Líder da antiga guerrilha disse que recorrerá à lei
para contestar resultados das eleições. Dados preliminares apontam para vitória
menos expressiva do que em 2009 da Frelimo e do seu candidato presidencial.
O líder da Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana), Afonso Dhlakama, disse que vai contestar as eleições gerais de
quarta-feira, que considera “injustas” e marcadas por fraudes, mas promete que
“não haverá mais guerra”. “Posso garantir que não haverá mais guerra em Moçambique”,
disse à Reuters.
A declaração é particularmente importante devido ao
passado recente do país, onde há apenas mês e meio foi assinado um acordo para
acabar com 17 meses de guerra não declarada. A sucessão de ataques ameaçava
fazer regressar o país à situação de conflito generalizado que, entre 1976 e
1992, custou a vida a um milhão de vidas.
A contagem parcial de votos aponta para a manutenção
no poder da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), com maioria absoluta
– ainda que menos expressiva do que na anterior legislatura – e para a eleição,
à primeira volta, do seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.
Dhlakama, a quem o escrutínio provisório atribui o
segundo lugar nas presidenciais, disse que “as pessoas precisam entender que as
eleições não foram livres, justas e transparentes”. O líder do principal
partido da oposição, antiga guerrilha, acrescentou que a Renamo recorrerá à lei
eleitoral para contestar o processo.
Na quinta-feira, queixando-se de irregularidades, o
porta-voz do partido, António Muchanga, anunciou que o partido não aceita o
resultado das eleições e reivindicou a vitória. “Pelos dados recolhidos no
terreno podemos afirmar categoricamente que vencemos as eleições, mas atenção,
para a Renamo não é uma questão de vencer, é sim uma questão de justeza e
transparência" disse.
O MDM (Movimento Democrático de Moçambique),
terceiro principal partido, também denunciou irregularidades que incluiriam
desaparecimento de cadernos eleitorais, “enchimento” de urnas com boletins
previamente preenchidos, duplas votações ou intimidação de eleitores. “Nenhum
cidadão consciente do mundo poderá afirmar que as eleições moçambicanas foram
livres e justas ou ignorar os inúmeros relatos de irregularidades e práticas de
fraude ”, disse o líder e candidato presidencial Daviz Simango.
Observadores
relativizam
Mas as missões internacionais de observadores têm
opinião diferente e consideram que as eleições foram credíveis, apesar de
vários incidentes – incluindo um que provocou a morte de um jovem de 15 anos,
na Ilha de Moçambique.
“Temos um universo de 17 mil mesas de votos. É
preciso saber em quantas mesas de votos é que houve distúrbios, ou uma situação
que pudesse perturbar o livre exercício dos direitos dos cidadãos”, disse,
citado pela Lusa, o chefe da missão da CPLP-Comunidade de Países de Língua
Portuguesa, Pedro Pires, antigo Presidente de Cabo Verde. “Do nosso ponto de
vista, o número de casos é extremamente reduzido. E se nós compararmos o número
de casos com o número de mesas de votos, havemos de chegar à conclusão que é
inexpressivo”, acrescentou.
A União Africana considerou o escrutínio
“globalmente pacífico e livre” e a missão da SADC- Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral também concluiu que as eleições foram
“geralmente pacíficas, transparentes, livres, honestas e credíveis”. A chefe da
missão desta organização, a ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros,
Maite Nkoana-Mashabane, apelou aos partidos para “utilizarem todos os
procedimentos legais” para contestarem o que consideram ter corrido mal.
Logo na quinta-feira, a responsável dos observadores
da União Europeia, Judith Sargentini, disse que a consulta correu globalmente
bem. “Notámos algumas irregularidades, mas diria que, no conjunto, até ao
momento do encerramento [das urnas], correu bem.”
Confortado pelas declarações, o porta-voz da
Frelimo, Damião José, declarou que os observadores internacionais “estarão em
condições de dizer se o que a Renamo diz é verdade ou não”.
Dados divulgados esta sexta-feira pelo Secretariado
Técnico de Administração Eleitoral indicam que quando estavam contados os
boletins de um terço das mais de 17 mil mesas de voto, Nyusi tinha 61,67 %,
seguido de Dhlakama, 30,89 %, e Daviz Simango,7,44 %.
Projecções divulgadas na quinta-feira pelo
Observatório Eleitoral, que reúne entidades da sociedade civil, indicam que
Nyusi será eleito com 60,5%. Os seus adversários teriam, respectivamente, 32% e
7,5%. Nas legislativas, a estimativa é de 58% para a Frelimo, 29,5% para a
Renamo e 10,4% para o MDM, de Simango.
//Publico
Nada verdade estes tipos de problemas que CPLP, deve preocupar com ele mais andam apoiar CADOGO com todo o mal que tem feio ao nosso pais e enganar o povo com salario que todos nós sabemos obrigatorio.
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