para este
tempo
Aproximam-se
os dias da Páscoa e Jesus procura um local condigno para a sua celebração.
Encarrega os discípulos desta tarefa e dá-lhes instruções precisas. Vão à
cidade, encontram a pessoa indicada, (possivelmente amiga), transmitem-lhe o
desejo de Jesus e esta aceita ser hóspede do grupo.
A celebração
da ceia pascal acontecesse fruto desta colaboração generosa em que muitos
intervêm, sobretudo Jesus que realiza a suprema maravilha da Eucaristia,
antecipa para “sinais” o que vai suceder e abre horizontes de esperança aos
limites do tempo.
A narração
da ceia abre praticamente o processo da paixão e ressurreição de Jesus por onde
passam cenários emblemáticos da “história” humana e dos seus protagonistas: A
garantia do amor fiel até ao fim, a força da tentação e a vulnerabilidade da
fragilidade humana, a “convulsão” dos interesses religiosos, as manobras
simuladoras do poder político, a manipulação plebiscitária das multidões, a
deserção dos amigos em horas de provação, a angústia de morte das vítimas e o
requinte de malvadez dos algozes, a confiança filial do homem justo, os gestos
misericordiosos de quem tem um coração sensível e compadecido.
A história é
feita de pessoas com nome e de factos com sentido. Jesus também aqui se
distingue pela excelência do seu comportamento de testemunha fiel. A cena do
Getsémani ilustra bem o risco da debilidade. Anás e Caifás, de parceria com
Herodes, dão rosto às manobras feitas a coberto da religião. Pilatos é o actor
político que se desdobra em diligências para agradar às “maiorias” e acaba por
ir contra a própria consciência. O plebiscito mostra a farça urdida e
habilmente explorada pelos anciãos; quer “legitimar” a opção de morte por
inveja. O pequeno grupo junto à cruz, deixa no “ar” a pergunta: onde estão os
amigos e os inúmeros socorridos por tantas acções benfazejas de Jesus. A vil
miséria das vítimas espelha-se no rosto desfigurado e no corpo trucidado do
crucificado. A nobreza de sentimentos de uma humanidade agradecida está patente
nos gestos de José de Arimateia e das mulheres sentinelas de uma aurora
pressentida. ´
“De facto,
Ele era mesmo o Filho de Deus” – reconhece o oficial romano e os soldados que o
acompanham ao verem o sucedido. Que bela conclusão! Que proclamação de fé! Que
capacidade de passar do visível ao Invisível. E de o manifestar. Feliz de quem
se esforça por conseguir a fé em Jesus, o Filho de Deus, que nos deixou, como
memorial da sua paixão e ressurreição, a eucaristia dominical.
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