“Nem a brincar, terminar um comunicado que deveria ser de coesão nacional, com uma ofensa às Forças Armadas guineenses. Os dois últimos pontos são uma verdadeira vergonha, dedicados apenas à intenção de ocupação angolana. Afinal esta mesa redonda foi uma farsa, servindo apenas para reafirmar a venda do país, contra uns trocos?
Rapidamente se compreende o teor da referida Resolução 2203...
«Notant les efforts que fait le Gouvernement pour asseoir le contrôle et la tutelle effectifs des autorités civiles sur les forces de défense et de sécurité, faute de quoi le bon fonctionnement des institutions de l’État pourrait être entravé par la collusion entre certains acteurs politiques et les chefs militaires.(...)Exige de nouveau des forces de sécurité et de défense qu’elles se soumettent pleinement à la tutelle du pouvoir civil.»- J. F. Gomes
Bruxelas, 25 de Março de 2015
1. Teve lugar em Bruxelas, a 25 de Março
de 2015, uma conferência internacional em apoio da Guiné-Bissau, co-presidida
pelo Governo da Guiné-Bissau, pela União Europeia e pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com o objectivo de manter o actual
momentum positivo do país e confirmar o apoio internacional ao esforço
desenvolvido para a reconstrução do país, ao reforço das suas instituições
democráticas e ao seu progresso em direcção da estabilidade socio-política, da
reconciliação e do desenvolvimento económico.
2. A Conferência foi aberta pelo Sr.
Neven Mimiça, Comissário Europeu para a Cooperação International e
Desenvolvimento, por Sua Excelência, Sr. José Mário Vaz, Presidente da
República da Guiné Bissau, por Sua Excelência, Sr. Macky Sall, Presidente da
República do Senegal e a mensagem do Secretário-Geral das Nações Unidas foi
lida pelo Sr. Jeffrey Feltman, Secretário- Geral Adjunto das Nações Unidas.
3. Participaram na Conferência de
Bruxelas delegações de 70 países e instituições, incluindo Ministros dos
Negócios Estrangeiros e Altos Representantes de instituições regionais e
internacionais, bem como representantes da sociedade civil.
4. A Conferência realizou-se num momento
crítico, em que a Guiné-Bissau se dirige para um novo caminho de paz,
reconciliação e desenvolvimento, após anos de fragilidade e instabilidade
política. Os participantes assinalaram que a realização das eleições de Abril e
Maio de 2014, bem como a restauração da ordem constitucional foram um virar de
página na história da Guiné- Bissau. A comunidade internacional poderá prestar
o seu apoio à consolidação destas realizações.
5. A Conferência felicitou o progresso
feito pelas autoridades democraticamente eleitas, desde a sua tomada de posse,
na promoção da inclusão e do diálogo, e reconheceu os esforços feitos em
conjunto com líderes comunitários e com a sociedade civil para estabelecer os
alicerces de uma estabilidade e reconciliação duráveis. Os participantes
louvaram a determinação da Guiné-Bissau em trabalhar para a consolidação da
democracia, do estado de direito, da retoma económica e da redução da pobreza.
6. Os participantes assinalaram os
resultados encorajantes obtidos pelo Governo da Guiné-Bissau na execução do
programa em três fases, incluindo os planos de Emergência, Contingência e
Desenvolvimento que tinham sido adoptados por unanimidade pela Assembleia
Nacional. Louvaram ainda a melhoria do fornecimento de serviços básicos à
população, o pagamento de salários atrasados, o sucesso da campanha agrícola,
bem como as medidas tomadas para melhorar a gestão das finanças públicas e a
mobilização de recursos financeiros, reforçar o estado de direito e lutar
contra a corrupção.
7. Os parceiros da Guiné-Bissau
sublinharam a necessidade de continuar neste caminho. Foi essencial para o país
ter cortado decididamente com a fragilidade do passado, ao manter-se unido e
iniciar um conjunto importante de reformas, nomeadamente nas áreas da
segurança, justiça, administração pública e gestão das finanças públicas. Estas
reformas devem ser claramente orientadas pelos princípios da transparência e
responsabilização, e pela luta contra a impunidade e a corrupção.
8. A Conferência afirmou o apoio
contínuo da comunidade internacional às autoridades da Guiné-Bissau no seu
empenhamento. A Conferência acolheu particularmente as contribuições e os
esforços políticos e diplomáticos das Nações Unidas, da CEDEAO, da CPLP, da
União Africana, da União Europeia e dos seus Estados-Membros durante o período
de transição. A Conferência assinalou a reactivação do Grupo Internacional de
Contacto para a Guiné-Bissau (ICG-GB) e as conclusões da sua 10ª. Sessão de
Nova Iorque em 18 de Novembro de 2014.
9. A Conferência acolheu igualmente a
retoma da plena cooperação por vários parceiros, apelou a novos parceiros e
doadores a juntarem-se a este esforço, e sublinhou a necessidade de se
respeitarem os princípios da eficácia da ajuda tal como delineado na Declaração
de Paris, na Agenda de Acção de Accra e a Parceria de Busan para uma Cooperação
Efectiva para o Desenvolvimento.
10. Os participantes felicitaram a
liderança do país na condução do seu processo de desenvolvimento nacional e acolheram
a Visão Estratégica do Governo para a consolidação do Estado, para a
estabilidade socio-política e para a boa governação, bem como o seu Plano
Estratégico e Operacional para o período 2015-2025. Sublinharam a necessidade
de trabalhar para a retoma económica com base em reformas estruturais que
possam assegurar o desenvolvimento sustentável. Foram identificados quatro
vectores principais de crescimento económico: agro-indústria, pescas, turismo,
bem como a exploração transparente e sustentável dos recursos minerais do país.
A paz e a boa governação, as infraestruturas e o desenvolvimento urbano, um
ambiente favorável aos negócios, o desenvolvimento humano e a preservação e uso
responsável da biodiversidade da Guiné-Bissau serão os pilares fundamentais para
esse crescimento e desenvolvimento sustentável.
11. Os participantes salientaram a
importância do desenvolvimento social e humano para melhorar as vidas e o
quotidiano da população da Guiné-Bissau, através do reforço do acesso à
educação e saúde, e das prestações nesses sectores. No caso da saúde, também
devem ser previstas medidas de aptidão para lidar com a ameaça de Ébola e
outros desafios sanitários.
12. Com base nas prioridades
identificadas pelas autoridades no seu ambicioso Plano Estratégico e
Operacional para os próximo cinco anos, os parceiros decidiram dedicar mais de
um bilião de euros à Guiné-Bissau para atingir os seus objectivos e para
conseguir melhorias tangíveis nas condições de vida do povo da Guiné-Bissau.
13. Os participantes reiteraram que esta
Conferência não é uma finalidade em si. É o ponto de partida de uma nova
dinâmica e uma cooperação com vista a um melhor futuro para a Guiné-Bissau. Os
fundos dos parceiros podem dar um impulso, mas o crescimento económico e o
desenvolvimento sustentável serão conduzidos sobretudo pelo apoio ao sector
privado, particularmente através da criação de emprego, da construção de
infra-estruturas e transporte, do acesso à energia, de um ambiente de negócios
concorrencial e seguro, e de um acesso facilitado ao crédito. Para a
sustentação de um tal crescimento será necessário um maior domínio dos recursos
domésticos a fim de aumentar a apropriação nacional das políticas públicas e
assegurar a responsabilização perante os cidadãos.
14. Os participantes destacaram a
necessidade de respeitar os princípios democráticos e de assegurar um diálogo
inclusivo nacional bem como um processo genuíno de reconciliação incluindo
todos os partidos e forças políticas. Sublinharam a importância de incluir
todos os guineenses no processo de estabilização e reconciliação tanto a nível
nacional como local. Os participantes assinalaram a importância crucial de
reforçar o estado de direito e o sistema judicial e de assegurar o respeito
pelos direitos humanos. A fim de assegurar uma estabilidade socio-política
durável, a Conferência salientou que devem ser tomadas medidas para lutar
contra a impunidade e contra o tráfico de droga. Os participantes concordaram
sobre a necessidade de continuar a apoiar a Guiné-Bissau nos seus esforços para
lidar com o crime organizado transnacional, incluindo o tráfico de droga. Nesta
área, uma cooperação reforçada a nível internacional e regional com o país
continua a ser crucial.
15. A necessidade de consolidar tanto a
democracia como o estado de direito exige a instauração de um controle civil
efectivo e supervisão das forças de defesa e segurança. Os participantes
sublinharam, assim, a importância de implementar uma reforma genuína e completa
do sector de defesa e segurança, crucial para uma estabilidade durável.
Assinalaram os actuais esforços para este fim e apelaram à comunidade
internacional para apoiar os esforços nacionais de forma inclusiva e
coordenada.
16. Os participantes louvaram
especialmente os esforços da CEDEAO para ajudar a manter a paz e segurança na
Guiné-Bissau e para apoiar a reforma do sector de segurança, nomeadamente
através da sua missão militar (ECOMIB). Reconheceram a importância da ECOMIB
para garantir a segurança das instituições políticas e para apoiar a reforma do
sector de segurança, tal como sublinhado pela Resolução 2203 (2015) do Conselho
de Segurança das Nações Unidas.
17. Os participantes acolheram com
agrado a extensão do mandato da UNIOGBIS até 29 de Fevereiro de 2016,
assinalando que a presença da UNIOGBIS permanece um factor essencial de
estabilidade na actual fase de consolidação.
A CONFERÊNCIA
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