Bissau – O porta-voz das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Daba Naualna, insurgiu-se contra as críticas do antigo Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, numa entrevista exclusiva com a GBissau.com. (Ouvir aqui a entrevista de Daba Naualna)
Esta semana, o Comandante Pedro Pires, que é também um antigo guerrilheiro pela luta da independência da Guiné e de Cabo Verde, teceu duras críticas contra os militares guineenses que, na sua opinião, transfiguraram-se “em instrumento de tirania e de delinquência”. A entrevista de Pedro Pires, um dos principais comandantes militares do PAIGC, foi concedida ao jornal Expresso de Portugal, a propósito dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau.
Em resposta, Daba Naualna que foi recentemente promovido a brigadeiro-general, afirmou que “Pedro Pires está localizado à distância da Guiné” e por isso “não sabe o que diz e não diz o que sabe,” mesmo julgando-se “conhecer a Guiné.”
No ponto de vista do porta-voz das FARP, “nós aqui não somos um bando de delinquentes e acho que há mais delinquência em Cabo Verde do que na Guiné-Bissau. Quem conhece sabe que assim é”.
Naualna foi ainda mais longe, incutindo uma parte da responsabilidade histórica a Cabo Verde. Para este alto oficial guineense, “Pedro Pires devia também pensar que Cabo Verde também é o responsável pela situação que a Guiné-Bissau passa. Temos Combatentes da Liberdade da Pátria que não só lutaram para a independência da Guiné, mas também para a independência de Cabo Verde e Cabo Verde não dá um centavo para a ajudar a vida dos combatentes guineenses”.
Mas, as recentes declarações do ex-presidente cabo-verdiano vão ao encontro às preocupações de muitos cidadãos guineenses e tantos outros organismos internacionais, devido às convulsões político-militares da Guiné-Bissau, resultantes das constants intervenções das Forças Armadas na vida política do país.
Embora reconheça a existência do tal problema, Daba Naualna disse que a culpa não é somente dos militares. “As pessoas que dizem que os militares são os responsáveis de tudo são indivíduos que não gastam nem sequer uma hora do seu tempo útil para reflectir sobre o país. É falacioso. É que as pessoas não sabem o que está na origem de tudo isso”, declarou o brigadeiro-general.
Para ele, o cúmulo do problema é a total “desorganização” do Estado guineense:
“O país está completamente desorganizado. A administração pública é uma desorganização, a política é uma desorganização, as Forças Armadas consequentemente o são.
As pessoas querem o impossível em relação às Forças Armadas. Quem organiza as Forças Armadas é o poder político e como o poder político está mau, não há como organizar as Forças Armadas. Eu até ainda digo: temos ainda a sorte de termos as Forças Armadas que temos. Se tivéssemos as Forças Armadas que quisemos, até teríamos militares com mais visão de que os políticos. E quando isto acontece, os militares acabam por assumir o poder, porque acabam percebendo de que os políticos não sabem nada.
As Forças Armadas da Guiné-Bissau estão desorganizadas tal como o aparelho de Estado e a administração pública. O Parlamento é uma tristeza completa. Temos deputados analfabetos e completamente iletrados que vão para o Parlamento para dormir e serem pagos com o dinheiro do erário publico. Isto é gravíssimo.Podemos desmobilizar os antigos combatentes todos, mas se continuarmos com a mesma desorganização, não tenho a dúvida, os conflitos vão continuar. É o próprio sistema que está pobre, não os indivíduos. O sistema está mau e deve ser reconstruído”.
O Papel de Cabo Verde na Captura do Almirante Bubo Na Tchuto
“A captura do Almirante foi uma coisa muito triste. Pedro Pires disse que o Almirante foi capturado no alto mar, quando toda a gente sabe que ele foi capturado nas ilhas da Guiné com o apoio da Polícia cabo-verdiana. Foi o mesmo que tentaram repetir agora. Vieram cá fazer espionagem com o pretexto de que trouxeram uma senhora. Quem traz uma senhora que é condenada ao tráfico de droga e não a entrega para as autoridades da Guiné? Mesmo que Cabo Verde não reconheça o Governo de Transição, havia de reconhecer as autoridades administrativas, como a Polícia Judiciária guineense. Portanto Cabo Verde não tem explicações para nos contar, embora haja algumas bocas internas aqui que são os porta-vozes de Cabo Verde…”
“Cabo Verde tem assumido esse papel da Guarda Pretoriana da Europa e de ser vassalo sempre de Portugal e doutros países da Europa”.
Liga Guineense dos Direitos do Homem (LGDH)
“A Liga quase serviu-se como advogada dos cabo verdianos e sabemos quem são eles. Luís Vaz Martins é o propagandista de tudo isto. Eles disseram que conseguiram ver a senhora para poder limpar a face e a porcaria que o Governo cabo-verdiano fez contra nós. A Liga deixou de ser a Liga dos Direitos Humanos para ser um partido político. Eu não acredito na Liga, o Governo guineense não acredita na Liga. E ninguém acredita na Liga senão a Liga em si própria”.
Agostinho Moura A VOZ DE GRANDE HOMEM DE ESTADO MAIOR GENERAL É OUVIDA EM TODO MUNDO.
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