A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a
epidemia de Ébola, registada na África Ocidental, onde já matou perto de mil
pessoas, emergência de saúde pública de carácter mundial.
A comissão de emergência da OMS, que se reuniu
quarta e quinta-feira em Genebra, foi "unânime ao considerar
verificarem-se as condições de uma emergência de saúde pública de carácter
mundial.
Uma resposta internacional coordenada é essencial
para travar e fazer recuar a propagação mundial" do vírus do Ébola,
sublinhou a comissão.
A OMS considerou que já estavam reunidas as
condições para declarar a epidemia de ébola uma "emergência de saúde
pública de carácter mundial". E foi o que fez nesta sexta-feira, depois de
uma reunião de dois dias. Além disso, é preciso mobilizar todos os países no combate
à doença. A directora-geral da OMS, Margaret Chan, pediu à comunidade
internacional que ajude os países afectados a combater a epidemia de ébola, que
é a pior em quatro décadas.
A OMS considera que as possíveis consequências da
propagação internacional do vírus são “particularmente graves”. Registada na
África Ocidental, a epidemia já matou, em cinco meses, desde Março, 932 pessoas
e infectou mais de 1700. A comissão de emergência da OMS, que esteve reunida
durante dois dias — nesta quarta e quinta-feira em Genebra —, não teve dúvidas
e foi "unânime ao considerar verificarem-se as condições de uma emergência
de saúde pública de carácter mundial".
Em conferência de imprensa, Margaret Chan lembrou
que os países da África Ocidental mais atingidos pela epidemia — Libéria, Serra
Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria — "não têm meios para responderem
sozinhos" à doença e, por isso, pediu "à comunidade internacional que
forneça o apoio necessário.
A mesma comissão insistiu ser necessário que os
diferentes países se coordenem para travar a epidemia: "Uma resposta
internacional coordenada é essencial para travar e fazer recuar a propagação
mundial" do vírus do ébola. Apesar de não ter imposto restrições às
viagens e ao comércio internacionais, a comissão considera que “os Estados
devem estar preparados para detectar e tratar casos de ébola” e para facilitar
o transporte dos seus cidadãos, especialmente os profissionais de saúde que
foram expostos ao vírus.
A directora-adjunta da Direcção-Geral da Saúde já
disse à agência Lusa que vai divulgar na tarde desta sexta-feira uma posição
concertada com os parceiros da Europa sobre esta declaração de estado de
emergência mundial de saúde pública. “Estamos a concertar posições com os
países que são nossos parceiros europeus, estamos a analisar bem o documento
[divulgado na manhã desta sexta-feira pela OMS] e iremos emitir um comunicado
às 16h”, garantiu Graça Freitas, escusando-se, para já, a adiantar que medidas
poderão ser tomadas por Portugal ou pela Europa. A directora adjunta da DGS
referiu apenas que os responsáveis da direcção-geral estiveram “nos últimos
dois dias em audioconferência com os parceiros europeus” para concertar uma
posição.
O vírus do ébola transmite-se por contacto directo
com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre
manifesta-se através de hemorragias, vómitos e diarreias. A taxa de mortalidade
varia entre os 25 e 90% e não foi ainda produzida uma vacina contra a doença.
Com Lusa
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