"Breve biografia de novo primeiro-ministro
Engenheiro agrónomo formado na extinta RDA, o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Correia, é tido como um homem "sério e rigoroso", tendo em três ocasiões, precisamente as que chefiou o executivo, merecido o aplauso das organizações financeiras internacionais.Natural de Bissau, onde nasceu a 06 de Novembro de 1933 (84 anos), Carlos Correia é um dos "históricos" da luta de libertação dos povos da antiga província portuguesa da Guiné, cujo país acedeu unilateralmente à independência de Portugal a 24 de Setembro de 1973.Atualmente, é o primeiro vice-presidente e militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC.Primeiro titular das Finanças do recém-criado Estado da Guiné-Bissau - o título exato era Comissário de Estado (o então equivalente a ministro) - Carlos Correia era um antigo funcionário da Casa Gouveia (antiga CUF).No entanto, desde o início da década de 50 do século XX que já lidava diretamente com alguns dos que, em 1956, acabariam por fundar o PAIGC.As ligações ao partido tornaram-se definitivas quando assistiu, a 03 de Agosto de 1959 (passaram recentemente 49 anos), ao tristemente célebre Massacre de Pindjiguiti, uma revolta dos estivadores do porto de Bissau que foi violentamente reprimida pelas forças de segurança locais.Embora não existam números oficiais, a revolta deixou mais de meia centena de mortos e uma centena de feridos, segundo o PAIGC, enquanto a administração colonial portuguesa falou de cinco vítimas mortais, tendo Carlos Correia sido uma das principais testemunhas ouvidas vezes sem conta.Membro do Conselho de Estado (órgão extinto em 1994) e sempre ministro de Estado enquanto esteve no Governo, Carlos Correia chefiou vários ministérios, como os do Desenvolvimento Rural e Agricultura e do Comércio, precisamente antes da abertura do país ao multipartidarismo, em 1991.Logo após a abertura ao pluralismo político, "Nino" Vieira, também presidente do PAIGC, escolheu Carlos Correia para o cargo de primeiro-ministro, função que ocupou de 21 de Dezembro de 1991 a 26 de Outubro de 1994, sendo substituído pelo então secretário nacional ("número dois") do antigo partido único, Manuel Saturnino da Costa.A escolha de Saturnino da Costa, fruto da vitória do PAIGC nas primeiras eleições multipartidárias da História da Guiné-Bissau, em Julho de 1994, viria a tornar-se catastrófica para o país, que viu o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a criticarem duramente o rumo da economia guineense.Acabou, assim, por ser com naturalidade que "Nino" Vieira, apesar de uma grande polémica no interior do PAIGC, exonerou Saturnino da Costa e chamou novamente Carlos Correia para a chefia do Governo, cargo que viria a desempenhar de 06 de Julho de 1997 a 03 de Dezembro de 1998.O seu executivo, porém, acabou por cair na sequência da guerra civil que assolou o país (07 de Junho de 1998 a 07 de Maio de 1999), opondo o governo de "Nino" Vieira a uma Junta Militar liderada pelo general Ansumane Mané, ex-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).Em apenas um ano e apanhando uma economia desfeita, Carlos Correia, homem de poucas falas, conseguiu repôr os índices económicos nos eixos, valendo-lhe os elogios públicos do FMI e BM, mesmo durante os primeiros meses do conflito armado.Carlos Correia, conhecido por "dominar os dossiês governamentais", tal como afirmaram os especialistas do FMI e BM, é unanimemente considerado no país como sendo um dirigente político sério, ao mesmo tempo que é considerado "homem de confiança" do Presidente guineense.Antigo jogador de futebol, Carlos Correia jogou, e bem, dizem os especialistas, ao longo da década de 50 na também "histórica" União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB)."
Discurso
de Carlos Correia na tomada de posse como primeiro ministro da Guiné-Bissau
- Excelência Senhor Presidente da República,
- Excelência Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular,
- Excelência Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça,
- Excelência Senhor Procurador Geral da República,
- Excelência Senhor Presidente Olusegun Obasanjo,
- Excelência Senhores Membros do Corpo Diplomático e Representantes de Organizações Internacionais
- Excelências, minhas Senhoras e meus Senhores,
Recordo que esta é a quarta vez que
assumo o cargo de Primeiro-Ministro da República da Guiné-Bissau.
Esta nomeação acontece num momento
particularmente difícil para o nosso país e como guineense, patriota e
Combatente da Liberdade da Pátria perante este novo desafio que, não estando
previsto nos meus planos, obriga-me, nas atuais circunstâncias, a aceitar de
novo assumir o cargo de Primeiro-Ministro.
No exercício das funções que acabo de
ser investido, pautarei a minha ação pelo respeito indefectível à Constituição
da República e às leis e tudo farei para que haja um relacionamento
institucional são e profícuo que, não tenho dúvidas, contribuirá decisivamente
para um clima de paz e estabilidade, tão necessário para o desenvolvimento do
país.
- Excelência Senhor Presidente da República,
- Minhas Senhoras e meus Senhores,
Prometo e asseguro que na qualidade de
Chefe do Governo, não pouparei a minha energia, inteligência e dedicação para
corresponder às expectativas depositadas na minha pessoa, pelo que conto com a
necessária colaboração de Vossa Excelência e dos demais órgãos de soberania.
Dirijo-me, igualmente, aos partidos
políticos, sociedade civil e aos cidadãos em geral, no sentido de prestarem a
necessária e devida colaboração ao Governo que vou ter a honra de chefiar, com
vista a garantir a estabilidade política e governativa, paz e desenvolvimento
do nosso país.
À Comunidade Internacional e aos nossos
parceiros de cooperação gostaria de apelar no sentido de continuarem a apoiar a
Guiné-Bissau nos seus esforços de estabilização e desenvolvimento, sendo para
isso fundamental a prossecução dos compromissos assumidos durante a Conferência
Internacional dos Parceiros realizada em Bruxelas, a 25 de Março último.
Permitam-me por outro lado, agradecer
particularmente a CEDEAO pelos esforços empreendidos na resolução da crise que
vinha afetando profundamente as Instituições da República e aos cidadãos
guineenses.
Neste particular, queria dirigir uma
palavra de apreço e de reconhecimento a Sua Excelência Senhor Presidente
Olusegun Obasanjo, pelo empenho e dedicação dispensados na procura de soluções
para a saída da presente crise.
- Excelência Senhor Presidente da República,
- Minhas Senhoras e meus Senhores,
É minha convicção que o impacto e as
consequências da crise que o país está a viver, convida a todos os guineenses,
em particular, aos Órgãos de Soberania, Partidos Políticos e Sociedade Civil, à
uma reflexão profunda, visando a criação de condições de estabilidade
institucional, governativa e social duradouras.
Com efeito, é necessário identificar as
causas e as origens das diversas crises e dificuldades que a Guiné-Bissau tem
vivido, procurando soluções sustentáveis para as mesmas e promovendo diálogo e
concertação com vista a estabelecer compromissos e consensos alargados entre os
atores políticos.
Para terminar, gostaria de renovar os
meus agradecimentos a Sua Excelência o Senhor Presidente da República e aos
demais presentes e deixar clara, uma vez mais, a minha total disponibilidade
para servir a Pátria de Amílcar Cabral.
Muito Obrigado!
SOL-MAMSSY-DJÁ!!!
ResponderEliminar.
Enquanto uns poucos “líderes” corruptos – RASTEJAM – atrás do poder, alimentando seus interesses perversos, viciados no poder dentro do sistema do Estado, onde delapidam quanto podem, deturpando a imagem real do País sem olhar a meios, tudo para encherem os bolsos, outros há, que serão Líderes do Povo por inteiro e para sempre!
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Mas há Homens diferentes pela visão e filosofia de vida demonstrada na prática, vemos na “pele” da sua vida material, até aos oitenta e um anos, com mais de sessenta servindo o seu Povo, que este combatente – é carne da mesma massa cinzenta – continua fortemente unido, identificado com a causa da Guiné-Bissau, porque lutou e continua lutando pela paz e desenvolvimento do País, um simples Combatente da Liberdade da Pátria, que deu e tem dado bons exemplos de honestidade, serviço, Guineendade e partilha de experiência rumo às mudanças necessárias no terreno, para chegarmos a Bom-Porto, a Guiné-Bissau no caminho de progresso e bem-estar do Povo.
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Enquanto uns rastejam para chegar ao poder sem olhar a meios, cometendo crimes contra o Povo, outros há, que o poder não os larga de vista, pela sua dedicação, respeito e carisma, ganho no exercício de vários cargos de responsabilidade, com prova e corículo no mesmo terreno, é um Guineense capaz como muitos outros, mas, este tem o especial realismo e longevidade, como facto e factor, sendo um dos Combatentes da Liberdade da Pátria vivos, contemporâneo de Amílcar Cabral, e este seu carácter “todo-terreno” reconhecido, duma militância sempre presente, até hoje!
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Deus assim quis, que este Homem vestisse de novo o “fato-macaco”, para impor ordem na Casa, enquanto “filhos” digladiam pelo poder, desrespeitando tudo e todos, sem olhar pela própria imagem do País, hoje novamente em crise politica, um ano após as eleições, viu-se na necessidade de entrar em campo, já num período de prolongamento sem resultados, entra com alguma frescura trazida do banco, para tentar marcar o “golo” da vitória e tranquilizar tudo e todos, i. é, para gritarmos unidos, Viva Guiné-Bissau!
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Este Guineense é o – CAMARADA Eng.º CARLOS CORREIA – actual primeiro-Ministro da Republica da Guiné-Bissau!
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BOA SORTE CAMARADA!!!
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Djarama. Filomeno Pina.
O novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau é Carlos Correia, um histórico da luta contra o colonialismo português. O veterano dirigente, de 81 anos, que já por três vezes tinha ocupado o cargo, foi nomeado esta quinta-feira.
ResponderEliminarO nome de Carlos Correia, primeiro vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) escolhe, foi aprovado na noite de quarta-feira por 68 dos 69 membros do bureau político presentes na reunião, segundo a Lusa.
O líder, Domingos Simões Pereira, demitido pelo Presidente da República a 12 de Agosto, disse à imprensa que o nome de Correia ia ser entregue ao ex-Presidente da Nigéria, Olesegun Obasanjo, para que este o fizesse chegar ao chefe de Estado, José Mário Vaz.
Obasanjo foi no domingo escolhido pela CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental) para mediar a crise política guineense.
A crise política foi provocada pela destituição do Governo de Simões Pereira, que tinha participação de diversos partidos e esmagadora maioria na Assembleia Nacional Popular.
O PAIGC insistiu no nome de Simões Pereira para liderar um novo executivo e José Mário Vaz nomeou para o cargo de primeiro-ministro Baciro Djá, terceiro vice-presidente do partido, contra a vontade dos órgãos dirigente da principal força política guineense.
Os actos de José Mário Vaz vieram a ser considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal de Justiça, no início da semana passada, e Baciro Djá teve de se demitir, três semanas depois de ter sido nomeado e menos de 48 horas após ter conseguido formar a que seria a sua equipa.
A crise enfraquece politicamente o Presidente, ao mesmo tempo que fortalece a posição de Simões Pereira, visto como vítima da situação. Ao contrário do que se temia, tendo em conta o passado, as Forças Armadas mantiveram-se à margem da crise política.
Carlos Correia formou-se em engenharia agrónoma na antiga República Democrática Alemã. Já ocupou o cargo entre 1991 e 1994, em 1997-1998 e em 2008-2009. Dirigiu também vários ministérios. Ficou conhecido pelo rigor, seriedade e conhecimento dos dossiers e a sua actuação mereceu o aplauso de organizações internacionais.
Com este desfecho, pensamos que mais do que nunca, o PAIGC precisa de se purificar politicamente. A forma como brindou o povo com a escolha única do nome do veterano e doente, Carlos Correia. Pondo de parte as virtudes que possa ter como como pessoa e ex-governante, hoje, não apenas pela sua idade, Carlos Correia não está em condições de caminhar normalmente de sua casa para o carro, sem ser apoiado.
ResponderEliminarNa nossa leitura, esse gesto do Bureau Político é o prenúncio claro da existência de um vazio político galvanizante, no seio dos libertadores e, já agora, para a governação do nosso país.
A questão política pode ainda ser colocada nestes termos. Os autores morais que têm protagonizando o desvio da linha político-ideológica do PAIGC de Cabral, são, sobejamente, conhecidos. Agora nem sequer se escondem. Manecas dos Santos tem sido o chefe da legião. É flagrante que a sua residência se transformou numa espécie de centro de engendramento de uma ala dos libertadores para a devassidão política.
É, por outro lado, curioso que nunca tínhamos escutado Mário Cabral a falar tão grosso. Mesmo em momentos que a sua voz era indispensável, sentou-se encima do muro só a olhar, “boka yem, sons in sinhor!”. Camilo Simões Pereira que mesmo protegido pelo santuário de Farim, nunca deu mios contra Nino Vieira. O gigolô, politicamente, nunca existiu mesmo. Hoje, ousa levantar a voz ameaçando pular a vedação do Palácio da República, para atacar o Sua Excelência Senhor Presidente da República, José Mário Vaz, por ter exonerado seu irmão do cargo de Primeiro-ministro.
Mas,é como lamenta o povo: “té pa nin nada, mindjor na nada”. Já se fala em Convenção dos libertadores para este ano. “Nô bai son, dianti ki kaminhu”.