Os restos mortais do escritor e poeta,
Félix António Siga, foram a enterar esta quarta-feira, 22 de Julho, no
Cemitério Municipal de Bissau. A urna funerária do poeta que faleceu em Lisboa
(Portugal), vítima da doença prolongada no dia nove do mês em curso, passou
pela Direção-Geral da Cultura, onde foi rendida uma homenagem na presença do
Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira, membros do Governo, familiares,
amigos, académicos, escritores e conhecidos.
Após a cerimónia de homenagem realizada
na casa da cultura, o cortejo fúnebre seguiu depois em direção ao Cemitério
Municipal de Bissau. A cerimónia de homenagem iniciou quando eram nove horas
quarenta e sete minutos com récitas de poesias por diferentes escritores e
poetas aclamando o sentimento e o trabalho deixado pelo malogrado Félix Siga.
O Secretário de Estado da Juventude,
Cultura e Desportos, Tomás Gomes Barbosa, num discurso poético disse “Guiné dos
guineenses, deixaste ser arrancada uma das raízes do seu tronco, as escuras, a
voz do poeta se silenciou, trazendo as amarguras e lágrimas nos olhos daqueles
que sofrem, dos que vão chorando enquanto Deus lhes alimenta vida como queria
viver na altura, no altar consumindo astúcias dum povo humilde e sofredor”.
O governante acrescentou ainda que os poetas
e escritores devem gritar e cantar porque “os mortos não são para serem
chorados”.
“Estamos tristes Félix e estamos tristes
Siga, mas com orgulho por fazer parte da história do povo do Amílcar Cabral que
vive e anima o quotidiano! Irmão para sempre viverá cada criança, veterano,
jovem, homem ou mulher com a esperança de um dia regressar à casa onde vai ser
enterrado para que a sua alma descanse em paz”, aclama.
Em nome dos familiares, Domingos António
Siga, o irmão mais velho agradeceu o governo pelo apoio dado no tratamento e na
transladação do corpo de Lisboa para Bissau como era desejo de todos, prestar a
homenagem ao malogrado na sua terra e perante todos membros da família, amigos
e conhecidos.
De referir que o escritor e poeta, Félix
do pelegré e António Siga, participou em várias obras publicadas e o seu
primeiro livro de poema é intitulado “O Arqueólogo da Calçada”.
BIOGRAFIA
António Félix Siga nasceu a 16 de Maio
de 1954 em Bissorã – Oio. Era solteiro, pai de dois filhos. Muito pouco se sabe
dos seus pais. Era escritor, poeta e Ensaísta. Para muitos era um dos expoentes
máximos da literatura guineense. Iniciou os estudos primários na Escola
Missionária de São José, Circunscrição do Concelho de Bissorã em 1968, cinco
anos depois do início da luta de libertação nacional.
Em 1974 conclui os estudos preparatórios
pela Escola Marechal Carmona, em Bissau. Mais tarde, em 1991 faz curso
complementar no Liceu Nacional Francis Kwame N’Krumah, em Bissau. De 1984-1991-
Consegue Licenciatura em Ciências Políticas e Sociais pelo Instituto “Ernst na
Thälmann” da Escola Superior Karl Marx em Berlim – Alemanha.
Projeto de Estudo de Sociedades Agrárias
da Guiné-Bissau, subordinado ao Instituto de Sociologia da Universidade de
Muschter, da Alemanha e colaboradora do INEP – Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisa da Guiné-Bissau.
O Malogrado adquiriu também uma longa
experiência política enquanto militante do Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo-Verde, tendo passado por várias estruturas juvenis e outros órgãos
relevantes do partido. Activista da Liga dos Direitos Humanos e membro da UNAE
(União Nacional de Artistas e Escritores da Guiné-Bissau.
Membro de Associação dos Escritores
Guineenses; Professor do ensino básico na década 70, jornalista pelos jornais
Expresso Bissau e Jornal Nô Pintcha. Administrador, Panificador, Produtor e
Apresentador de Programas da Radiodifusão Nacional e do Gabinete Nacional de
Comunicação Social e da Formação Multimédia financiado pelo UNICEF.
De 1994/1996 desempenha as funções do
Director dos Serviços de Cultura do Ministério da Juventude, Cultura e
Desportos. Enquanto escritor, António Félix Siga era Desenhador Artístico e
Grafista pelo computador. Em 1990 Integra o esteio da geração Consagrada da
Lusofonia.
No campo de publicações e participações,
o defunto escritor guineense participa em 1990 na Antologia Poética da
Guiné-Bissau, co-editada pela UNAE e o Instituto Camões. Um ano mais tarde, em
1991 é contemplado na Antologia Poética “O Eco do Pranto” – a criança na
moderna poesia guineense, co-editada pela UNAE e o UNICEF.
O escritor tem poemas e poemetos em
manuais de português de escolas e liceus do país. É autor de “Arqueólogo da
Calçada” (primeiro livro de poesia) financiado pela União Europeia e editado
pelo INEP publicado em 1996. É um dos Poetas estudados nos livros de ensaios
literários “A Literatura na Guiné-Bissau” do Ministério da Educação de
Portugal, editado no quadro do V° Centenário das Descobertas.
Participa na antologia poética “BARKAFON
DI POESIA NA KRIOL”, editado pelo INEP/União Europeia. Em 1997 é contemplado na
maior antologia poética da CPLP – Lusofonia intitulada “MATRILINGUA”, editado
pela Câmara Municipal de Viana de Castelo, em Portugal. Félix Siga era também
consultor de organismos Nacionais e Internacionais. Foi colunista do jornal O
Democrata.
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