domingo, 24 de agosto de 2014

Vírus ébola: onde está a solidariedade?!

Por, Fernando Casimiro (Didinho)

E onde está a Solidariedade para com as populações dos países afectados pelo vírus Ebola, quando se misturam decisões políticas e alegadas intenções humanitárias, sustentadas apenas com base no receio pela contaminação, tendo como referência pessoas doentes, ou seja, infectadas com o vírus e não o apoio, o reconforto, à maioria das populações não contaminadas desses países, que, perante medidas ditas excepcionais para situações excepcionais, passaram a ser vítimas de uma insensibilidade, de um egoísmo, de uma intolerância, mais perigosa do que o próprio vírus Ebola?

A Humanidade presenciou várias epidemias, ultrapassando-as ou não, com solidariedade, com dignidade, com humanismo.

A Lepra, a Tuberculose e mais recentemente o Sida, são exemplos de epidemias aterrorizantes, que, no entanto, congregaram esforços políticos, científicos, sociais e religiosos, por exemplo, para que não se" condenassem" populações e países ao isolamento, ao desprezo perante a desgraça de uma epidemia que assusta, mas que deve ser encarada com humanismo.

O nosso mundo, o Mundo Global, na verdade, só tem fronteiras formais, e as epidemias, não se controlam nas fronteiras formais, porque infelizmente, há outros agentes infecciosos que não o Homem, que viajam, fazendo migrações sazonais e que levam a todo o lado doenças daqui e de acolá.

Porquê" condenar", pôr de" quarentena" populações inteiras, ainda que saudáveis, que também receiam pela vida, com o risco de contraírem o vírus Ebola, mas que se sentem, a cada dia que passa, abandonadas à desgraça que nos dias de hoje caracteriza os seus países?

Aos meus irmãos guineenses em particular e da África Ocidental em geral, deixo uma pergunta: E se fossemos nós... ?!

Se a desgraça chegasse aos nossos países o que faríamos, como nos sentiríamos perante medidas restritivas, intolerantes e assentes no egoísmo, na demagogia política?

Fechar fronteiras terrestres com os países afectados, impedir aterragem de voos provenientes de países afectados ou suspender todas as ligações aéreas e marítimas com os países afectados, será a melhor solução curativa, médica e social, para a epidemia?

Não estaremos a criar outros problemas por trás desta epidemia?!

Afinal para que servem as recomendações médicas, com carácter preventivo e no sentido de evitar a propagação de epidemias, se essas medidas são reforçadas com decisões políticas de isolamento, de marginalização, de exclusão de populações inteiras e não selectivas, face à doença?

Perante situações excepcionais o Mundo deveria agir sempre de forma solidária, a Missão Humanitária é precisamente a de servir, ajudar quem precisa e isso faz-se no terreno.

Médicos, pessoal de Saúde e religiosos foram contaminados com o vírus Ebola e pereceram. Sabiam dos riscos que estavam a correr, mas sabiam que a Missão com que se tinham comprometido era a de servir os necessitados, mesmo dando as suas vidas em busca de soluções para a Humanidade.

Obviamente, ainda não se constatou a morte de nenhum político ou governante, por causa do vírus Ebola. Pudera...!

Não nos esqueçamos de que a vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver!

A minha Solidariedade para com todos os países afectados pelo vírus Ebola e, para com as suas populações, entre os doentes e os saudáveis.

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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