«Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» Dostoevskij,Os irmãos Karamazov, II, 2.
O Presidente cessante do Partido da
Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), afirmou sexta-feira (02.02), que
um partido com responsabilidades nacionais como o PAIGC não pode pactuar com a
lógica da divisão e da conspiração, numa alusão ao comportamento dos militantes
expulsos do partido.
“Um partido com responsabilidades como o
PAIGC não pode pactuar com a lógica da divisão e da conspiração. Por isso
mesmo, o partido defendeu-se accionando os mecanismos sancionatórios previstos
nos seus estatutos. Os militantes faltosos foram sancionados, na sequência de
processos transparentes conduzidos pelo conselho nacional de jurisdição do
partido”, afirmou Domingos Simões Pereira.
Segundo Simões Pereira, o mau
comportamento de um grupo de militantes do PAIGC, associado a esta prática que
levou o partido ser arredado do poder pelo Presidente da República, sendo assim
o partido simplesmente decidiu accionar os mecanismos sancionatórios previstos
nos seus estatutos.
O líder cessante do partido fundado por
“Amílcar Cabral”, disse que depois do congresso de Cacheu, cidade situada no
norte da Guiné-Bissau, a direção eleita tudo fez para unir o partido e criar as
melhores condições políticas para cimentar a sua coesão. Neste sentido, e no
imediato, foram tomadas medidas importantes, com o propósito de criar espaços
de diálogo para convencer as vozes dissonantes a seguirem a orientação do
PAIGC, ou utilizarem os meios democráticos internos a sua disposição para
reivindicarem as suas posições.
Para Pereira, apesar do esforço da
direção superior do PAIGC, as sementes da desordem, da indisciplina e de uma
rebelião começaram a ganhar proporções alarmantes que culminou com expulsão de
quinze deputados do partido e demais dirigentes do PAIGC.
“Infelizmente isso nem sempre aconteceu,
saímos de Cacheu com a esperança de que o léxico politica tinha mudado, de que
a palavra crise desapareceria gradualmente do nosso vocábulo para dar lugar a
expressões como unidade, coesão, solidariedade e desenvolvimento, mas na
verdade estávamos enganados”, argumentou Domingos Simões Pereira.
Dirigindo-se aos militantes e delegados
ao IX congresso ordinário do partido, defendeu que é fundamental que as vozes
dissonantes reconheçam que em todas as democracias do mundo é politicamente
sensato que se respeite a legitimidade de uma direcção escolhida
democraticamente.
“Podemos facilmente imaginar que o
processo de consolidação da unidade interna não tenha sido perfeito e que
muitos camaradas se sentiram frustrados por não terem obtido do partido as
posições que almejavam, mas também há que reconhecer que em todas as
democracias do mundo é politicamente sensato que se respeite a legitimidade de
uma direção eleita democraticamente, e que se lhe dê tempo para de forma
dinâmica liderar um diálogo construtivo com todas as partes para o bem do
partido” declarou Simões Pereira, num discurso durante o congresso do PAIGC na
presença de vários convidados internacionais, organismos internacionais e o
colectivo dos partidos democráticos.
Olhando para o processo socio-político
da Guiné-Bissau, numa altura em que faltam três meses para o fim desta
legislatura, o líder cessante do PAIGC, reconhece que foi uma legislatura
marcada por uma longa crise política, que acentuou ainda a fragilidade das
instituições políticas e econômicas e minou os esforços para a estabilização do
país.
”Em condições o país estaria a
preparar-se para a realização de eleições legislativas em Abril ou Maio deste
ano, mas aqueles que usurparam o poder não só insistem em não cumprir o Acordo
de Conacri e em não respeitar a Constituição da República, como estão com o
receio de devolver a palavra ao povo, invocando todo tipo de argumentos para
tentar adiar as eleições”, referiu Simões Pereira.
Visivelmente desapontado com a actual
situação da Guiné-Bissau, Pereira considera que foram quatro anos de uma vil
desonesta campanha contra o PAIGC, afastamento da governação, perseguições
políticas e judicias aos dirigentes, ataques aos símbolos, assaltos as sedes,
proibições de manifestações e tentativas desesperadas de impedir a realização
do IX Congresso do PAIGC.
Para Domingos Simões Pereira, os
promotores desta campanha tinham um único objectivo fazer vergar o PAIGC para
poderem materializar os seus propósitos de instaurar um regime autoritário,
contra a vontade popular. Contudo falharam redondamente.
“Essas pessoas não contavam com a
capacidade de resiliência dos militantes do partido. Não perceberam a
verdadeira dimensão do PAIGC porque não conhecem a história deste partido nem a
da Guiné-Bissau. Desafiaram-nos, afrontaram-nos de todas as formas,
apoquentaram a nossa tranquilidade, tiraram a cada um de nós várias horas de
sossego, mas não conseguiram. E não conseguirão porque este partido é o PAIGC”,
afirmou o líder cessante do maior partido do país.
Relativamente ao IX congresso, Simões
Pereira, relembrou que o lema do congresso, “PAIGC Unido na Disciplina e Pelos Ideias
de Amílcar Cabral, ao serviço da paz, estabilidade e desenvolvimento da
Guiné-Bissau”, é um forte apelo a unidade interna e ao reforço da coesão,
baseada no respeito e observância da disciplina e, ao assumir da
responsabilidade de herdar ideologicamente Amílcar Cabral.
“Deste congresso vão, pois, sair os
futuros dirigentes do partido, mulheres e homens que terão a responsabilidades
de dirigir o PAIGC nos próximos quatros anos, assumindo os desafios de curto e
médio prazo, mas também preparando o partido para os desafios de longo prazo.
Sonhamos com um PAIGC forte e voltado para o futuro. Um partido aberto, com
processos modernos e transparentes. Um partido onde haja mais lugares para os
jovens e onde mais mulheres possam ter posições de destaques, por isso mesmo a
nossa responsabilidade é enorme”, rematou o Presidente do partido.
De recordar que o IX congresso do PAIGC,
ficou marcada com ausência de um grupo de militantes do partido que foi expulso
do PAIGC devido a posição que assumiram nesta crise política que já dura a mais
de dois anos.
Apesar dos esforços internos e
internacionais, o grupo acabou por ficar de fora, apesar de um dos elementos
voltar a reintegrar o partido.
Segundo a informação disponível,
Domingos Simões Pereira é único candidato a liderança do partido, uma situação
fortemente contestada pelos militantes expulsos do PAIGC.
O IX congresso do partido termina hoje (dia
04 de fevereiro 2018), segundo a indicação do presidente da comissão
organizadora. Radio Jovens
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