Em Angola, sete generais em conjunto com a Sociedade
Mineira do Cuango exigem uma indemnização de 1 milhão e 200 mil dólares ao
jornalista e ativista dos direitos humanos Rafael Marques, a quem acusam de
difamação.
O processo de difamação levantado por generais
angolanos contra o ativista dos direitos humanos Rafael Marques de Morais
parece estar longe do fim. Mesmo depois do caso ter sido arquivado em Portugal,
a trama contínua em Angola.
Rafael Marques de Morais esteve no Tribunal Provincial
de Luanda na manhã de terça-feira (19.08) para tomar conhecimento da acusação
pública.
Os generais acusam o jornalista de “denúncia
caluniosa”, baseando-se no arquivamento da queixa apresentada em 2011 por
Rafael Marques contra os agora queixosos.
Na altura, o defensor dos Direitos Humanos acusava
os generais de crimes contra a humanidade. Rafael Marques de Morais diz que
está pronto para ir a julgamento e qualifica a situação nos seguintes termos:
"Acho que isto é um circo e a melhor forma de tirarmos essa situação a
limpo é mesmo em tribunal."
O defensor dos direitos humanos aguarda com
expetativa pela ida ao tribunal: "Então estou a espera da marcação da data
do julgamento para que de uma vez por todas se esclareçam as posições de cada
um."
Para além do general Kopelipa, são queixosos os
generais Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, Adriano Makevela Mackenzie,
João Baptista de Matos, Armando da Cruz Neto, Luís Pereira Faceira e António
Emílio Faceira.
No livro "Diamantes de Sangue: Tortura e
Corrupção em Angola", o autor Rafael Marques de Morais denunciou, com base
em testemunhos reais, centenas de casos de tortura e homicídio praticados pela
empresa de segurança Teleservice, na província da Lunda-Norte.
Empresa esta que é detida pelos referidos generais
que também são sócios da Sociedade Mineira do Cuango, que explora diamantes na
bacia do Cuango.
No livro, o jornalista acusa os generais da violação
sistemática dos direitos humanos na bacia do Cuango, província da Lunda-Norte.
Os generais já tinham processado Rafael Marques em
Portugal. Mas o caso foi arquivado em fevereiro de 2013.
Os generais avançaram com a mesma queixa-crime em
Angola, mas o caso foi denunciado por organizações da sociedade civil que
alertaram para o facto de ser ilegal julgar a mesma pessoa em dois países pelo
mesmo crime.
É aí que os generais mudam o termo da acusação,
ainda que o teor seja o mesmo, passando-a de “difamação” para “denúncia
caluniosa”.
Rafael Marques não se intimida e faz novas
denúncias: "Esses generais são sócios do Estado angolano. Isso é um ato de
corrupção ativa e não podem, enquanto dirigentes com funções de Estado, ser ao
mesmo tempo sócios do Estado."
O ativista cita um exemplo de incompatibilidade:
"E são-no na Sociedade Mineira do Cuango em parceria com a Endiama. A
Procuradoria-Geral da República não investigou isso".
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