
Numa reunião do Conselho de Segurança, o responsável
defendeu que o país está "numa fase crítica, em que não se pode conformar
com o `status quo`, sob pena de perder todos os ganhos conquistados para a
democracia."
Miguel Trovoada disse que a Missão de Avaliação
Estratégica das Nações Unidas, pedida pelo secretário-geral, terminou a 14 de
novembro e que o relatório deverá ser divulgado em janeiro, antes da mesa
redonda com parceiros internacionais que o país realizará no início do ano e
cujos resultados provisórios considerou "animadores".
"O processo de transformação e democratização
em curso na Guiné-Bissau está na boa direção, mas o caminho pela frente ainda é
longo. Os recursos que o país tem são extremamente limitados e por vezes
aleatórios", disse, defendendo que "não é o momento de a comunidade
internacional se desligar, muito pelo contrário."
O atual mandato do Gabinete Integrado das Nações
Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) termina a 30 de
novembro. O Conselho de Segurança deve decidir até fevereiro sobre um novo
mandato.
"É importante garantir que os progressos
realizados se solidifiquem e não são desgastados pela corrupção, utilização do
país como ponto de trânsito para o tráfico de drogas ou como base do crime
organizado", alertou Miguel Trovoada.
Trovoada disse também que, apesar de ter sido
formado um novo governo inclusivo, "as diferenças entre os partidos
políticos e as divisões internas dentro deles permanecem", bem como outros
problemas.
"O clima de desconfiança entre civis e
militares persiste", disse, considerando "absolutamente
necessária" a reforma no setor da defesa e da segurança.
Trovoada defendeu que a mudança deve ser
"global, inclusiva e pragmática a fim de alcançar uma solução técnica e
economicamente viável."
O representante referiu ainda as desigualdades
económicas existentes, descrevendo um país em que "um punhado de gente tem
muito e a grande maioria não tem suficiente."
"As infraestruturas necessárias ao
desenvolvimento da agricultura e à exploração de recursos naturais são quase
inexistentes, o mesmo acontecendo na saúde, educação, água, eletricidade,
transportes e comunicações, para citar algumas áreas", disse.
Também esta terça-feira, Trovoada participou na
reunião de alto nível do Grupo Internacional de Contacto sobre a Guiné-Bissau
(GIC-GB).
//Lusa
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