Poderíamos ter feito mais e melhor mas, o mais importante neste momento é
encararmos o futuro com determinação para que nunca mais se regista casos de
instabilidade que conduzam a interrupção da Legislatura. De igual modo devemos
lutar para que a estabilidade permanente seja uma realidade na
Guiné-Bissau”.
- Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular
- Senhor Primeiro-Ministro
- Senhora Presidente do Supremo Tribunal da Justiça
- Senhor Procurador Geral da República
- Senhor Presidente do Tribunal de Contas
- Senhor Presidente da Câmara Municipal de Bissau
- Chefe de Estado Maior General e demais Chefias Militares
- Distintos Representantes dos Combatentes da Liberdade da Pátria
- Senhores Embaixadores, Representantes de Países Amigos e das Organizações Internacionais
- Distintos Representantes dos Partidos Políticos
- Distintos Representantes das Confissões Religiosas
- Senhores Representantes da Sociedade Civil
- Senhores Representantes dos Trabalhadores e dos Empresários
- Senhores Representantes das Associações Desportivas, Recreativas e Culturais
Minhas Senhoras e Meus
senhores
Há quarenta anos atrás, naquela fulgurante aurora,
milhares de compatriotas nossos liderados pelos pais fundadores, assistiram com
incontida emoção e orgulho nas históricas e maravilhosas Colinas de Boé e
vivenciaram a transformação em realidade do sonho acalentado durante séculos de
dor e de esperança. Uma Guiné-Bissau, Pais livre e independente, senhor do seu
destino, em que de ora em diante os seus filhos passariam a pensar com
a própria cabeça e a caminhar com os seus próprios pés.
É verdade que então, parte do nosso sagrado Chão
continuava a ser ilegalmente ocupada à margem do direito internacional,
porquanto confirmada, por uma delegação da ONU a existência de áreas libertadas
de mais de 2/3 do nosso território com as respectivas estruturas
político-administrativas, a Assembleia Geral das Nações Unidas viria a
ratificar o que já era um facto inquestionável e a nossa soberania ser
reconhecida no concerto das nações por um conjunto de mais de oito dezenas de
Países atravessando transversalmente todos os blocos político-ideológicos em
que o mundo então se encontrava dividido na altura.
Importa recordar aqui que em 1960 a Assembleia Geral
de ONU havia aprovado a Resolução Nº 1514 sobre a concessão de independência
aos Países e Povos colonizados e proclamou a necessidade de por fim, rápida e incondicionalmente, ao colonialismo sob
todas as formas e todas as manifestações.
Compatriotas!
Dito isto, quero na vossa presença, aqui e agora, com
toda a solenidade do meu cargo, dirigir-me de um modo muito reconhecido àquelas
senhoras e senhores, irmãos nossos, que com sangue, suor e lágrimas,
contribuíram conjuntamente com outros que infelizmente já nos deixaram, para a
realidade que acabei de descrever.
Vós sois testemunhas vivas do carácter invulgar da
mestria e da estratégia político-militar que conduziu à nossa independência sob
sabia orientação do imortal líder Amílcar Cabral e seus camaradas.
Bem hajam Senhoras e Senhores Antigos Combatentes.
A Republica da Guiné-Bissau e o seu povo jamais se
esquecerão do vosso heroico feito. Os vossos sacrifícios não foram em vão e
enchem-nos de orgulho, por isso estamos aqui hoje.
Minhas Senhoras e Meus
senhores
Consolidadas as posições conquistadas no terreno do
ponto de vista militar ao domínio colonial, importava avançar para uma ampla e
inteligente frente diplomática que conduzisse ao reconhecimento, pelo mundo da
nova realidade do que era ate aqui uma mera colónia sob dominação do regime
português. A nossa resistência entrava numa nova fase: a da diplomacia.
É assim que a partir de 1971, o foco central da
estratégia de Cabral, expressa nas diversas viagens pelo mundo fora, visava no
fundamental, o reconhecimento internacional da nossa independência. Pois
já tínhamos atingido os três objectivos estratégicos a saber:
Uma máquina administrativa capaz de realizar um
processo eleitoral em tempo de guerra; Um território delimitado e finalmente
uma população específica e controlada
De facto o Mundo não podia ignorar esta realidade,
pelo que a proclamação da nossa independência era só uma questão de tempo.
Importa ainda destacar que, ao mesmo tempo que no
plano internacional se dava ênfase à acção diplomática, no plano interno
desenvolviam-se todos os aspectos administrativos e logísticos que viriam a
permitir a realização do primeiro recenseamento eleitoral precedido de uma
intensa campanha de informação e esclarecimento sobre o acto eleitoral.
Desse longo processo eleitoral, que decorreu entre
Agosto de 1971 e Abril de 1972, resultou a eleição dos delegados para a
Assembleia Constituinte que viria a proclamar a independência nacional a 24 de
Setembro de 1973, em Lugajol, situado nas históricas Colinas de Boé.
Apraz-me realçar, como antigo parlamentar o aspecto
transparente de todo esse processo eleitoral. Com efeito, tendo sido
recenseados 83 mil eleitores, registou-se uma participação efectiva de mais de
77 Mil eleitores correspondendo a uma taxa de participação de aproximadamente 93
porcento que maciçamente responderam SIM a proposta apresentada.
Ao revisitarmos hoje esse passado de que muito nos
orgulhamos de ser seus legítimos continuadores, importa que aproveitemos esta
solene ocasião para fazermos o balanço do percurso já feito da nossa breve
caminhada enquanto nação soberana, para melhor podermos perspectivar o futuro
que temos a nossa frente.
PRT Manuel Serifo Nhamajo a cumprimentar uma criança
durante a comemoração dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau
Caros Compatriotas,
Ao longo destes 40 anos da nossa independência e
apesar de todas as dificuldades próprias de um País recém - independente, após
aproximadamente década e meia de intensa luta com as inevitáveis percas humanas
e materiais o Pais tem vindo a registar importantes avanços em todas as áreas
de actividade: Vejamos alguns poucos mas significativos exemplos em sectores
chaves importantíssimos para o nosso desenvolvimento sustentado:
Na Educação
A taxa de analfabetismo que em 1974 situava-se em
cerca de 95% e progressivamente foi baixando até 68%, isto de acordo com o
ultimo censo.
O numero de estabelecimentos de ensino primário que
rondava dezenas de escolas circunscritas às capitais administrativas que
forneciam alunos para o único liceu provincial, o Liceu Honório Barreto.
Actualmente o País dispõe de mais de 2522 escolas entre o ensino primário e
secundário, para além das 5 universidades definitivamente instaladas.
Os recursos humanos envolvidos no sector educativo de
entre os quais temos 11463
professores, sem contar com os quadros administrativos e auxiliares.
Na Saúde
A cobertura sanitária hoje existente no país, apesar
das limitações orçamentais, apresenta hoje indicadores positivos que interessa
realçar.
Em termos de infraestruturas sanitárias o País
dispunha de umas poucas unidades hospitalares e centros de saúde. Actualmente
temos um Pais com uma taxa de cobertura sanitárias totalizando mais de uma
centena de unidades. Com efeito, para além do Hospital Central de Bissau e do
Complexo Hospitalar Militar que presta serviços a população em geral, todas as
capitais regionais dispõem de um hospital.
Subsidiariamente o País ainda dispõe de centros de
saúde onde se pratica politica de saúde de proximidade em cada um dos 39
sectores que compõem a estrutura administrativa de base com os recursos humanos
qualificados em todos os domínios, num total de 2784 agentes, entre médicos,
enfermeiros, técnicos e outros, isto quando em 1974 havia apenas, 266 agentes
sanitários em todo o país.
Na Agricultura
Como sempre tem sido referido o sector da agricultura
constitui um dos pilares estratégicos do nosso desenvolvimento.
Com efeito a existência de um solo potencialmente rico
conjugada com abundância da água, um clima favorável e recursos humanos,
constitui um factor de garantia para a nossa segurança alimentar.
O sector agrícola é a fonte de rendimento de cerca de
80% da nossa população, contribuindo com cerca de 48% do produto interno bruto,
destacando-se a produção de cereais com um volume aproximado de 200 mil
toneladas e outros tantos de produção de castanha de caju.
Se é verdades que ainda não conseguimos garantir a
nossa auto-suficiência agrícola, temos a realçar uma gradual e constante da
produtividade do sector, graças a formação de quadros, a progressiva
mecanização e a introdução de novas tecnologias.
Nas Infraestruturas
Herdamos um país com apenas 300 Kms de estradas
revestidos. Apesar de todas as vicissitudes ao longo destes 40 anos de
independência, a aposta na infra- estruturação rodoviária do país permitiu-nos
dispor hoje de mais 700 kms de estradas asfaltadas e quase dois mil kms de
rodovias em terra batida. Há a destacar ainda ao nível da comunicação
rodoviária as construções das pontes Amílcar Cabral e a Euro-Africana às quais
há acrescentar as pontes de média dimensão como são os casos de Contuboel e
Djurbrik.
Ao nível das infra-estruturas portuárias e
aeroportuárias destaca-se a construção do novo cais de Bissau e o cais de pesca
de alto Bandim bem como a ampliação da pista do aeroporto internacional Osvaldo
Vieira e a construção da nova aerogare.
Na Justiça
Da justiça já se falou, fala-se e certamente se
continuará a falar. Numa sociedade emergente de uma tenaz resistência
politico-cultura ao serviço do bem-estar do homem guineense, a justiça ocupa um
lugar cimeiro, por isso dela se falou, se fala e se falará sempre.
Na verdade volvidos 40 anos apraz-nos registar a nossa
caminhada nesta área. De uma justiça inexistente à data da independência, o
país hoje dispõe de 32 Tribunais incluindo o Supremo Tribunal de Justiça, o
Tribunal de Contas e o Tribunal Militar, servidos por cerca de centena e meia
de magistrados complementados por aproximadamente 150 advogados, todos com
formação jurídica universitária, além de outros operadores judiciários com
formações específicas no sector da justiça.
Importa destacar que, se no princípio o país recorria
a universidades de países amigos, hoje a grande maioria dos nossos quadros
nesta área são formados localmente, garças ao investimento feito na criação e consolidação
da faculdade de direito de Bissau, que apesar dos constrangimentos de que tem
sofrido ultimamente, mantém o nível e a qualidade reconhecida por todos.
Na Administração Publica
Não é segredo para ninguém que a nossa administração
pública sofreu um grande impacto em termos organizativos com a sua
transferência das zonas libertadas para a capital. Esse impacto constitui hoje,
entre outros, um dos factores bloqueadores da imperiosa modernização de que
carece a nossa administração pública. Ela tem beneficiado de algumas reformas
que importa dar continuidade.
Na Cultura
Dado que a Cultura é o sector que informa toda a
actividade da vida de uma nação, vejamos o que foi feito neste domínio no
decurso destes 40 anos. E porque nesta matéria se encontrava numa fase
incipiente do seu desenvolvimento, logo nos primeiros anos foram criados
algumas infra- estruturas culturais, nomeadamente Balé Nacional, Nacional,
Escola da Musica José Carlos Schwarz, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa,
o Museu Etnográfico nacional que muito contribuíram para internacionalização da
divulgação da nossa cultura no domínio da música danças e outras formas de
manifestações culturais do nosso povo.
Minhas Senhoras e Meus
Senhores
O País enfrenta hoje sérias dificuldades em praticamente
todas as áreas da nossa vida comum.
Compete assim ao Presidente da Republica nesta solene
ocasião levantar a sua voz para apelar a nação, que é uma obrigação de todos,
conjuntamente continuarmos a obra dos nossos pais fundadores para promover o desenvolvimento
sócio- económico do País e criação de condições, para uma convivência
harmoniosa de paz, tranquilidade, bem-estar e justiça social para todos sem
excepção.
Para alcançarmos esse desidrato, não posso deixar
de destacar a atenção que devem continuar a merecer e agora, até de forma
redobrada, às nossas autoridades em particular, mas também a toda a comunidade
nacional, sectores fundamentais para o nosso desenvolvimento e que por isso
devem constituir os vectores estratégicos da nossa actividade da próxima
década. Refiro-me as apostas sérias que devemos fazer no sector da educação,
saúde, agricultura, infra-estruturas, reestruturação da nossa administração
pública, assim como na reforma e modernização do sector da defesa e segurança.
De facto se atrás destacamos importantes realizações
não podemos ignorar que as constantes crises políticas que o Pais tem sofrido e
a circunstância de não se ter podido conduzir nenhuma legislatura até ao fim,
torna evidente que muito mais se poderia e deveria ter sido feito.
Na Sociedade Civil
A nossa vibrante e empenhada sociedade civil através
das suas entidades representativas nomeadamente sócio - profissionais,
sindicais e patronais, religiosas e organismos cívicos de defesa de direitos
humanos, reitero o meu respeito, toda a minha consideração pela luta que em
nome dos seus representados. Aproveito para lançar um desafio a que continuem
nessa senda com redobrado esforço em prol da causa comum, pois o país disso bem
precisa.
A Juventude
À nossa estimada juventude, queremos deixar uma
palavra de reconhecimento, apreço e exortação. O futuro a vós pertence e em vós
depositamos toda a esperança e o acreditar deste nosso país.
Os tempos que correm não são fáceis para ninguém e,
logicamente, para a juventude ainda mais. Conheço e partilho das vossas
angústias, na educação, na formação técnico-científica, no desporto e nesses
últimos tempos com a infeliz realidade do desemprego jovem.
É nossa convicção de que o futuro será risonho e, por
isso, vale a pena lutar e lutar sempre.
Na Politica Externa
A Comunidade Internacional em geral e as organizações
internacionais aqui presentes, nomeadamente, as Nações Unidas, a União
Africana, a CEDEAO e a UEMOA cujos digníssimos representantes aqui presentes,
saudamos vivamente. A todas estas instituições e demais parceiros da cooperação
queremos reafirmar que as autoridades políticas de transição desejam manter e
aprofundar os laços de cooperação que sempre nos uniram, desde os primórdios da
nossa independência.
Como Presidente da República de Transição agradeço em
meu nome e no do povo guineense a todos esses países amigos e organizações
internacionais solidárias que decidiram juntar-se a nós nesse grande esforço
que temos vindo a fazer para conduzir o Pais a bom porto no seu almejado processo
de desenvolvimento Socioeconómico.
Por outro lado, gostaria de aproveitar esta
oportunidade no sentido de lançar um veemente apelo a comunidade internacional
no sentido de tudo fazer para que sejam levantadas as injustas sanções e
contribuir positivamente para a realização das eleições gerais que todos
desejamos.
Estimados Irmãos da Diáspora
Em muito das minhas intervenções como Primeiro
Magistrado da Nação nunca deixei passar em claro, sempre que fosse oportuno sem
destacar o importantíssimo papel que a diáspora hoje desempenha no nosso
processo de desenvolvimento socioeconómico e o reconhecimento que a Nação tem
desse facto. Quero por isso, reafirmar-lhes que apesar dos rumores nefastos que
circulam em alguns dos meios da comunicação social reiteramos tudo que foi dito
na nossa intervenção de há um ano, no que concerne a sua efectiva participação
de pleno direito em todo o processo eleitoral que está em perspectiva.
Estais longe fisicamente da terra que vos viu nascer
mas da mesma maneira que os vossos corações palpitam nobres sentimentos
pátrios, os vossos irmãos no País e o Presidente da Republica vos mantêm sempre
presentes nos seus pensamentos.
Minhas Senhoras e Meus
senhores
Caros Compatriotas
Permitam-me que repita de novo esta frase: “No barco
da conciliação, estou e tudo farei para embarcar os Guineenses sem excepção.
Desde a primeira hora que falei de inclusão e podem
crer que não pouparei esforços para a união de todos os guineenses, nesta
Pátria de Cabral.”
O País precisa de apaziguamento, de uma verdadeira
reconciliação e de se reencontrar consigo próprio. É meu dever enquanto
Presidente da Republica de Transição de contribuir para que todos os Guineenses
continuem a viver juntos e em harmonia, sem distinção de raças, religiões, de
proveniência social ou de convicções ideológicas.
Concidadãos,
Devemos comungar dos mesmos valores, dos valores da
república. Este é o meu imperioso dever. Este é um imperioso dever de todos
nos, cidadãos deste país.
Os 40 anos a pensarmos pelas nossas próprias cabeças e
a caminharmos com os nossos próprios pés, apesar das tremendas dificuldades
provam-nos que valeu a pena, e é com profunda convicção que termino dizendo:
Durante esses 40 anos poderíamos ter feito mais e
melhor mas, o mais importante neste momento é encararmos o futuro com
determinação para que nunca mais se regista casos de instabilidade que conduzam
a interrupção da Legislatura. De igual modo devemos lutar para que a
estabilidade permanente seja uma realidade na Guiné-Bissau.
Quanto ao fim da transição, reafirmamos que da nossa
parte tudo tem sido feito de acordo com os compromissos assumidos. Por isso,
continuamos esperançados de igual atitude por parte de todos os nossos
parceiros internacionais.
O Estado da Guiné-Bissau está firmado nos bons
costumes do seu Povo e na heroicidade e capacidade laboriosa dos seus cidadãos.
Esta é a minha crença
Bem Hajam.
Muito Obrigado
Areolino Lopes da Cruz Por favor, façam o mínimo de esforço para ajudarem o homem (BUBO NA TCHUTO) na enrascada com a justiça Americana, por amor de Deus, este é o meus pedido, especial, que tenho para vos fazer, Srs "INTEBAS" intelectuais balantas.
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