O Presidente do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), igualmente Primeiro-ministro da
Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, saiu reforçado das três reuniões dos
órgãos do seu partido, que este fim-de-semana, 20 e 21 de Junho, dominaram a
agenda da formação política.
Uma reunião que resultou na substituição
do Secretário Nacional, Abel da Silva, depois de Simões Pereira lhe ter
retirado a confiança política. As reuniões ocorreram num ambiente de muitas
crispações políticas no seio do partido, mas culminaram com divergências
sanadas.
As três reuniões dos importantes órgãos
do PAIGC aconteceram numa altura em que se assistiu uma larga desconfiança e
disputa política, opondo os três titulares dos órgãos de soberania, igualmente
altos dirigentes do partido, nomeadamente o Presidente da República, da
Assembleia Nacional Popular (ANP) e o Primeiro-ministro. Este cenário incidiu
muito no tenso ambiente que dominou todas reuniões.
«O presidente do PAIGC saiu reforçado,
do ponto de vista político, através de manifestos apoios da maioria dos membros
destes importantes órgãos partidários, a Comissão Permanente, o Bureau Político
e o Comité Central», disse uma fonte partidária. Um dado adquirido é que o
Domingos Simões Pereira tem agora «carta-branca» para proceder à tão esperada e
exigida remodelação governamental.
O ministro da Presidência do Conselho de
Ministros, Baciro Djá, que durante a efervescente reunião do Comité Central,
depois de não ter resistido a severas críticas que lhe foram dirigidas,
manifestou desde já o desinteresse em continuar no Governo. Uma posição forçada
e baseada no facto de um dos vice-Presidentes do PAIGC ser considerado como uma
figura perversa no relacionamento com o Chefe do Governo.
Com críticas abertas, os membros do
Comité Central não pouparam o Presidente da República, uma das figuras do
partido, que observando a Constituição da República não podia estar na reunião,
assim como o Presidente da ANP e o Chefe do Governo.
Este último, cuja crítica foi na
direcção positiva, consideram os libertadores, deve ser mais contundente e
firme nas suas decisões para salvar os princípios traçados pelo PAIGC na sua
dinâmica de governação, isto numa clara referência às investidas políticas de
que tem sido alvo por parte de José Mário Vaz.
«Domingos Simões Pereira é o Presidente
do PAIGC e merece todo o respeito como tal», dizia um dirigente dos
libertadores, para quem não há nenhum argumento que possa sustentar uma
eventual demissão do Governo.
Ouvir aqui
"O Comité Central reafirma a sua total confiança no Governo e na concretização dos objetivos fixados para os quatro anos de mandato", refere a moção aprovada na reunião do órgão máximo do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que decorreu desde sábado até à última madrugada, em Bissau.
ResponderEliminarNo documento, o Comité realçou "a capacidade que tem sido demonstrada" pelo primeiro-ministro e líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, para lidar com os "grandes problemas do país", pedindo-lhe para "prosseguir na linha do desempenho até aqui evidenciado".
Aprovar a moção de louvor foi uma das nove deliberações do órgão, que decidiu ainda "saudar" o Presidente da República, José Mário Vaz, e "exortá-lo a prosseguir com os esforços para a construção de uma convivência sã e pacífica com os demais órgãos de soberania", num "ambiente de paz e tranquilidade internas".
"Acreditamos no espírito de boa-fé e de alto sentido de Estado" do Presidente da República, realçou hoje João Bernardo Vieira, porta-voz do partido, em conferência de imprensa, ladeado por dois históricos do partido: Manuel "Manecas" Santos e Carlos Correia, primeiro vice-presidente. "Penso que não haverá nenhum conflito institucional", acrescentou. As decisões surgem após vários meses de tensão política entre Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz, com intervenções públicas de ambos a refletir divergências em diferentes temas. Ambos foram eleitos em 2014 pelo PAIGC, fizeram campanha eleitoral lado-a-lado, mas as aparentes dificuldades de coabitação levaram o partido a criar uma comissão de veteranos para os auscultar - assim como ao presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá.
Essa comissão referiu na reunião que hoje terminou que o Presidente da República disse "estar na posse de dossiês que põem em causa a autoridade moral de alguns membros do Governo", sendo esse "o principal motivo de dificuldades". Questionado pelos jornalistas, João Bernardo Vieira não adiantou mais pormenores sobre quem estará em causa e quais os assuntos.
Por outro lado, durante a reunião do Comité Central, o primeiro-ministro e líder do partido, Domingos Simões Pereira, acusou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dirigente do partido, Baciro Djá, de comprometer "alguns objetivos de governação e o próprio relacionamento com outros titulares dos órgãos de soberania".
Sem detalhar as razões de desentendimento, o porta-voz do PAIGC remeteu apenas para as deliberações: "encaminhar para o Conselho de Jurisdição todos os elementos referenciados pelo 3.º vice-presidente [Baciro Djá] relativos a apoios do exterior" e reabrir as contas da última campanha eleitoral, de 2014.
O porta-voz referiu que Baciro Djá era responsável pelo dossiê e nunca chegou a apresentar o relatório final das contas.
Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete do primeiro-ministro disse não haver nenhuma informação sobre se o diferendo o primeiro-ministro e o titular da presidência do Conselho de Ministros poderá levar a alguma alteração no elenco governativo.
O Comité Central do PAIGC decidiu ainda nomear Aly Hijazi como novo secretário-nacional, na sequência do pedido de demissão de Abel Gomes, aceite pelo presidente do partido, após reconhecidas divergências entre ambos - Abel Gomes saiu com uma moção de reconhecimento pelo trabalho realizado.
Foi ainda nomeado Manuel "Manecas" Santos como presidente da comissão organizadora da Convenção Nacional, com data indicativa de novembro deste ano.
Paigc ou paigproblema?
ResponderEliminarSim, o problema é intrínseca deste partido, se agora podemos chama-lo de partido, seria melhor usar epiteto de ( grupinho)
Esse partido, nas eleições, são unidos, depois da eleição são rivais, ou melhor no ato eleitoral é partido, depois é grupo
Não, pelo menos este reunião do comete central, serviu para lavar tamanha putrefacto , que quase gerou um episodio rasca,pois falava-se da possível queda do governo, ate alguns arriscam a insinuar que o comunicado (di bati goberno) estava escrito
Grande pulhice, que certamente criaria onde de indignação nacional, pois despedir o governo ( correto) e que esta a trabalhar, com esperança de dar ego, não seria fácil encontrar argumentos, tudo seria esfarrapado
Deve haver, ou tem que haver sintonia, mais ha duas galarotes altivos petulantes , um apoiado por Jomav e outro por Domingos, que estão a puxar lenha
Enquanto não se esperar uma atitude a altura de dois dirigentes , vamos ter que aturar episódios insólidos e da ma convivência entre instituições
Sem contar ignomínias dos dois galarotes que estão no governo
Espero que domingos permanece na leme...
Por :Carlos Sambu
Terminada a reunião do Comité Central do PAIGC, que durou 3 dias, a contra-informação tem estado a noticiar que foi adoptado uma moção de louvor ao Governo liderado por Domingos Simões Pereira; e que os dirigentes pediram respeito ao líder do partido. Podemos até concluir que o cinismo político voltou a falar mais alto. Mas, como o tango se dança apenas com duas pessoas, e havendo necessidade de combinar duas linhas musicais em simultâneo, disseram também que “o PAIGC saudou o Presidente da República, José Mário Vaz, apelando-o a construir uma convivência pacífica com os outros pilares da soberania”, como se ele (o Presidente da República) fosse a ovelha negra, o factor de desentendimentos entre o Governo, a Presidência e o Presidente da Assembleia Nacional Popular.
ResponderEliminarAfinal de contas, a reunião do Comité Central do PAIGC serviu-se apenas para responsabilizar ou acusar o Presidente da República pelo desgoverno na nossa terra? Arranjem outra cantiga, porque esta balada não pega. A contra-informação, inclusive, conta como correu internamente a reunião do Comité Central, dizendo que “Com críticas abertas, os membros do Comité Central não pouparam o Presidente da República, uma das figuras do partido, que, observando a Constituição da República, não podia estar na reunião, assim como o Presidente da ANP e o Chefe do Governo”. Até parece que o líder do PAIGC foi o único dirigente que não sofreu críticas por parte dos membros daquele órgão político partidário. É que quando eles dizem: “Domingos Simões Pereira é o presidente do PAIGC e merece todo o respeito como tal”, a mensagem indica que o mar não estava calmo para aqueles lado como têm estado agora a embandeirar em arco e a tentar tapar o sol com a peneira.
Fernando Casimiro -O PAIGC habituou-nos à seguinte lógica: cada divergência e diferença de pensamento, um posicionamento de radicalismo e intolerância; uma ruptura e uma nova ala num Partido cada vez mais dividido, mais fraccionado.
ResponderEliminarDigam o que disserem, o PAIGC depois de Amilcar Cabral é sinónimo de fortes lutas internas pelo poder, assente em traições ideológicas e de relacionamento, por um lado e, por outro, da causa maior que o move, tendo em conta a sua pretensão ao Poder, a Guiné-Bissau e o povo guineense.
É escusado dizer que há um reforço de liderança no PAIGC quando os mesmos de sempre do PAIGC habituaram-nos ao "status quo" de 1 minuto depois de afirmarem que estão com fulano, dizerem nas costas desse fulano e, perante beltrano, que apenas quiseram "evitar" mais problemas... até que haja uma nova liderança...
Infelizmente, tudo no PAIGC se resume a números e estatutos entre dinheiros e cargos...