É
com a força do querer, aliado à determinação e à persistência,
que o homem vence obstáculos, alcança os fins a que se propõe, faz
as mudanças, vive o sucesso.
“No
meio do caminho tinha uma pedra/ Tinha uma pedra no meio do
caminho...”(Drummond de Andrade). Olhei para ela e não se mexeu!
Desejei um caminho sem a pedra, mas, como desejo, não passava de
sonho, quiçá de imediatista fantasia. Explodi em vontade de a
remover. E, por deliberante autoconciencia esclarecida pela logica e
pela razão, conclui que a pedra continuaria no meio do caminho,
apesar da intensidade da vontade sentida, não fosse um intencional
agir pessoal, a assunção de atitude adequada á finalidade apontada
pela vontade, um caminho feito com a força do meu querer, o fazer
acontecer a remoção da pedra. Agir é, acima de tudo, querer agir,
é querer que algo aconteça. Valorizei a representaçãodo objectivo
a alcançar e assumi a responsabilidade por uma escolha livre fundada
em exercicio de liberdade propria da vontade. Recorrendo aos meios
propriados – talentos, experiencia e habilidades – removi a
pedra. Finalmente, deixeide ter “esta” pedra no meio do
caminho!...
Agir
Poderia
ter escolhido não remover a pedra do caminho, não seguir a direção
apontada pela vontade, previlegiar a abstrução à decisão de a
remover, valorizar eventual risco fisico ou incómodas incompreensões
de outrem, ceder à passividade em vez de seguir a explosão da
vontade e transformar em querer incoercível – em dever. Mas segui
o caminho da realização. Segui a liberdade da vontade no sentido
dado por Kant, como << a faculdade de se determinar a si mesa a
agir em conformidade com a representação de certas leis”. Fui
pessoa, com racionalidade propria, a mesma que subjas à minha
tomada de decisões fundada na educação de querer. Tomada de
decisão que poderia se r igualmente tomada por outrem face às
mesmas circunstacias, que seguiu regras genéticas e que
correspondeu ao dever de fazer acontecer um ato de bondade para mim e
para os que necessitam daquele caminho.
Senti
que cumpri um dever, consciente de que um querer não exclui a
surpresa. No cumprimento do dever, encontrei o conforto e alegria da
recompensa associada a uma ação moralmente elevada e passivel de
louvor pela comunidade. Tinha escolhido um caminho imparcial. Não
sendo o querer axiologicamente neutro, este meu querer era do dominio
do bem.
A
força do querer
Por
outro lado, confrontado com as minhas circunstacias, a resultante do
meu juízo não permitia aconchegar o remorso que seria gerado pela
indeferençia. A resultante era, antes, favorável ao comprimisso
para a ação. Assim, quis mesmo querer! Quis um querer, gerado na
minha interioridade, que foi ato consciente e fruto da razão,
diferenciador da unicidade do homem e de todo o homem, na sua
vivência como ser em relação.
É
com a força do querer, aliado à determinação e a persistencia,
que o homem vence o obstaculos, alcança os fins a que se propõe,
faz as mudanças, vive o sucesso.
A
vontade racional e o querer consciente do homem, no tempo presente,
entroncam numa memoria do passado, pela cultura e pela esperança,
gerando “saudade do futuro”. Por isso, os atos volitivos do homem
prolongam um tempo já vivido e fazem ponte para um tempo a viver.
Uma dimensão do querer do homem em cada geração é, assim, também
sentido como dever de acrescentar algo ao patrimonio herdado – o
dever de fazer cultura. Por outro lado, a consciencia desta
perenidade dá sentido à ânsia do homem de agir pelo bem e para o
bem, para que o contributo para memoria que o querer individual
determina seja memoria amada e modelo lembrado no porvir.
No
querer próprio, cada homem verte toda a sua densidade identitaria,
toda a diferença que carreia para humanidade. Sendo verdadeiro, na
perenidade da sua memória se espalhará a verdade do seu caráter.
Sendo cultor da sua vontade, nunca se há de quixar da escuridão da
noite, antes acenderá as velas que lhe iluminem o caminho e o
sinalizem a futuros caminhos.
Não
Ter
Quem
não for capaz de construir o seu próprio querer, torna – se
escravo do querer outrem. Hoje, num tempo em que reina um
confrangerdor utilitarismo esclavagista da vontade humana e do livre
– arbitrário, o homem vem sendo sujeito às formas mais
despudoradas e violentas de “marketing” destinadas a neutralizar
o querer próprio e a criar falsas necessidades geradoras de
infelicidade com o não “ter”.
Hoje,
escandalosamente incensado o “ter”, neutralizadas múltiplas
dimensões da vontade e do querer, resta o homem o esforço do
caráter e a revolta contra este colete de forças dominador. Para
voltar a ser genuíno e a ter direito à sua diferença, para vencer
a tragédia do não querer e saber que só consegue resistir aquele
que quer resistir, para voltar a ser dono da sua vontade e do seu
querer.
Homem
que seja dono, enfim, como recomenda Agostinho da Silva, de “uma
inteligencia, e não manhosa, altruísta, e não virada ao sujeito,
pedagogica, e não sedenta de dominio”, e um querer que “tenha
sua origem e seu apoio em coração aberto à nobreza, à beleza e à
justiça”.
por:Wilkinne
por:Wilkinne
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