"É
com a força do querer, aliado à determinação e à persistência,
que o homem vence obstáculos, alcança os fins a que se propõe, faz
as mudanças, vive o sucesso."
As Crianças são as flores da nossa luta |
INTRODUÇÃO
Provavelmente
o maior desafio que a Guiné-Bissau enfrenta está no estabelecimento
de um regime democrático verdadeiramente credível.
O
problema principal está – sempre esteve – na corrupção
crescente que caracteriza o modo de existência e de actuação do
único Partido político que vem governando o País há 40 anos: o
PAIGC.
Apostando
num modelo de desenvolvimento desigual, em benefício exclusivo dos
seus apaniguados, durante décadas, o
PAIGC promoveu o analfabetismo no sistema político Guineense.
A
composição da Assembleia Nacional Popular é disso um exemplo
paradigmático, cuja maioria dos Deputados continua a ser eleitos
através de compra de votos por quem pode pagar mais na noite escura
do Dia de Reflexão, que precede o Acto Eleitoral.
Tão
importante quanto a garantia de eleições livres e justas é a
qualidade dos Deputados e dos titulares de outros Órgãos Políticos
(caso do Governo e da Presidência da República, assim como os
Governadores de Regiões e de Sectores por eles designados ou
nomeados).
Não
é possível tolerar por mais tempo tamanha incompetência e
irresponsabilidade na gestão da República, sendo conhecido o
abominável efeito de tal realidade na degradação sistemática do
bom nome do País e da sua gente, reiteradamente conotados com a má
governação e o narcotráfico.
Desde
a sua Independência, à beira de completar 40 anos, a Guiné-Bissau
foi sempre controlada pelo mesmo Partido (o PAIGC), umas vezes,
através da Ditadura de Partido Único, outras vezes, por gente
ligada ao comércio, ávida pelo enriquecimento pessoal, sem Cultura
Democrática, sem capacidade politica ou técnica para o exercício
da governação.
Para
a instauração e aprofundamento da Democracia interna, no seio dos
partidos políticos e na sociedade civil, é essencial levar à
prática uma luta sem tréguas para o estabelecimento de um regime
democrático, verdadeiramente credível, funcional e actuante!
Essa
tarefa deve ser colocada, na ordem do dia, com muita seriedade, a
todos os níveis: ao nível dos Partidos Políticos, da Sociedade
Civil, em geral, nomeadamente, nas Tabancas e Regiões, tendo
presente o alto nível de pobreza, em que ainda vive a maioria da
nossa População e a resistência cultural em alguns sectores da
sociedade, que constituem factores de bloqueio ao desenvolvimento
real da democracia política, social e económica do País.
A
instituição da Democracia Política deve ser encarada como um
factor potenciador do desenvolvimento social e económico e não
apenas como um mecanismo destinado a ser manipulado por gente sem
escrúpulos, que tem em vista apenas ludibriar os Cidadãos Eleitores
e os Observadores Internacionais, para, depois, tudo ficar na mesma.
O Povo Guineense não merece isso, porque
ofende a sua dignidade!
Divisão
Administrativa do País e o
Seu
Efeito no Sistema Democrático
A
Guiné-Bissau enfrenta, como se referiu, anteriormente, altos níveis
de pobreza, que constitui, ela mesma, um factor de risco para a
Democracia. Toda a Política deve ser orientada para o Bem Comum de
todos os Cidadãos e de qualquer estrangeiro que tenha escolhido o
nosso País para viver ou trabalhar.
Numa
sociedade de Pobreza, manifestam-se situações em que a Política
nacional corre o risco de ficar refém das elites políticas e
económicas, sem relações de proximidade com a realidade quotidiana
do nosso Povo, muitas vezes, sujeito à manipulação em função das
suas necessidades de subsistência.
Isso
explica a pouca, ou nenhuma, acção digna de nome, empreendida, para
resolver esse problema central, pelo PAIGC (que, em boa verdade,
continua sendo, e agindo, como Partido Único, no nosso sistema de
Democracia simulada, no qual aparece como sendo o único Partido do
arco de governabilidade do País).
Não
há pobreza maior do que essa, em qualquer regime democrático!
Porque revela uma sociedade fortemente desigual, uma má distribuição
de riqueza, um acento crescente de pobreza, numa espécie de ghetto
político, que justifica, tendencialmente, a fuga de quadros para o
Partido Único, encarado como o único capaz de garantir a
subsistência económica.
É
a manifestação mais evidente de défice democrático, na
Guiné-Bissau! Uma vergonha para a História da Guiné-Bissau, pelo
que significa de fraude ao genuíno sentido da Luta de Libertação
Nacional, em que esteve envolvido, de forma exemplar, directa ou
indirectamente, todo o Povo Guineense para, depois, ser ludibriado,
no momento de gozar os benefícios da Independência, tornados
monopólio daqueles que pouco, ou nada, contribuíram para ela!
A
História falará dessa abominável Injustiça que, ano após ano,
foi empurrando os melhores Filhos da Terra a buscar a sua
subsistência em actividades menos dignas, ou forçados à emigração,
apenas pela necessidade de sobrevivência, de apoiar a educação dos
filhos, de manter uma Família, com o mínimo de dignidade possível!
É
por isso que se torna urgente fazer reformas
profundas no nosso sistema eleitoral, para que o acto
de votar espelhe, com autenticidade, a verdadeira vontade dos
Cidadãos Eleitores e não seja apenas uma marca traçada pela
manipulação do voto, muitas vezes, consentida pela Comunidade
Internacional (através dos seus Observadores), na convicção de que
este ou aquele Partido é o mais indicado para vencer o pleito
eleitoral, não por ser do interesse do Povo, mas por ser conforme os
seus próprios interesses.
Sendo
a Guiné-Bissau dividida em três Províncias (Sul, Norte e Leste) e
subdividida em oito Regiões, repartidas em Sectores Administrativos,
em nosso entender, a verdadeira Democracia representativa deveria
articular a distribuição territorial da sua População em
conformidade com aquela divisão administrativa.
A
descentralização do Poder político é uma tarefa nobre,
em Democracia e para a Democracia, pois permite a população
envolver-se mais, e melhor, na promoção
dos valores democráticos, não só através do acto
de votar, mas, sobretudo, pela sua participação efectiva no
desenvolvimento das respectivas Regiões e Sectores, potenciando
um desenvolvimento económico e social mais conforme os seus
interesses e do País, no seu todo.
No
contexto de uma economia fortemente dependente da Ajuda Externa, o
nosso País, através do Governo e dos Parceiros de Desenvolvimento,
deveria procurar garantir, não só a existência de regras claras
que garantam a transparência real dos actos eleitorais e o bom
funcionamento das instituições democráticas, ao nível do que
já é possível fazer-se na África e, em especial, na nossa
Sub-Região Oeste-Africana.
Para
tal, torna-se, ao mesmo tempo, necessário assegurar uma gestão
transparente e democrática no seio de cada Partido, para se ganhar o
respeito da População e da Comunidade Internacional, em prol do
desenvolvimento de um sistema democrático mais vigoroso e estável.
Eleições
Autárquicas:
Uma
Exigência Urgente para
a
Consolidação da Democracia
Ao
longo dos anos, a Guiné-Bissau enfrentou sérias dificuldades para o
estabelecimento de um governo estável, no regime democrático.
O
País proclamou a sua independência, em 1973, doze anos depois da
maioria dos Países Africanos terem alcançado a sua autonomia
política. Com a queda do regime colonial, em Agosto de 1974, poucos
foram os recursos deixados por aquele.
A
inexperiência da boa governação, mergulhou, quase, de imediato, a
nossa jovem Nação num ciclo vicioso de interrupções governativas,
revelando uma deplorável incapacidade do Estado para corresponder às
expectativas, em vista ao desenvolvimento colectivo que garanta o
bem-estar da População.
Ao
longo dos quase 40 anos de independência, caracterizados por chacina
(sem julgamento) de cidadãos guineenses válidos, a instabilidade
política e a insegurança colectiva tem sido uma constante.
É
imperioso, e urgente, pôr fim, em definitivo, a tão deplorável
cenário de vivência colectiva, que desprestigia o País e atrasa o
Desenvolvimento Humano da sua População.
Os
vários processos de reconciliação e reconstrução nacional,
empreendidos no passado, que deveriam ter sido considerados como
desafios, como se sabe, não deram quaisquer resultados, porque não
passavam de mera ficção, armadilhada pela má fé e incompetência
governativa.
Para
o País ter sucesso, no exercício da Democracia, terá de ganhar,
primeiramente, a batalha da evolução cultural da sua liderança
política, indo ao encontro das necessidades reais do Povo.
Daí
a importância da realização, tão brevemente quanto possível, de
Eleições Autárquicas, para, desse modo, permitir uma maior
participação popular, nos processos políticos, através da
percepção directa da sua vantagem real, enquanto instrumento
de resolução efectiva dos seus problemas.
Essa
é a nossa sugestão e proposta concreta! Com uma condição: que as
regras sejam claras para que o acto eleitoral tenha garantia de
fiabilidade!
Efectivamente,
os diversos Governos, que se têm formado, no País, têm prestado
mais atenção às exigências dos doadores internacionais do
que às necessidades concretas do Povo Guineense.
É
tempo de se inverter as prioridades!
Se
assim se fizer, em pouco tempo, a Democracia Guineense tornar-se-á
uma realidade, digna de respeito, ao contrário da farsa desprezível
que tem caracterizado os actos eleitorais, nos últimos anos!
É
a falta de Verdade Democrática a causa principal da instabilidade
política, na Guiné-Bissau.
Pela
pressão internacional, dos últimos meses, torna-se evidente que a
repetição da mesma situação se prepara, com
carácter de urgência, para a reposição do Partido
Único no Poder e a sua blindagem duradoura, com a garantia de
repetição de violência, que sempre caracterizou o seu modo de
governação, em troca de favores inconfessáveis, e sempre em
prejuízo do nosso Povo!
A
Democracia pode, e deve, ser melhorada na Guiné-Bissau, através da
adopção de uma política de Verdade e Realismo, mais
inclusiva e patriótica, menos classista e preconceituosa.
Há
várias formas de conseguir esse objectivo. Uma delas passa (como
dissemos anteriormente) pela realização de Eleições Autárquicas,
que, pela sua especificidade, permitirão pôr fim ao esquema de
corrupção e monopólio político que preside actualmente a nomeação
dos Governadores das Regiões e dos Sectores.
Se
não se der a devida atenção a essa outra realidade da nossa
governação, as conquistas do passado, assim como a Liberdade, que
elas garantiam, poderão tornar-se, cada vez mais, uma miragem
distante e inalcançável.
Ora,
com a aproximação das Eleições Gerais, no final
deste ano, deve-se desenvolver os esforços necessários para
assegurar a sua realização em condições de efectiva
credibilidade, em ordem à consolidação do nosso sistema
democrático (ainda muito frágil, pelos motivos que todos
conhecemos).
Para
tal, deverá dar-se especial atenção à Comissão
Nacional de Eleições (CNE) e
ao Gabinete Técnico de Apoio à
Administração Eleitoral, que
devem ser reformadas, no sentido de ganho de eficiência,
imparcialidade e transparência.
Esse
é o mínimo razoável para a garantia de uma verdadeira Democracia
participativa, que se transformará,
então, num autêntico factor de
desenvolvimento económico e social,
um mecanismo de equilíbrio do
poder, entre as principais
forças políticas e os diversos actores sociais, tendo por base
regras jurídicas claras,
aplicadas de forma justa e
transparente, numa óptica do
Estado de Direito respeitável.
Caberá
ao Povo Guineense fazer do seu País um lugar
mais digno para se viver, em Paz e
Estabilidade, numa base de
Solidariedade Fraterna, sem distinções de qualquer espécie!
Da
conquista de Direitos
ao
exercício da Cidadania
Para
a efectivação dos direitos de participação democrática, através
de eleições, o Estado da Guiné-Bissau deverá avançar, em termos
legislativos, no sentido de reconhecimento e protecção dos direitos
de cidadania.
A
falta desse reconhecimento levou a que o País se fosse degradando,
ao longo de décadas, como consequência de assassinatos de altas
figuras do Estado, sem que os responsáveis sejam chamados à
Justiça.
Apesar
de ser parte em Tratados Internacionais, que protegem os Direitos
Humanos, o Estado da Guiné-Bissau ainda está aquém no que respeita
à discriminação racial ou de género, na concessão da
nacionalidade.
Em
nossa opinião, todos os Cidadãos Guineenses, quer os
portadores de Nacionalidade originária, quer a adquirida, devem
poder ter participação política e pleno exercício de Cidadania,
através do voto, desde que estejam preenchidos os requisitos legais.
Poderão
existir algumas restrições aos direitos políticos, por exemplo,
para ser membro do Parlamento, dos Serviços Diplomáticos e das
Forças Armadas.
Actualmente,
pode dizer-se que, na Guiné-Bissau, as principais barreiras ao
exercício da cidadania parecem estar relacionadas com as
desigualdades de género e de riqueza, com a pobreza e o
analfabetismo, e, para a maioria da População, à falta de
acesso às estruturas formais do Estado.
No
entanto, a presença das Mulheres, em posições políticas e nos
Órgãos do Estado, parece não estar a conduzir a uma maior
igualdade de género.
A
nosso ver, as Mulheres, no nosso País, não têm muito o hábito de
participação, nas decisões políticas, ou, se o fazem, não
imprimem à sua participação um carácter de defesa dos seus
próprios interesses.
Torna-se,
por isso, necessário, que o Governo e os Partidos Políticos assumam
uma posição mais activa, no tocante às questões do género, de
modo a que este não seja um obstáculo ao pleno exercício da
cidadania por parte das Mulheres.
Para
garantia do pleno exercício da cidadania, é importante que a
Guiné-Bissau se esforce por cumprir os Objectivos do Desenvolvimento
do Milénio (ODM), com vista à mudança necessária do modelo
de desenvolvimento económico, adoptado pelos sucessivos
Governos.
Urge,
por isso, reconhecer a importância da redução dos níveis de
pobreza (que ainda aflige a maioria dos Guineenses), pois
conduz ao aumento da desigualdade económica e social
entre os Cidadãos.
Conclusão
As
diferenças económicas entre as várias regiões do país e a
falta de ligações entre os diversos sectores da economia são
alguns dos problemas estruturais que continuam a afectar a
sociedade Guineense.
Essas
desigualdades e desequilíbrios proporcionam situações de
injustiça, que desfavorecem as pessoas, em razão da sua classe
social ou região de nascimento, podendo constituir motivo de
preconceitos sociais, que importa extirpar da
nossa sociedade, para se prevenirem práticas
discriminatórias, entre Guineenses, com base no seu nascimento, ou
residência, numa certa Região do País, ou afectação à uma
certa classe social.
Às
desigualdades de género e às dificuldades económicas somam-se
problemas educacionais, que afectam sobremaneira o
exercício da cidadania.
Por
outro lado, as taxas do analfabetismo, no País,
continuam bastante elevadas, de acordo com os dados mais recentes do
Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas
Num
contexto de pobreza generalizada, resultante de desigual
distribuição dos rendimentos do trabalho e da riqueza, de
baixo nível de penetração do sistema formal de Educação,
e de desigualdade de género, é imperativo constatar que,
apesar do reconhecimento, na Constituição da República da
Guiné-Bissau, duma vasta gama de direitos civis, políticos, sociais
e económicos, a efectiva participação política e o exercício
de direitos de cidadania, para a grande maioria da População
Guineense, ainda é uma miragem, sendo, desse modo, afectados os seus
direitos, enquanto Cidadãos.
Não
obstante as dificuldades, de todos conhecidas, o País deverá
continuar os esforços para melhorar, nas mais diversas
áreas de intervenção politica, abrindo canais para uma
interacção efectiva, entre o Estado (e os Partidos
Políticos) e os Cidadãos, em geral, através de reformas, ao
nível local, numa óptica de descentralização política,
para assim, poder facilitar o envolvimento dos Cidadãos nos assuntos
públicos e agilizar a resolução dos seus problemas, ao nível da
administração regional e sectorial.
Poderá,
assim, alcançar-se a essência de uma política de
inclusão social e económica, através
da participação efectiva dos Cidadãos,
no acto da Governação, integrando aqueles na discussão
pública de assuntos de seu interesse directo, para que as
iniciativas produzam resultados e se transformem em verdadeiros
mecanismos de participação popular, tanto na formulação
das políticas, como na sua concretização, através de
arranjos institucionais, que englobem as organizações da
sociedade civil, devidamente capacitadas para responder, de
forma activa e positiva, às necessidades concretas dos Cidadãos.
PARTICIPA COM A TUA OPINIÃO!Conhecendo a realidade do País, você estará colaborando para a Paz e Estabilidade, na Guiné-Bissau, pelo Caminho da Verdade e da Justiça Social!Por isso, leia o nosso próximo Tema, nesta Plataforma, no dia 20.04.2013Colabore connosco! Dê a sua sugestão! Por uma Guiné Melhor, mais Digna e Desenvolvida! Pelas futuras Gerações e pela nossa! Por uma Paz Criativa, na nossa Sociedade, pela Unidade e Fraternidade entre os Guineenses!Esse é o nosso objectivo! Nada mais!
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