- Excelência, Senhor Neven Mimíca, Comissário para a Cooperação Internacional e o Desenvolvimento da Comissão Europeia;
- Excelência, Senhora Helen Clark, Administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Presidente do Grupo das Nações Unidas para o Desenvolvimento; Excelência Senhor Kadre Desire Ouedraogo, Presidente da Comissão da CEDEAO;
- Excelência Senhor Cheick Adjibou Saumaré, Presidente da Comissão da UEMOA.
- Excelências Senhoras e Senhores, Ministros, Chefes de Missão e de Delegação;
- Minhas Senhoras e meus Senhores,
Permitam que comece por reconhecer e
agradecer a importância das presenças marcantes, de S. Excelência José Mário
Vaz, Presidente da República da Guiné- Bissau, meu Presidente e de S.
Excelência Macky Sall, Presidente da República do Senegal. O gesto é de alinhamento,
confiança e solidariedade e sabemos ter colhido uma elevada valorização.
Excelências,
No seguimento da intervenção de Sua
Excelência o Presidente da República da Guiné-Bissau nesta Conferência, na qualidade
de Primeiro-Ministro e Chefe do Governo, me dirijo a esta assembleia de
parceiros, começando com as seguintes considerações: Primeiro e antes de mais,
uma nota de agradecimento a todas as delegações pela presença neste fórum de
diálogo, partilha, interacção e cooperação com a Guiné-Bissau, enquanto seus parceiros
de desenvolvimento.
A vossa presença nos honra e conforta,
certo que ela reflecte a atenção e o apoio da comunidade internacional aos
processos de consolidação da estabilidade política e governativa, da
normalização da vida pública, da edificação e do enraizamento do Estado de
direito democrático, da reconstrução económica e da garantia da estabilidade
social em curso no nosso país.
Uma palavra de apreço à União Europeia
que aceitou o pedido do Governo para acolher esta conferência em Bruxelas, pela
assistência prestada na sua preparação, pela hospitalidade e pelas excelentes
condições criadas para a sua realização.
Agradeço igualmente ao Sistema das
Nações Unidas, designadamente ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
e o Banco Mundial, pela importante contribuição como co-organizadores na
preparação desta conferência.
Os meus agradecimentos são extensivos à
CEDEAO, à CPLP, à União Africana e à Comissão da Consolidação da Paz das Nações
Unidas pela atenção prestada ao nosso país ao longo de mais de uma década e
pelo inequívoco apoio político à realização desta conferência.
A segunda nota se prende com o entendimento
que trazemos sobre a conferência aqui reunida. Para nós, este fórum é,
sobretudo, um momento cimeiro de partilha de visão estratégica e de restauração
dos quadros de parceria e de cooperação entre a Guiné-Bissau e os seus parceiros
internacionais.
Uma parceria a edificar em novas e
eficientes bases que permitam projectar o país para um amplo compromisso coma
estabilização política e governativa, de modo a garantir um desenvolvimento equitativo
e durável. Chegar aqui foi um caminho árduo mas necessário, mobilizador e
altamente gratificante. Chegamos aqui com consciência de um passado governativo
que não nos orgulha e que não favoreceu nem a estabilidade nem a promoção do
desenvolvimento.
Hoje, é dessa experiência, que retiramos
a confiança da nossa aprendizagem e sobretudo do nosso compromisso e empenho em
mudar o rumo do nosso destino enquanto nação que se quer projectar no mundo com
renovadas premissas. O país está nesta conferência para dizer aos parceiros
internacionais que está pronta para uma parceria renovada, sólida e dinâmica,
centrada num diálogo político elevado e em instrumentos de diálogo técnico
consubstanciados no Plano Estratégico e Operacional 2025, que a seguir será
apresentado.
A Guiné-Bissau, está aqui também enquanto
momento político novo, caracterizado por reformas profundas e estruturantes das
instituições do Estado. Os importantes passos dados no processo de reforma do
sector da Defesa e Segurança, de combate às actividades e práticas lesivas ao
património público, segurança do Estado e Bem Comum, e na melhoria do
desempenho económico demonstram a determinação das novas autoridades, saídas
das eleições gerais ocorridas em Julho de 2014, em dar um novo rumo ao país,
edificando e consolidando os fundamentos para a boa governação.
A realização das eleições gerais, num
clima de civismo, transparência e credibilidade do processo, mostrou uma determinação
clara e inequívoca dos guineenses para a restauração da ordem constitucional e
do Estado de direito democrático, bem como para alinhavar largos consensos
políticos.
Estes consensos reforçaram a legitimidade
democrática das instituições políticas e permitiram traçar as grandes linhas da
atuação legislativas e governativas, incluindo questões de segurança, da
justiça, do sistema judiciário e da administração pública.
Os frutos do diálogo político interno,
traduzidos num entendimento político sobre os eixos estratégicos da governação
que envolve as formações políticas e outras forças vivas da sociedade, a
inclusividade do Governo e sobretudo a mobilização dos guineenses, no país e na
diáspora, à volta das estratégias da governação mostram o potencial político
estabilizador que configura a forma de assumirmos as responsabilidades que nos
são intrínsecas no processo de reconstrução do nosso país.
Conseguimos produzir consensos internos
alargados a todas esferas da sociedade política e sociedade civil, a aprovação
por unanimidade do nosso Programa de Governação e Orçamento Geral do Estado
algo inédito na nossa história democrática, e a elaboração de uma visão a
curto, médio e longo prazos demonstram a determinação do povo guineense em reconstruir
a sua história e o seu destino.
É nessa base que a Guiné-Bissau traz
para esta conferência a esperança acrescida de um povo sofrido, que apesar das
dificuldades que passou nos últimos tempos, acredita num futuro melhor e pretende
construí-la e partilhá-la com os seus parceiros internacionais.
É portanto nossa profunda convicção que
a Guiné-Bissau irá se transformar num caso de grande sucesso em matéria de
consolidação da estabilidade e da boa governação. Porém, para que este desfecho
seja assegurado e que esta oportunidade que se abriu perante nós não seja
desperdiçada, o nosso país precisa de uma intervenção robusta e impactante dos
parceiros de desenvolvimento para a consolidação da estabilidade política, quer
ao nível económico e financeiro, quer ao nível da cooperação para alavancar os
pressupostos de uma transição efectiva para o desenvolvimento durável.
Excelências,
O país vive, hoje, um novo ciclo político
focado no fortalecimento do Estado, normalização da vida pública, garantia da
estabilidade social, reconstrução económica e combate à pobreza. Contudo, é
inegável que paira sobre nós a condição de Estado institucionalmente frágil,
pós-conflito e com escassos recursos financeiros, acrescida das consequências
políticas, económicas, ambientais e sociais gravosas daí derivadas e que
configuram enormes desafios de governação.
Vencer estas barreiras revela-se fundamental
para a consolidação dos processos de estabilização política e social, e o
fortalecimento do Estado de direito democrático em curso. Face a estas
carências e vulnerabilidades económicas e sociais, a legitimação social da
governação depende da capacidade do governo em responder de imediato, deforma
estruturada e eficaz às necessidades de funcionamento do aparelho do Estado e
dos serviços sociais básicos a todo o território nacional.
Para um Estado tributário da assistência
internacional como é a Guiné-Bissau, os efeitos da ajuda externa nos tecidos
social, político e económico, e na credibilidade e autoridade do Estado são
fundamentais e decisivos para a garantia da eficiência do desenvolvimento
enquanto um mecanismo de estabilização nacional e regional.
Neste quadro, algumas situações se
configuram exemplares do quão imperativo é a conjugação dos esforços internos e
internacionais:
1 – A Reforma do Sector de Defesa e
Segurança que será marcada por medidas profundas de ajustamento e reorganização
para cuja sustentabilidade e irreversibilidade requer-se a assistência
internacional;
2 – A garantia da estabilidade social,
estritamente ligada à estabilidade política, passará necessariamente pela
alteração progressiva das situações de precariedade que afetam o fornecimento
de serviços sociais básicos (educação, saúde, energia, água, saneamento e
providência social) e por uma nova dinâmica no combate à pobreza extrema,
objetivos cuja prossecução carecem do concurso dos parceiros da cooperação;
3- O desenvolvimento económico, alicerçado
nos factores primários de crescimento tais como a agricultura, o turismo e as
pescas, que necessitam da presença;
4- O combate ao crime organizado internacional
conjugado com a nossa determinação em preservar e utilizar deforma racional a
biodiversidade e os nossos recursos naturais, só serão resultados
significativos através de a uma abordagem coletiva e coerente.
Minhas
Senhoras e Meus Senhores
Os guineenses em geral e o Governo em
particular encaram este mecanismo de diálogo, reunido em Conferência de
parceiros, com enorme expectativa tendo em vista a possibilidade de mobilização
de recursos externos para o financiamento dos processos de estabilização e
desenvolvimento do nosso país a médio prazo.
A Ajuda Pública ao Desenvolvimento que
aqui solicitamos, visa criar as condições para alavancar o combate à pobreza,
melhorar a segurança humana através da educação e da saúde, criar as infraestruturas
económicas e sociais indispensáveis e reforçar a capacidade das instituições do
Estado, de modo a poder mobilizar outros fluxos internos e externos de
financiamento do desenvolvimento.
Neste propósito, solicitamos o indispensável
apoio de todos os parceiros multilaterais e bilaterais para o sucesso desta
conferência. Fico por aqui e sublinho simplesmente que estamos aqui todos, Guineenses
e amigos da Guiné-Bissau.
Esperançosos porque acreditamos, na
vossa solidariedade e disponibilidade em participar na construção de uma Guiné-Bissau
nova e positiva.
Mas também e sobretudo porque o meu país
e o seu povo, estamos prontos e mobilizados a edificar uma parceria responsável,
baseada em compromissos sólidos, capazes de sustentar o tal caso de sucesso de
que seremos então os principais obreiros. Sim, porque Terra Ranka, i sol na bim
iardi.
Muito Obrigado
Domingos Simões Pereira
Primeiro-Ministro da República da
Guiné-Bissau
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