no Odemocrata hoje
A especulação na esfera pública nacional sobre
a morte do Presidente da República José Mário Vaz (JOMAV) que deslocara, a
cidade invicta para um controle sanitário de rotina é uma prova inqualificável
da destruição da gramática da Comunicação na administração pública nacional. O
que, para qualquer estudioso de ciência de Comunicação, esvazia o conceito
“Meter Mão na Lama” do seu real significado e significante social, não obstante
este conceito economicista e jomavista esteja ainda em construção na sociedade
guineense.
A especulação em como o Presidente da República
tinha perdido a vida meses depois de ter sido eleito massivamente pelo povo da
Guiné-Bissau, confirmou aquilo que temos vindo alertar ao governo de Domingos
Simões Pereira que o nosso país necessita e urgente de uma estratégia nacional
de Comunicação para o Desenvolvimento, para que evitemos de uma vez por toda de
amadorismo e de vanguardismo na comunicação na administração pública nacional.
A especulação reina no nosso país por causa da ausência de uma verdadeira
estratégia de comunicação.
O governo tem vindo a ignorar este subsídio
essencial da reforma e da modernização da nossa função pública. Aliás, as
assessorias de Comunicação na nossa administração pública não sabem o que é?
Como, por quem é feita e a serviço de quem é feita? Por exemplo, a forma como o
Presidente da República saiu do país para o seu controle médico de rotina foi
mal comunicada na nossa esfera pública, provocando especulações infundadas e
inuteis da sua morte.
Na tentativa de corrigir a ausência de
comunicação pública do JOMAV, os seus assessores resolveram o levar a baixa
pombalina, em Lisboa, para o exibir como um troféu e provar que não estava
doente. Na verdade, a sua saída do país, ocorreu numa noite, através de um
avião emprestado por um amigo sem nenhuma comunicação pública plausível da
assessoria da Presidência da República, facto que causou preocupação legítima
dos guineenses.
Eleito à magistratura suprema, JOMAV é hoje
Presidente de todos nós guineenses. Por isso, o seu estado de saúde deve
preocupar a todos guineenses sem que isso seja interpretado como um alarme.
A assessoria de comunicação da Presidência da
República deve reconhecer que “meteu mal a mão na lama”, porque não soube
comunicar devidamente para evitar a tempestade da especulação e de rumores. Se
a assessoria da Presidência tivesse comunicado naquela noite que JOMAV partiu
para a cidade invicta em visita privada durante a qual teria encontro com seu
médico, matava por completo qualquer espécie de especulação sobre o seu estado
de saúde. Como não aconteceu, os cidadãos guineenses que assistiram a viagem
noturna do Chefe de Estado, assumiram, a sua maneira, o papel de comunicar à
Nação, do estado de saúde do JOMAV.
Tal como no governo, a Presidência da República
revelou também não ter um verdadeiro porta-voz nem sabe muito bem como lidar
com o assunto relacionado com a comunicação da imagem de Chefe de Estado.
Porque não era necessário levar JOMAV a Rossio, em Lisboa, para provar que não
estava doente. Nós, os guineenses acreditávamos mais se fosse o porta-voz da
Presidência da República que nos comunicasse de estado de saúde do Chefe de
Estado. Ver a sua imagem em Rossio não passa de uma iniciativa improvisada e
norteada de doce de amadorismo.
A comunicação na administração pública nacional
para ser bem-sucedida necessita de se apoiar em profissionais competentes e
aptos a se mover com eficácia na actual sociedade de dispositivos tecnológicos
da mediação simbólica da verdade na esfera pública nacional. Para evitar a
especulação, como aquela que aconteceu com o nosso Chefe de Estado, é
necessário que a comunicação seja eficaz, e para isso é preciso uma estratégia
que também é fruto de profissionalismo.
É necessário e urgente que o governo de
Domingos Simões Pereira adote a nossa Administração Pública de assessores da
Comunicação com uma cultura moderna de saber comunicional que os permitam aliar
na produção da sua comunicação a perspectiva politica, compromisso
institucional e qualificação técnica, porque sem estes três componentes
dificilmente os nossos assessores cumprirão a sua missão de comunicar as
políticas do governo.
O que esvazia o programa governo do seu real
valor anunciado e leva o público nacional a pensar que toda acção do governo
não passa de um “Show Man” para o inglês ver. Assim sendo, o cidadão eleitor
nacional não acreditará no mapa rodoviário do governo onde estão
consubstanciados todos os caminhos necessários para restabelecer a ordem
constitucional e consequentemente conduzir o nosso país a um desenvolvimento
económico e social.
Subscrevo-me integralmente esse seu artigo, caro irmao, Ha que se fazer um trabalho de comunicacao para evitar situacoes dessas e contribuir para uma mudanca de mentalidade. Deus abencoe a Guine-Bissau!
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