Quase um quarto das crianças guineenses,
cerca de 23 por cento, não vão à escola, segundo um relatório divulgado hoje
pelo Plan Internacional, uma organização não-governamental, que atua na
Guiné-Bissau.
O relatório, baseado em estudos
recentes, aponta que as crianças portadoras de deficiências e as do sexo
feminino são as que menos frequentam a escola na Guiné-Bissau, enfatizou Alassan
Drabo, representante do Plan em Bissau.
A juntar a esta realidade está ainda o
facto de a taxa de abandono escolar ser de 18 por cento, sublinhou Drabo ao
apresentar um relatório em que a organização reclama "a implementação de
políticas para uma Educação Inclusiva, Equitativa e de Qualidade na
Guiné-Bissau".
Perante o ministro guineense da
Educação, Sandji Faty, o representante do Plan Internacional apontou a zona
leste do país como a região onde mais se concentram crianças fora do sistema
educativo formal.
O estudo indica que "questões
socioculturais" impedem que "grande número de pessoas" dessa
zona estejam dentro do sistema educativo. As regiões do leste da Guiné-Bissau,
Bafatá e Gabú, são habitadas maioritariamente por indivíduos islamizados.
O ministro guineense da Educação
concordou com o panorama desenhado pelo Plan Internacional, sobretudo em
relação às comunidades predominantemente de indivíduos islamizados, mas afirmou
que o trabalho que tem sido feito "já apresenta bons resultados".
Sandji Faty diz estar em curso "uma
mudança do paradigma" nestas comunidades, em que os pais agora mandam as
suas crianças para a escola formal e pedem abertura de mais estabelecimentos do
ensino formal.
Dantes o ensino, naquelas comunidades,
limitava-se ao Corão, precisou o ministro, para destacar a "mudança das
mentalidades", também fruto do trabalho de organizações como o Plan,
disse.
"Até parece que houve um 'click'
com grandes comunidades a pedirem a abertura de escolas", sublinhou Sandji
Faty enfatizando o número crescente de meninas nas turmas em certas comunidades
islamizadas.
"Há dez, quinze anos atrás, por
exemplo, era impensável ver numa 'tabanca' escolas em que as meninas são em
maior número que os rapazes", afirmou o governante.
O representante do Plan na Guiné-Bissau
corroborou a realidade destacada pelo ministro, mas salientou que a tendência é
acontecer que conforme as crianças avançam nos níveis de escolaridade as do
sexo feminino e as portadoras de deficiências tendem a "ficar para
trás".Com a Lusa
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.