quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A especulação na esfera pública nacional sobre a morte do Presidente da República José Mário Vaz” e ausência de estratégia de comunicação pública


Editorial de Dr. António Nhaga
no Odemocrata hoje

A especulação na esfera pública nacional sobre a morte do Presidente da República José Mário Vaz (JOMAV) que deslocara, a cidade invicta para um controle sanitário de rotina é uma prova inqualificável da destruição da gramática da Comunicação na administração pública nacional. O que, para qualquer estudioso de ciência de Comunicação, esvazia o conceito “Meter Mão na Lama” do seu real significado e significante social, não obstante este conceito economicista e jomavista esteja ainda em construção na sociedade guineense.

A especulação em como o Presidente da República tinha perdido a vida meses depois de ter sido eleito massivamente pelo povo da Guiné-Bissau, confirmou aquilo que temos vindo alertar ao governo de Domingos Simões Pereira que o nosso país necessita e urgente de uma estratégia nacional de Comunicação para o Desenvolvimento, para que evitemos de uma vez por toda de amadorismo e de vanguardismo na comunicação na administração pública nacional. A especulação reina no nosso país por causa da ausência de uma verdadeira estratégia de comunicação.

O governo tem vindo a ignorar este subsídio essencial da reforma e da modernização da nossa função pública. Aliás, as assessorias de Comunicação na nossa administração pública não sabem o que é? Como, por quem é feita e a serviço de quem é feita? Por exemplo, a forma como o Presidente da República saiu do país para o seu controle médico de rotina foi mal comunicada na nossa esfera pública, provocando especulações infundadas e inuteis da sua morte.

Na tentativa de corrigir a ausência de comunicação pública do JOMAV, os seus assessores resolveram o levar a baixa pombalina, em Lisboa, para o exibir como um troféu e provar que não estava doente. Na verdade, a sua saída do país, ocorreu numa noite, através de um avião emprestado por um amigo sem nenhuma comunicação pública plausível da assessoria da Presidência da República, facto que causou preocupação legítima dos guineenses.

Eleito à magistratura suprema, JOMAV é hoje Presidente de todos nós guineenses. Por isso, o seu estado de saúde deve preocupar a todos guineenses sem que isso seja interpretado como um alarme.

A assessoria de comunicação da Presidência da República deve reconhecer que “meteu mal a mão na lama”, porque não soube comunicar devidamente para evitar a tempestade da especulação e de rumores. Se a assessoria da Presidência tivesse comunicado naquela noite que JOMAV partiu para a cidade invicta em visita privada durante a qual teria encontro com seu médico, matava por completo qualquer espécie de especulação sobre o seu estado de saúde. Como não aconteceu, os cidadãos guineenses que assistiram a viagem noturna do Chefe de Estado, assumiram, a sua maneira, o papel de comunicar à Nação, do estado de saúde do JOMAV.

Tal como no governo, a Presidência da República revelou também não ter um verdadeiro porta-voz nem sabe muito bem como lidar com o assunto relacionado com a comunicação da imagem de Chefe de Estado. Porque não era necessário levar JOMAV a Rossio, em Lisboa, para provar que não estava doente. Nós, os guineenses acreditávamos mais se fosse o porta-voz da Presidência da República que nos comunicasse de estado de saúde do Chefe de Estado. Ver a sua imagem em Rossio não passa de uma iniciativa improvisada e norteada de doce de amadorismo.

A comunicação na administração pública nacional para ser bem-sucedida necessita de se apoiar em profissionais competentes e aptos a se mover com eficácia na actual sociedade de dispositivos tecnológicos da mediação simbólica da verdade na esfera pública nacional. Para evitar a especulação, como aquela que aconteceu com o nosso Chefe de Estado, é necessário que a comunicação seja eficaz, e para isso é preciso uma estratégia que também é fruto de profissionalismo.

É necessário e urgente que o governo de Domingos Simões Pereira adote a nossa Administração Pública de assessores da Comunicação com uma cultura moderna de saber comunicional que os permitam aliar na produção da sua comunicação a perspectiva politica, compromisso institucional e qualificação técnica, porque sem estes três componentes dificilmente os nossos assessores cumprirão a sua missão de comunicar as políticas do governo.

O que esvazia o programa governo do seu real valor anunciado e leva o público nacional a pensar que toda acção do governo não passa de um “Show Man” para o inglês ver. Assim sendo, o cidadão eleitor nacional não acreditará no mapa rodoviário do governo onde estão consubstanciados todos os caminhos necessários para restabelecer a ordem constitucional e consequentemente conduzir o nosso país a um desenvolvimento económico e social.

1 comentário :

  1. Subscrevo-me integralmente esse seu artigo, caro irmao, Ha que se fazer um trabalho de comunicacao para evitar situacoes dessas e contribuir para uma mudanca de mentalidade. Deus abencoe a Guine-Bissau!

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COMENTÁRIOS
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