Por, Fernando Casimiro (Didinho)
É uma falsa ou frágil estabilidade aquela
supostamente sustentada por uma visão de inclusão a nível da governação, com
atribuição de cargos a dirigentes de outros partidos (que deveriam estar na
oposição e não no Governo) que não por vontade própria do eleitorado, por um
lado, nem por vontade e estratégia do líder do Partido vencedor das eleições
legislativas, por outro.
Os consensos, os alegados consensos alcançados, transmitem
a ideia de se estar perante uma estrutura de governação suportada pela
conveniência e pelo imediatismo de interesses político-partidários, o que à
partida significa que estamos perante uma estabilidade a prazo, porquanto, não
promovida por nenhuma estratégia sustentável; por nenhuma estrutura
sustentável.
Sejamos honestos, para compreendermos que em
política, os partidos definem-se pelas suas ideologias e pelas ideologias se
revêem e se aproximam, quando a conveniência a isso obriga.
Não sei se podemos levar a sério esta definição, no
contexto político-partidário da Guiné-Bissau, mas creio que o PAIGC e o PRS
nada têm de comum nas suas linhas de orientação ideológica.
Mas porque razão a estabilidade, perante uma
"necessidade" de consensos "forçosamente" passada pela
inclusão governativa, não teve em conta a formação do Governo, por
personalidades independentes, isentas do apontar de dedos por isto ou aquilo;
isentas de calúnias e difamações, com base nas "folhas limpas" dos
seus percursos e das suas capacidades?
Seria melhor, a meu ver, que o Governo, sendo de
inclusão, fosse dirigido pelo candidato do Partido vencedor e que todos os seus
membros fossem personalidades independentes, apartidários, já que estamos a
lidar com consensos e inclusão...
A inclusão política, propriamente dita, que se
fizesse no Parlamento, a Assembleia Nacional Popular!
Por que razão os consensos promovidos em nome da
Estabilidade política, não passaram pela Inclusão de outros partidos na
Assembleia Nacional Popular, em detrimento da maioria do PAIGC?
Já que estamos a falar de consensos pós-eleitorais,
também não ficaria mal que todos os Partidos políticos concorrentes, tivessem,
pelo menos 1 deputado, mesmo que não houvesse votos para tal, pois de consensos
em nome da estabilidade se está a falar.
Pelos vistos a Inclusão não foi feita a nível da
Assembleia Nacional Popular, precisamente porque não se pode fazer isso, mas
foi imposta ao Governo...
O povo eleitor votou, os números obtidos são o
reflexo e o garante da vontade popular, de que inclusão temos vindo a falar; de
que Estabilidade temos vindo a falar...?!
Precisamente porque não se pode fazer isso. O povo
eleitor votou, os números obtidos são o reflexo e o garante da vontade popular.
Fui sempre (e estarei sempre) contra consensos na
formação de Governos, quando há um Partido vencedor com maioria absoluta a
quem, por direito, compete escolher quem quiser, sem nenhuma imposição, para
fazer parte do seu Governo.
Quando as conveniências passarem a ser
inconveniências (aliás, já começaram a ser) lá teremos novos períodos de
instabilidade política, porquanto, a oposição que hoje deixou de ser oposição,
para ser conivente e "cúmplice" com uma governação de aparências,
estando "por dentro" da governação a que não tinha direito de estar,
não perderá nenhuma oportunidade para "arrasar" um Governo, do qual
fez parte...
O Primeiro-ministro Eng.º Domingos Simões Pereira
não tem tarefa fácil pela frente, depois de há dias ter dado a conhecer,
publicamente, que fará uma remodelação governamental oportunamente.
Se essa remodelação visa acertar o passo, ou melhor
dizendo, corrigir o erro da inclusão governativa, importa questionar, que consequência
terá para a estabilidade da Guiné-Bissau.
Importa igualmente questionar as razões e motivações
que levaram o Primeiro-ministro a fazer declarações inoportunas sobre um
assunto delicado, face ao momento de ansiedade, de expectativa, tendo em conta
a preparação e realização da Mesa Redonda com países doadores e parceiros da
Guiné-Bissau.
Nota: Os artigos assinados por amigos,
colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles
expressas.
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