O músico, compositor, interprete e
poeta, Mú M’Bana, encantou o público que assistiu na última sexta-feira, 07 de
abril, ao seu concerto musical realizado no antigo salão dos congressos (atrás do
edifício do ministério da educação), onde funciona actualmente o Instituto
Nacional de Cinema.
O salão estava repleto de gente
constituída, na sua maioria, por cidadãos estrangeiros residentes no país e que
trabalha nas instituições internacionais e nas embaixadas.
O espectáculo do músico e poeta guineense
que vive no reino de Espanha contou com a participação dos sogros vindos da
Espanha. O Grupo Teatral ‘Netos de Bandim’ e o jovem poeta Vital foram
convidados a abrir o concerto, com a apresentação de uma peça teatral,
acompanhados de uma récita dos poemas.
Mú M’bana misturou diferentes ritmos e
tons produzidos por instrumentos tradicionais. Entrou no palco vestido de roupa
tradicional guineense (Pano di Pinti) e descalço, levando três violinos na mão,
capazes de produzir ritmos diferentes.
Com a sua melodia fabulosa acompanhada
de sons da corda de viola, encantou o público que assistia ao concerto. A
maioria não conseguiu ficar sentada para ver a façanha do conceituado cantor
guineense e acabou por ‘invadir’ o palco para dançar e cantar. M’bana
aproveitou algumas paragens, durante o concerto, para narrar a sua história,
acompanhado sempre de leves sons de seu violino.
Após o concerto, Mú MBana disse na sua
declaração à imprensa que o concerto serviu igualmente de ocasião para render
homenagem a vários músicos nacionais, com especial destaque para o falecido
cantor Fernando Bidinte, que confessou ter-lhe ajudado muito, ensinando-o a
tocar ‘Tina’.
“Bidente foi um pilar muito importante
para a minha vida no estrangeiro. Não posso esquecê-lo. Tenho que lembrar dele
hoje e peço glória eterna para ele”, notou.
Mú M’Bana mostrou a sua habilidade
durante o concerto, tendo tocado vários instrumentos musicais, designadamente:
simbi, tonkorongh e violino. M’Bana explicou que não quer perder a identidade
cultural guineense, por isso aprendeu a tocar diferentes instrumentos musical
tradicional.
“Os guineenses estão a perder a sua
identidade cultural. Houve uma alienação cultural muito forte nos meados da
década 80, quando tomamos outras fontes musicais e misturamo-las com as músicas
da Guiné-Bissau. Depois de muito tempo de reflexão e pesquisa, notei que era
possível recuperar o ‘simbi’ que é um instrumento balanta e ‘Tonkorongh’ um
instrumento mandinga, fula, felupe, manjaco e bijagó. Todos os grupos étnicos
que constituem a nação guineense têm instrumentos musicais fabulosos que podem
ser usados para produzir a música. Se não fizermos isso, ou melhor, se
ignorarmos esses instrumentos musicais, isso quer dizer que deixamos a nossa
cultura e a nossa poesia”, advertiu o músico e compositor.
Assegurou ainda que é chegado o momento
de o povo guineense e os artistas em particular começarem a valorizar e a
proteger a cultura da Guiné-Bissau. Afiançou, contudo, que a “música guineense
é uma música de alto valor com conteúdo poético muito profundo e com
desenvolvimento melódico altamente sofisticado”.
Para Mú M’Bana, a música é uma meditação
constante, razão pela qual leva maior parte do seu tempo a pesquisar, a ouvir
músicas de diferentes artistas do mundo, músicas das novas gerações guineenses
que, em sua opinião, estão a divulgar mensagens construtivas e positivas. Com Odemocrata
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