"Os políticos parecem rejeitar o conceito de verdade objetiva", Mandela foi a personificação desta transformação humana ao conduzir os direitos civis. "Ele liderou este país pela negociação", disse Obama, lembrando que Mandela "abraçou seus inimigos" e "lhes deu uma chance de construir um mundo melhor".
O antigo presidente dos Estados Unidos
fez discurso, em Joanesburgo, em que defendeu a democracia e criticou o
populismo
Barack Obama fez um discurso forte na
cerimónia de comemoração do 100.º aniversário do nascimento de Nelson Mandela,
que decorreu esta terça-feira em Joanesburgo.
O ex-presidente dos Estados Unidos
alertou para a ascensão dos "homens poderosos na política", no que
foi entendido como uma crítica aos movimentos populistas e ao autoritarismo.
Obama aproveitou ainda para apelar aos povos para que preservem as liberdades
democráticas, como sendo a chave para a manutenção da paz.
"A política do medo, do
ressentimento e da redução de gastos começaram a aparecer. E esse tipo de
políticas estão agora a florescer a um ritmo que nos parecia inimaginável há
uns anos", lembrou Obama perante cerca de 15 mil pessoas.
"Não estou a ser alarmista, estou
apenas a constatar factos. Olhem à vossa volta: políticos poderosos estão a
destacar-se, de repente, encobertos pelas eleições e por uma democracia que
mantém a sua forma, mas permite que quem está no poder tente minar todas as
instituições ou normas que dão significado à democracia", alertou.
Estes avisos de Obama surgem
precisamente um dia depois de, na cimeira de Helsínquia, Donald Trump,
presidente dos Estados Unidos, ter defendido o líder russo Vladimir Putin
contra as acusações dos serviços secretos americanos sobre a interferência dos
russos nas eleições dos Estados Unidos, em 2016.
Nesse contexto, Barack Obama atacou a
forma como os políticos mentem, lembrando que os factos são o mais importante.
"Temos de acreditar nos factos, sem eles não há base para a cooperação. Se
eu disser que isto é um pódio e vocês disserem que é um elefante, será muito
complicado para nós cooperarmos. Não teremos uma base para o entendimento se
alguém disser que as alterações climáticas não vão acontecer, quando todos os
cientistas do mundo nos alertam para isso. Não sei como poderemos começar a
falar sobre este tema, se alguém alegar que se trata de um erro
elaborado...", atirou.
Para finalizar, o americano aproveitou a
oportunidade para parabenizar a selecção francesa por sua vitória na Copa do
Mundo-2018 e a diversidade identitária dos Bleus.
"Todos esses caros não parecem, na
minha opinião, gauleses. Eles são franceses", disse ele aos aplausos,
lamentando, no entanto, que "o mundo não tenha cumprido as promessas"
de Madiba.
"A discriminação racial ainda
existe na África do Sul e nos Estados Unidos e a pobreza explodiu",
denunciou.
Obama considera que "no aniversário
dos 100 anos de Madiba, o mundo está numa encruzilhada". Nesse sentido,
garantiu que acredita "na visão de Nelson Mandela", "numa visão
de equidade, justiça, liberdade e democracia multiracial construída na
pretensão de que todos os povos na criação de direitos inelianáveis".
"Eu acredito num mundo governado sob esses princípios será possível
alcançar mais paz e cooperação na busca do bem comum", finalizou.
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