A Liga Guineense dos Direitos Humanos criticou hoje
a atuação das forças de ordem contra a população do norte do país em regiões
palco de operações de recuperação de gado bovino, alegadamente roubado nos
últimos anos.
Em conferência de imprensa, Augusto Mário da Silva,
vice-presidente da Liga, acusou a polícia e elementos da Guarda Nacional de
violentarem a população de aldeias onde supostamente estariam animais roubados.
"A Policia invade aldeias às cinco da manhã,
contra todas as regras de busca, entrando em casas sem critério objetivo",
afirmou o dirigente da Liga, realçando que as operações decorrem sem mandado
judicial.
Para a Liga, a atuação das forças de ordem,
comandadas pelo Ministério da Administração Interna, "não é mais do que
populismo" tendo como objetivo "agradar um certo setor" da
sociedade guineense.
De acordo com o vice-presidente da Liga Guineense
dos Direitos Humanos, o delegado do Ministério Público na zona norte do país
"não é tido nem achado" nas operações de busca que a polícia tem
feito em aldeias como Ponta Pedra, Djolmet, Augusto Barros, Ponta Vicente,
entre outras.
Augusto Mário da Silva refutou as declarações do
porta-voz do Ministério da Administração Interna, Samuel Fernandes, segundo as
quais existe um mandado de busca e as pessoas detidas nas operações estariam a
ser conduzidas para a Justiça.
"As pessoas estão detidas há mais de uma semana
sem serem presentes ao Ministério Público, que, aliás, devia conduzir e ordenar
as buscas e não a polícia", defendeu Mário da Silva, notando que o
Ministério Público "está à margem" do processo.
Cinco elementos de diferentes aldeias onde a polícia
fez a apreensão de gado supostamente roubado assistiram à conferência de
imprensa e cada um explicou as peripécias que têm decorrido durante as
operações das forças de ordem.
Um aldeão contou que a polícia, acompanhada de
alegadas vítimas de roubo, mandou recuperar do seu curral um animal que teria
sido roubado em 1974.
"A polícia mandou retirar esse animal do meu
curral apenas por indicação do seu alegado dono", disse o aldeão.
Um outro aldeão afirmou que a sua loja, onde vende
alguns produtos e faz o recarregamento de telemóveis, foi saqueada.
Roubaram 250 mil francos CFA (cerca de 380 euros) e
30 telemóveis, disse.
Para a Liga Guineense dos Direitos Humanos, que fez
questão de notar não estar a defender o roubo e o furto, o que a polícia está a
fazer é vandalizar, saquear aldeias e apropriar-se de bens dos aldeões.
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.