Habitantes das regiões do leste da Guiné-Bissau
estão preocupados com as "fragilidades de medidas" de prevenção do
vírus Ébola na zona onde acusam as autoridades de deixarem entrar pessoas
provenientes da Guiné-Conakry a troco do suborno.
A preocupação foi relatada nesta quarta-feira pelo
correspondente da Radiodifusão Nacional (RDN, emissora estatal) citando casos
de pessoas que entraram nos últimos dias na fronteira de Burumtuma, localidade
guineense situada a escassos metros da Guiné- Conakry.
"Um oficial militar que estava em serviço na
Guiné-Conakry violou a fronteira e entrou na Guiné-Bissau, em Burumtuma, onde
alugou uma viatura para Gabu, dando boleia a uma senhora, os dois mais o
motorista vieram até Gabu", contou o correspondente da RDN, Adulai Bobo
Cissé.
Segundo o jornalista, em Bafatá, numa outra cidade
do leste, populares estão a relatar situações de entrada de pessoas na
fronteira a troco do pagamento de dez mil francos CFA "de suborno"
aos guardas fronteiriços que as deixam passar, contrariando as orientações do Governo.
Confrontado com a situação pela Agência Lusa, o
director-geral da promoção e prevenção da Saúde Pública, Nicolau Almeida, disse
desconhecer os dois casos, mas lembrou ser da competência dos serviços de
segurança a vigilância do encerramento da fronteira decretada pelo Governo.
As duas pessoas e o oficial militar que viajaram de
Burumtuma até Gabú encontram-se em quarentena num espaço fora do hospital
regional, adiantou o jornalista Bobo Cissé. "Depois de uma comunicação das
Guardas Fronteiras em Burumtuma as três pessoas foram interpeladas pelas
autoridades em Gabu que as meteu em quarentena num espaço fora do hospital
regional de Gabu", disse o jornalista Cissé. A direcção diz não ter espaço
suficiente no hospital, adiantou ainda o jornalista.
Nicolau Almeida entende não ser grave o facto de as
pessoas terem sido colocadas numa casa desde que não tenha mais pessoas a viver
no mesmo espaço. Também esclareceu que não constitui perigo o facto de as
pessoa terem vindo de um país onde haja doença desde que não apresente sinais
de infecção com o vírus Ébola.
O jornalista da RDN assinala que os três indivíduos
não apresentaram sinais de infeção segundo foi informado pelos responsáveis da
Saúde. Os populares não concordam com a alegação do diretor-geral da promoção e
prevenção da Saúde Pública.
"Esta quarentena que não é quarentena é
preocupante. Do lado de trás da casa onde foram colocados há lá um mercado
improvisado de venda de cabras. Há 20 metros de distância há um local onde se
vende comida e bebida", relatou ao microfone de Bobo Cissé um popular de
Gabú. Um outro popular diz que a casa onde as três pessoas foram colocadas
"de quarentena" não tem água potável, não tem casa de banho e as
janelas dos quartos não têm vidros de isolamento.
Uma outra voz afirma que os indivíduos até recebem
visitas de familiares. "Estamos em pânico", acrescentou a mesma voz
que pede a intervenção do Governo central. "Noutras partes do mundo a
quarentena é feita em locais distantes de aglomerados populacionais, mas aqui
não é assim", diz um outro popular que conta ainda ser frequente ver
aquelas pessoas a tomarem warga (um chá)
E daí? os responsáveis pela guarda das fronteiras ainda estão soltos? porquê não podem ser presos e cumprir uma pena mínima de 10 anos de prisão por ter violado a lei e potencialmente pondo em risco a vida de milhares de pessoas?
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