Excelências, Senhor Presidente da República da Guiné
Bissau, Dr. José Mário Vaz, Senhor Presidente da República Democrática de São
Tomé e Príncipe, Dr. Manuel Pinto da Costa,
Senhor Primeiro Ministro da República de Moçambique,
Dr. Alberto Clementino António Vaquina
Senhores Ministros,
Começo por agradecer ao Presidente da República de
Angola, Sua Excelência Senhor Eng.º José Eduardo dos Santos, pela forma
calorosa e fraterna como fomos acolhidos nesta tão bela e imponente Cidade de
Luanda.
A forma como Vossa Excelência prontamente aceitou
acolher em solo angolano esta Cimeira Constitutiva do Fórum dos Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa atesta o especial carinho e elevado grau
de empenho que tem reservado a esta família e ilustra bem a importância que
atribui a esta instância, no contexto regional e internacional.
Infelizmente, Cabo Verde, país-membro ao qual
competia albergar esta tão magna reunião, como seria realmente seu desejo,
viu-se a contragosto impossibilitado de o fazer.
Excelências,
Antes de mais, cabe-nos aqui recortar dois registos
importantes neste evento: o primeiro tem a ver com a viragem e uma nova
dinâmica que pretendemos imprimir à nossa organização e o outro, não menos
importante, deve-se à ilustre presença entre nós do novo Chefe de Estado da
Guiné-Bissau, Sua Excelência Senhor Dr. José Mário Vaz.
Em associação, queremos, outrossim, manifestar-lhe
uma vez mais a nossa efectiva e contínua disponibilidade, e em simultâneo,
desejar paz e prosperidade para o seu país e para os guineenses que bem o
merecem.
Neste novo contexto, saudamos ainda as medidas
tomadas pela União Africana com vista ao levantamento imediato das sanções
impostas à Guiné Bissau.
Excelências, minhas Senhoras e meus Senhores,
Ilustres convidados,
O sentimento de júbilo que experimento ao regressar
a Luanda, escassos meses depois de uma memorável visita de Estado que, pela via
do convite feito pelo Presidente José Eduardo dos Santos, cimentou as
excelentes relações entre os Povos cabo-verdiano e angolano; a satisfação que
tenho ao abraça, de novo o Presidente José Mário Vaz, poucos dias depois de ter
tido o privilégio de testemunhar a sua posse e o rosto de um oceano vasto de de
legítimas expectativas do Povo guineense; o gosto em reencontrar o amigo e
irmão Presidente Pinto da Costa e de receber notícias importantes de Moçambique
e do nosso irmão Presidente Guebuza, através do seu digno representante, o
Chefe do Governo moçambicano, muito além das importantes decisões que iremos
tomar, traduzem, do meu ponto de vista, a essência das nossas relações.
Elas são e devem continuar a ser políticas,
económicas, diplomáticas, como as de diversas outras organizações. Mas, o que
torna única esta Organização e lhe confere originalidade e singularidade é o
facto de, através de uma língua que nos é comum, nós, povos africanos, podermos
expressar e defender interesses, articular esforços, congregar energias, mas,
sobretudo, aprofundar e perenizar afectos.
Em Julho de 2012, em Maputo, assumimos o compromisso
de presidir à nossa Organização – PALOP - prosseguindo na senda do dinamismo
que o nosso antecessor, Sua Excelência o Senhor Presidente da República de
Moçambique, Armando Guebuza, imprimiu à mesma, durante o seu mandato,
procurando, também, adequar as nossas perspectivas à complexa realidade em que
nos encontramos inseridos.
Nessa óptica, será sempre de importância primeira e
essencial relembrar que este é um projecto comum, de enorme alcance e
significado político e diplomático, nascido no dealbar das independências dos
nossos cinco países e cujo propósito maior continua a ser o do reforço das
históricas e substanciais relações de cumplicidades forjadas durante os anos de
luta de libertação nacional.
Pelas razões assinaladas, as relações entre os
Estados membros do grupo dos PALOP, - cimentadas por valias de natureza
política, cultural, geográfica, linguística, histórica e identitária -, têm
conhecido impulsos e registados avanços que encorajam a prosseguir na linha do
reforço e consolidação desse espaço comum.
No entanto, temos também plena consciência de que a
organização, hoje já não responde completamente aos desafios da actualidade,
por falta de instrumentos mais ajustados ao novo cenário internacional, razão
por que estamos sendo interpelados a pensá-la em novos moldes que lhe confiram
mais vigor, sentido útil e alcance operacional.
Volvidos cerca de 40 anos sobre a sua criação, os
Chefes de Estado e de Governo dos PALOP, aqui reunidos, entendem celebrar uma
nova etapa para esta histórica Instituição, em obediência não só às mudanças
registadas na cena internacional, como, também, no seio das nossas próprias
sociedades. As grandes transformações ocorridas no plano internacional nos pós -
guerra fria suscitaram, não só a emergência de novos espaços de partilha,
integração e concertação, como reajustamentos ao nível dos que já existiam, na
mira de promover e fortalecer parcerias, em razão de proximidades e afinidades
que vão surgindo na esteira de novos segmentos de interesse.
A conversão da nossa organização em «Fórum PALOP»,
dotando-a, inclusivamente, de uma agenda de alcance operacional e estratégico
mais amplo, pode vir a revelar-se crucial em matéria de consultas políticas, de
concertação e formação de posições comuns, de interesse para as nossas Nações,
devendo nós recortar áreas como a económica, a financeira e a empresarial.
Para um Fórum PALOP mais robusto, coeso,
interveniente e eficaz, será necessário que os seus integrantes se revejam e se
realizem nas suas dimensões estratégicas e programáticas. Efectivamente, urge
mobilizar e consolidar vontades, para se chegar à vontade comum. E, para tanto,
o Fórum PALOP terá por missão prioritária a sensibilização num quadro de
garantia de utilidade, eficácia e ganhos, sejam eles materiais ou intangíveis.
A fim de evitar sobreposição ou colisão com outras
organizações, designadamente a CPLP, o Fórum PALOP deve, na fixação ou
redefinição de sua própria identidade e do seu âmbito funcional, coibir-se de
avançar em direcção a domínios que já estejam sendo abordados e tratados por
outros espaços, favorecendo os mesmos objectivos e destinatários.
Antes de concluir, permitam-nos manifestar o nosso
reconhecimento pelo enorme esforço consentido pelos Ministros dos Negócios
Estrangeiros ou de Relações Exteriores dos nossos respectivos países, para que
esta nossa Cimeira pudesse também ter aqui lugar, em tempo útil e com
resultados visíveis, na sequência da Cimeira da União Africana de Malabo e
antes da Cimeira da CPLP, prevista para Díli.
Apraz-nos ainda registar nesta data memorável, o
nascimento da nova estrutura dos PALOP que assim vê luz por via da assinatura
do Acto Constitutivo do FORPALOP».
O nosso reconhecimento vai, similarmente, para os
pontos focais, que trabalharam com enorme afinco na elaboração dos documentos.
Excelências,
A vontade política dos Chefes de Estado e de Governo
dos países membros em fazer avançar este projecto comum é já um factor
importante para a afirmação dos PALOP.
Mas a sua consolidação e a sua afirmação requerem
muito mais. Elas exigem:
- Manutenção e reforço da concertação político- diplomático regular por ocasião das grandes Conferências: ONU, União Africana e CPLP;
- Promover a dinamização da cooperação económica, financeira e empresarial dos PALOP;
- Incentivar a troca de experiências e promover a cooperação entre os diferentes sectores do Estado, dos privados e da sociedade civil;
- Organização de um Festival Cultural PALOP, para uma maior compreensão, aproximação e intercâmbio de culturas.
Estas são as acções que me incumbia trazer à
consideração de Vossas Excelências, as quais poderão ser analisadas,
desenvolvidas e efectivadas no decurso da Presidência do Fórum PALOP, depois da
sua instalação oficial.
Agradeço a Vossa paciente e amiga atenção.
Muito obrigado.
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