Jesus,
após ter feito doze anos, vai com os país a Jerusalém tomar parte na celebração
da festa da Páscoa. Vai e fica, sem dizer nada a ninguém. Apresenta-se na
reunião dos doutores que debatem a interpretação das Escrituras. Ouve
explicações e faz perguntas. Dá respostas que causam espanto aos reconhecidos
letrados. Deixa-os surpreendidos pela inteligência revelada. Questiona a mãe que,
angustiada, o procura com José. Ouve calmamente a sua queixa e acolhe o seu
desabafo colocando-lhes uma questão: ”Porque me procuráveis?” Abre horizontes
novos aos estreitos espaços familiares de sangue: “Não sabíeis que Eu devia
estar na casa de meu Pai?”. E não acrescenta mais nada, apesar deles não
haverem entendido o alcance do que lhes disse. Compreenderão mais tarde em
Nazaré e na realização da missão itinerante por terras da Galileia e arredores.
Incorpora-se
no grupo que o procurava. Vem com os Pais para a casa da família. Exercita-se
na obediência filial. Vive as leis do tempo, crescendo fisicamente e em idade,
em sabedoria e em graça. Aprende a trabalhar, a ir à sinagoga, a observar o que
acontece. Cultiva o silêncio interior de comunhão com o Pai e o olhar atento de
solidariedade com os vizinhos. Faz da rotina diária a escola de aprendizagem do
que é ser realmente humano. Sonha com o dia de se apresentar, entre pecadores,
a João no rio Jordão e ouvir a declaração solene: “Tu és o meu Filho muito
amado: em Ti pus toda a minha complacência”.
E
levanta-se o véu da sua nova família que o envia como missionário itinerante a
anunciar que Deus é Pai comum e os humanos são todos irmãos. Injecta assim uma
nova seiva nas veias cansadas da humanidade e reorienta o sentido dos bens
colocando-os ao serviço de todos.
Jesus
adolescente é surpreendente. Não por rebeldia, mas por obediência. Não por
afirmação auto-suficiente, mas por relação dependente. Não por capricho
momentâneo, mas por atitude constante: fazer a vontade d’Aquele que o enviou.
As
surpresas que o seu comportamento manifesta ajudam-nos a penetrar na grandeza
da simplicidade da família de Nazaré, na busca persistente da verdade que se
revela de forma cada vez mais nítida, na escuta paciente do outro que sente o
peso das limitações e o cansaço dos esforços feitos, no respeito pela liberdade
atenta e disponível para a prática do bem e a contemplação da beleza, na
carícia de quem sabe apreciar o amor de Deus e se deixa envolver por ele.
“Baixar,
vir a Nazaré, estar sob autoridade, obedecer perfeitamente, aqui está toda a
sabedoria” – afirma São Jerónimo. E continua o diligente estudioso da Bíblia
sagrada: “Isto é ser sábio com sobriedade. A simplicidade pura é «como a água
de Siloé que corre em silêncio (Is 8, 6). Há pessoas sábias nas ordens
religiosas; mas é através de homens simples que Deus se dignou unir-se a nós.
Deus escolheu os humildes do mundo, os desprezados para, através deles, se unir
aos que eram sábios no humano, poderosos e aristocratas, «para que ninguém se
possa gloriar na presença do Senhor (1ª Cor ), mas naquele que desceu, veio a
Nazaré e estava sob a autoridade de outros”.
Em
Nazaré, a família de Jesus, Maria e José vivia sob o olhar bondoso de Deus Pai.
Fazer a Sua vontade é a mais perfeita obediência que nos eleva aos seus
desígnios de realização plena, na verdade que liberta e no amor que humaniza.
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