Haverá casos de rapto de crianças? Haverá
uma única queixa já apresentada às autoridades judiciais sobre eventuais raptos
de crianças na Guiné-Bissau? As autoridades civis, policiais e militares
do país são unânimes: “não”, respondem.
Por Umaro
Djau
Mesmo assim, medidas preventivas estão em marcha, face
aos rumores levantados nos últimos dias pela população guineense, sobretudo
pelos residentes de Bissau. As autoridades do país já criaram um Comité Técnico
do Ministério Público para se inteirar, no terreno, sobre as alegações de rapto
de crianças.
Este comité é composto por membros da camada judicial,
das instanciais policiais, assim como da sociedade civil guineense. Pretendem
tomar “todas as diligências” junto da população para saber se de facto existem
ou não casos de rapto, revelou uma fonte com o conhecimento do assunto.
Durante esta sexta-feira, várias reuniões tiveram
lugar em Bissau para acertar uma estratégia comum sobre a forma mais eficaz de
apurar a veracidade ou não das alegações sobre a existência de uma rede de
traficantes de crianças na Guiné-Bissau.
Suspeitas resultaram na morte de um cidadão
nigeriano. A vítima mortal era um comerciante nigeriano e tinha 35 anos de
idade, revelaram as autoridades guineenses. De acordo com as mesmas, o
malogrado teria sido agredido até à morte no bairro de Massacobra (arredores de
Bissau), depois de lançados rumores na capital de que cidadãos nigerianos
estariam a raptar crianças.
48 horas depois, as autoridades judiciais da
Guiné-Bissau indiciam doze (12) pessoas, suspeitas de terem participado no
“linchamento mortal e incitação à violência e ódio xenófobo”, conforme um
despacho do Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Abdú Mané.
BISSAU, UMA CIDADE QUE VIVE DE RUMORES
Enquanto este caso encontra-se na fase
embrionária, Bissau alimenta-se de rumores. E este facto em nada tem a ver com
a ausência de informações credíveis, mas a desconfiança do cidadão em relação
ao Estado e às suas instituições. E este relacionamento atingiu o seu ponto
mais baixo, sobretudo depois do Golpe de Estado de 12 de Abril.
Nos dias que passam, é difícil distinguir
reivindicações genuínas daquelas com motivações políticas. Mas, a morte desse
cidadão nigeriano parece ter aberto uma nova saga, conforme afirma um elemento
da sociedade civil guineense, que nos falou em condição de anonimato:
“a situação da violência, na minha perspectiva, trata-se apenas de um mero pretexto da população para exteriorizar um descontentamento generalizado sobre a difícil situação social e económica com que o país se depara”.
A tal “situação de violência” trata-se do facto
da cidade de Bissau ter sido sacudida na passada terça-feira, 8 de Outubro,
quando um grupo de cidadãos “descontentes” com as denúncias de rapto e tráfico
de crianças na Guiné-Bissau, cercaram a embaixada da Nigéria no país, o
que terá obrigado a intervenção da Guarda Nacional, assim como das forças da
CEDEAO, a ECOMIB.
Sim, em Bissau fala-se de raptos de menores, “mas
na verdade ninguém conseguiu apresentar um [único] caso em concreto de tráfico
ou rapto de crianças”, confidenciou a nossa fonte da sociedade civil.
O SENTIMENTO ANTI-NIGÉRIA
E se houvesse raptos, porque é que os mesmos
teriam de ser tacitamente perpetrados pelos cidadãos nigerianos? Esta tem sido
a pergunta de muitos guineenses e de tantos outros organismos internacionais
O ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da
Nigéria, Nurudeen Mohammed, parece ter a sua suspeita. Para ele, “alguns grupos
políticos na Guiné-Bissau não vêem a Nigéria com bons olhos, devido às suas
ambições ilegítimas” e, consequentemente, os mesmos “estariam a tentar criar
complicações” no relacionamento entre os dois países.
E a nossa fonte concorda com a tese dos
nigerianos residentes na Guiné-Bissau serem apenas uma parte do complicado
xadrez político e militar guineense: “os nigerianos pura e simplesmente foram
vítimas de actos de xenofobia, talvez devido à política externa do governo
daquele país” em relação à Guiné-Bissau, sublinhou esta fonte civil.
Por agora, embora persistam muitas dúvidas sobre
os últimos incidentes, alguns parecem concordar com a tese de conspiração.
“Quer me parecer que se trata duma conspiração, embora não possua dados que
confirmem as minhas suspeitas,” indicou uma fonte militar à GBissau.com, também
não autorizada a falar sobre a matéria.
Segundo a mesma fonte, a embaixada nigeriana
teria avisado às autoridades da Guiné-Bissau que “estaria na posse da
informação segundo a qual a sua representação seria alvo de ataques” e que de
imediato o CEMGFA informou a Guarda Nacional. Porém, continua a mesma fonte
“estes não levaram a sério os avisos (…) e o resultado: o ataque à Embaixada
nigeriana em Bissau, em plena luz do dia, e a morte de um nigeriano”.
Mas, uma informação proveniente da Polícia da
Ordem Pública teve uma diferente leitura sobre a situação. Segundo a mesma,
apesar de terem também recebido alertas sobre eventuais movimentações em
Bissau, “não houve casos específicos de ameaça contra indivíduos ou
instituições”, esclarece a fonte.
Mesmo assim, nos últimos dias, mesmo antes da
revolta junto à embaixada nigeriana, as autoridades militares e paramilitares
aumentaram substancialmente as suas patrulhas para dissuadir qualquer tentativa
de “manifestação que criasse distúrbios”, acrescentou a mesma fonte da Polícia
da Ordem Pública.
É que durante a visita do primeiro-ministro de
Timor-Leste, Xanana Gusmão, havia fortes suspeitas de que registar-se-iam
“distúrbios de natureza política” para influenciar a percepção mundial sobre o
processo de transição política na Guiné-Bissau.
“VERDADES COM MENTIRAS À MISTURA”
E também em Bissau fala-se da morte de crianças,
mas nenhum Pai, familiar ou encarregado de educação os reporta, asseguram as
instâncias judiciais.
Em declarações telefónicas à GBissau.com, o
Director da Polícia Judiciária guineense, Armando Namontche, negou
categoricamente a existência de qualquer caso:
“Aqui na Polícia Judiciária não tivemos nenhuma alegação de rapto, muito menos uma denúncia por parte de qualquer cidadão. Reafirmo: não há nenhuma denúncia apresentada e também nunca foi encontrado nenhum corpo morto, sem órgãos. Qualquer alegação nesse sentido não corresponde minimamente à nenhuma verdade.”
Mas para dissipar quaisquer dúvidas que possam
persistir, o Governo e a sociedade civil têm redobrado esforços numa intensa
campanha de relações públicas nos órgãos de informação para, em primeiro lugar
apelar a calma e “educar” a população para evitar “conflitos desnecessários”,
ao mesmo tempo aumentar a vigilância comunitária.
Com isso, como afirma a nossa fonte, pretende-se
“confrontar a contra - informação” que se tem veiculado nas rádios nacionais
porque – como muitos continuam a acreditar — “a esmagadora maioria das
denúncias feitas através das rádios são pouco credíveis (…) nós continuamos a
acreditar que o caso rapto das crianças foi um mero pretexto” da população para
aventar a sua repudia face à situação do país.
Apesar da desconfiança, em Bissau trabalha-se na
resolução de mais um “puzzle” com proporções alarmantes. Esta semana, foi
criado um núcleo de organizações da sociedade civil, com apoio do sistema da
ONU, para não só “baixar os ânimos” da população, mas também trabalhar em
conjunto para ajudar a esclarecer os supostos casos de rapto de crianças.
Mas na verdade, a Guiné-Bissau precisa. A
“situação geral é muito difícil, há muita tensão, muito medo no país e já não
sabemos como responder a tantos problemas,” admitiu um membro da sociedade
civil guineense, com um tom de impotência, de revolta e de tristeza.
Os espancamentos de políticos, jornalistas,
cantores, e tantos outros cidadãos comuns não têm ajudado o processo de
reconciliação que as autoridades de transição dizem tanto almejar. Estas
denúncias foram reafirmadas numa conferência de imprensa na quinta-feira. Os
organizadores falam até do “terrorismo de Estado” contra as populações
indefesas.
E como se estas graves violações humanas não
bastassem, agora as crianças guineenses parecem fazer parte da equação. Se
a vitimização delas é uma “contra - informação” propositada e repudiante ou uma
“informação” genuína, mas agonizante, ainda é cedo para sabermos. Mas, por
agora, muitos guineenses estariam inclinados a concordar com esta observação
caucionária de uma fonte militar guineense: “Vamos esperar que tudo se
clareie, pois que tudo ainda está confuso. Verdades com mentiras à mistura”.
Bem, também assim tem sido a Guiné-Bissau nos
últimos 40 anos da sua independência, apesar de todos os outros progressos
alcançados.
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Por: Umaro Djau
Manito Fernandes Ledo Pontes Hum, Guiné-Bissau, vamos ver até quando...
ResponderEliminarFrancisco Sanha
ResponderEliminarFalase de verdades e mentiras a "mistura!"
A culpa e de todos os guineenses porque acreditamos na mentira...
"O bolo so se vende na comunidade onde e consumido!"
Devemos aprender a pedir provas aos MENTIROSOS, ou deixarmos de acreditar "na jornal di tabanca."
Eu acredito que vamos sair dessa situacao confusa e complicada, em que a Guine BISSAU se encontra, mas sera quando um grupo de guineenses descontes com as mudancas que estao prestes a serem implementados no pais, permitindo o "FIM DE 40 ANOS DE GOVERNOS COM BASE NA CORRUPCAO E ENRIQUECIMRNTO DE MINORIA E EMPOBRECIMDNTO DA MAIORIA!"
Guineenses, voces acham as pessoas "BENEFICIARIAS" durante estes 40 anos, aceitariam de forma PASSIFICA, as mudancas que a Guine precisa, para se transformar num pais onde a sua riqueza, passa a ser mais bem controlada, em beneficio de todos os guineenses!?!?!? E claro que "nao."
Pensem quem precisa de estar contra Governo Inclusivo, saido de um golpe, desde 12 de Abril de 2012? Enquanto as criancas continuam morrendo de fome, devido a falta de apoio da Comunidade Internacional.
Quem precisa de mentir para perturbar a nossa paz?
Governo de Transicao e militares cuidado com as "PROVOCACOES!" Porque sao para impedir o avanso para a mudanca que se pretende implementar na Guine Bissau.
Vamos com calma, porque os guineenses que nao querem a mudanca, vao se cansar e desistir.
A MUDANCA NUNCA SERA ADIADA OU INTEROMPIDA.
Nha mantenha!!!