tem estimulando a
emergência de iniciativas de produção de resiliências.
Agora
temos a responsabilidade de elaborar e implementar políticas públicas que
favoreçam o acesso a serviços sociais e a sua melhor entrada no mercado do
emprego, sua educação para a cidadania e voluntariado e mais confiança num
presente e futuro melhores.
Faremos
da Cultura e do Desporto as nossas bandeiras para, enquanto elos de união entre
todos os guineenses, promover o seu desenvolvimento para fortalecer a nossa
afirmação identitária e de sanidade física e mental.
Às
mulheres, verdadeiras firkidjas da sociedade guineense vão merecer a nossa
especial atenção, e assumimos o compromisso de aligeirar a carga laboral que
sustentam, através da melhoria da sua educação e a criação de oportunidades de
acesso ao mercado do trabalho e à renda, bem como projetar a sua emancipação política.
Os
próximos anos, serão pois então, anos de muito trabalho e de muitos
sacrifícios.
A
reforma e modernização das Forças Armadas e a devida reinserção social de parte
dos seus efetivos constitui hoje uma necessidade imperiosa para o qual
necessitamos contar com um consenso alargado dos guineenses e com o apoio de
toda a comunidade internacional, particularmente da CEDEAO e das Nações Unidas,
mas também da União Africana, União Europeia e da CPLP, assim como de todos os
parceiros bilaterais de cooperação.
Necessitamos
urgentemente criar condições de estabilidade e confiança para promover a coesão
e canalizar todas as energias, competências e capacidades para os domínios do
desenvolvimento: escolarização, cobertura sanitária, infraestruturação do país
e crescimento económico. Sublinho aqui a necessidade de dotar o país de
infraestruturas produtivas e de transportes por forma a melhorar
substancialmente os índices de competitividade e crescimento.
Para
isto será necessário, por um lado, promover uma verdadeira política de
descentralização que estimule o desenvolvimento socioeconómico local; e por
outro promover a desconcentração nos domínios administrativo e fiscal, dotando
hoje aos Responsáveis Regionais e logo também às entidades autárquicas com
recursos financeiros e humanos indispensáveis ao desempenho das suas funções.
[EXEMPLOS POSITIVOS]
Temos
também de dar continuidade a alguns exemplos positivos: a Guiné-Bissau já foi
uma referência regional na gestão de áreas protegidas. Consta que o nosso
modelo de gestão das áreas protegidas chegou a ser estudado como exemplo de
boas práticas na Sub-região e mesmo na Europa, enquanto um exemplo de como os
recursos endógenos podem servir de guia à formulação das nossas políticas de
sustentabilidade e desenvolvimento.
A
biodiversidade é a base da nossa segurança alimentar e o nosso desafio será
dotar as comunidades locais de competências para transformar de forma
inteligente e equilibrada esse ativo em bem-estar, ao mesmo tempo vamos
construindo a descentralização e a governação local.
Por
isso o nosso Governo vai considerar a dimensão ambiental em todos os programas
e projetos de desenvolvimento nacional, o que equivale a restaurar a nossa
seriedade e determinação e por cobro às práticas recentes de destruição massiva
das nossas florestas e demais recursos naturais.
Uma
palavra aos profissionais da Comunicação Social, para juntos lutarmos pela
liberdade da imprensa, promovermos a melhoria das condições do exercício e
acompanharmos com lealdade, responsabilidade e elevação as transformações que
se forem operando na nossa sociedade, ao mesmo tempo que ajudamos a projectar a
confiança num futuro positivo, de paz e desenvolvimento.
[CONCLUSÃO]
Respeitadas
estas premissas, os próximos serão finalmente os anos da Guiné Bissau, anos da
prosperidade comum. Tudo afinal depende de nós e está ao nosso alcance. Basta
assim querermos, estabelecer e cumprir as regras para esse efeito e darmos tudo
o que temos.
Da
minha parte, deixo aqui solenemente pronunciado, perante Vossas Excelências,
mas dirigindo-me a todo o povo guineense, no país e na Diáspora, aos nossos
vizinhos e irmãos e a todos os nossos parceiros nacionais e internacionais,
Este
é o meu compromisso de honra, determinação e responsabilidade: liderar com
lealdade e total empenho este esforço patriótico para a nossa ascensão à
convivência pacífica e ao bem-estar.
Conto
convosco, conto com a minha família e particular apoio da Paula, minha
companheira, da Denisa, do Barthold e do Júnior, meus filhos, dos meus irmãos e
sobrinhos, de toda a família.
Rogo
saúde para minha mãe Vitoriana, para poder continuar por mais anos a ter sua
bênção,
Conto
com todos os amigos e peço a graça de Deus.
Muito
Obrigado.
Que
Deus abençoe a Guiné-Bissau!
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