Os pensamentos estão descritos e
desfiados numa mensagem com nove pontos que o antigo governante grego publicou
na rede social Twitter. Yanis Varoufakis diz que a Grécia foi alvo de um golpe
de Estado.
A mensagem escreve no título que se
trata das "primeiras reflexões" sobre o acordo alcançado em Bruxelas.
"Nas próximas horas e dias vou
estar sentado no Parlamento para estudar o acordo alcançado na cimeira
europeia. Estou ansioso para ouvir, na primeira pessoas, os meus camaradas
Alexis Tsipras e Euclid Tsakalotos, que passaram por tanto nos últimos dias.
reservo para mais tarde um julgamento do que está aqui em causa. Até lá aqui
ficam as minhas primeiras impressões sobre o documento".
As reflexões, publicadas na rede social
Twitter, estão divididas em nove pontos. No primeiro, Yanis Varoufakis diz que
"um novo Tratado de Versalhes ronda a Europa - Eu usei essa expressão na
Primavera de 2010 para descrever o primeiro resgate grego que estava a ser
preparado. Se essa alegoria era então pertinente, infelizmente é muito mais
pertinente agora".
Em tom crítico, o antigo ministro grego
das Finanças escreve que "nunca antes a União Europeia tomou uma decisão
que prejudica tão fundamentalmente o projeto de integração europeia. Os líderes
europeus, ao tratarem daquela forma o primeiro-ministro e o nosso governo,
desferiram um golpe decisivo contra o projeto europeu. O projeto de integração
europeia foi fatalmente ferido ao longo dos últimos dias. E, como Paul Krugman
diz, e com razão, o que cada um pensa sobre o Syriza, ou a Grécia, não foram
eles que mataram o sonho de uma Europa unida e democrática".
Yanis Varoufakis relembra os pensamentos
de dois especialistas para demonstrar que os seus piores pensamentos acabaram
de ser concretizados. "Regressando ao passado, ao ano de 1971, o reputado
economista de Cambridge, Nick Kaldor, avisou que uma união monetária antes de
uma união política iris conduzir não só ao fracasso da primeira, mas também à
desconstrução do projecto político europeu. Mais tarde, em 1999, o sociólogo
Ralf Dahrendorf também alertou que a união económica e monetária iria dividir
em vez de unir a Europa. Ao longo dos anos esperei que estivessem errados, mas
os os poderes constituídos em Bruxelas, em Berlim e em Frankfurt conspiraram e
deram-lhes razão".
Falando em rendição da Grécia,
Varoufakis sublinha que "a declaração da Cimeira do Euro não tem nada a
ver com economia, nem com qualquer preocupação com o tipo de agenda de reformas
capaz de levantar a Grécia do seu lamaçal. É pura e simplesmente uma
manifestação da política de humilhação em ação. Representa uma rutura
importante com decência e da razão. A declaração da Cimeira do Euro de ontem
sinalizou uma anulação completa da soberania nacional, sem a substituir por uma
supra-nacional, pan-europeia.Os europeus, mesmo aqueles que não se interessam
com a Grécia, devem ficar atentos".
Sobre o futuro próximo do seu país, as
novas regras que o governo assumiu em Bruxelas, Yanis Varoufakis aponta para
uma única questão. "Muita energia é gasta pelos meios de comunicação sobre
se os termos da rendição vão ser aprovados pelo Parlamento grego, e, em
particular, se os deputados como eu vão seguir a linha e votar a favor da nova
legislação. Acho que não é o mais importante agora. A questão crucial é: Será que
a economia grega ter qualquer hipótese de recuperar neste termos? Esta é a
pergunta que me vai preocupar durante as sessões parlamentares que se seguem
nas próximas horas e dias. A minha maior preocupação é que mesmo com uma
rendição completa da nossa parte, a crise se aprofunde de forma
interminável".
Na parte final do texto, o antigo
ministro grego das Finanças vai mais longe e repete um ataque já feito aos
credores. "A recente Cimeira do Euro é nada mais, nada menos do que o
culminar de um golpe de Estado. Em 1967, foram os tanques das potências
estrangeiras que acabaram com a democracia grega. Numa entrevista recente eu
disse que em 2015 outro golpe foi encenado pelas potências estrangeiras, mas
desta vez usando os bancos gregos. Talvez a principal diferença económica é
que, enquanto em 1967 a propriedade pública da Grécia não foi atacada, em 2015,
os poderes por trás do golpe de Estado exigiram a entrega de todos os restantes
bens públicos, para que eles pudessem ser colocados no serviço da nossa dívida
insustentável". Com msn
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