quinta-feira, 25 de junho de 2015

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau disse acreditar que estão criadas as condições para o Governo passar a "dialogar de forma mais efectiva" com o Presidente da República

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau disse acreditar que estão criadas as condições para o Governo passar a "dialogar de forma mais efectiva" com o Presidente da República, durante um jantar com a comunidade internacional, em Bissau.

Domingos Simões Pereira quis assim "tranquilizar" os parceiros internacionais sobre a situação política do país e fez referência às decisões tomadas durante o último fim-de-semana na reunião do Comité Central do PAIGC - partido que lidera, que sustenta o Governo e que elegeu o Presidente da República.

"Não estaria a dizer toda a verdade se não dissesse que este momento é caracterizado também por alguma tensão", referiu, numa alusão ao relacionamento entre o Governo e o Presidente da República, José Mário Vaz.

Nesse sentido, "o PAIGC diagnosticou um conjunto de situações não favoráveis à criação de um ambiente positivo".

"Estivemos reunidos durante três dias e aprovámos um conjunto de resoluções que, na nossa perspetiva, irão remover um conjunto de elementos de distração que não têm permitido um fluxo bastante mais rápido da nossa comunicação e do nosso entendimento", acrescentou.

No comunicado final da reunião, o partido responsabilizou Baciro Dja, um dos vice-presidentes e ministro da Presidência do Conselho de Ministros, como um dos obstáculos ao relacionamento entre Governo e Presidente - sendo que Dja pediu demissão do executivo na terça-feira.

As razões do desentendimento ainda não foram esclarecidas.

O PAIGC substituiu ainda o secretário-nacional Abel Gomes por Aly Hijazi, após reconhecidas divergências entre o primeiro e Simões Pereira, igualmente sem detalhar os motivos.

Estas mexidas não devem ser vistas como uma "perturbação ao processo", mas antes como a "remoção de condições que estariam a emperrar o sistema", sublinhou hoje o primeiro-ministro.

Ao mesmo tempo, Simões Pereira recordou que o documento final do Comité Central exorta todos os titulares de órgãos de soberania "a encontrarem espaços de diálogo" e disse acreditar que "é isso que vai acontecer".

O primeiro-ministro disse ainda esperar poder discutir em breve com José Mário Vaz a saída do ministro da Presidência do Conselho de Ministros.

"Não tive até este momento condições de desenvolver esse assunto com o Presidente da República, mas acredito que nas próximas horas vamos ter condições de o abordar e propor ao país um quadro de normalidade governativa", sublinhou. Com RDP África

2 comentários :

  1. No imaginário confuso e perverso de Domingos Simões Pereira, a "substituição" de dois jogadores em campo lhe daria a visibilidade para enfrentar a equipa adversária, para o "Governo passar a dialogar de forma mais efectiva" com o Presidente da República.

    Num jantar, ontem, em Bissau destinado a "tranquilizar" os parceiros do Governo e a dita comunidade internacional (imperialistas), referindo-se à reunião do Comité central do PAIGC, disse: "Estivemos reunidos durante três dias e aprovámos um conjunto de resoluções que, na nossa perspectiva, irão remover um conjunto de elementos de distracção que não têm permitido um fluxo bastante mais rápido da nossa comunicação e do nosso entendimento". Para o bom entendedor, as "substituições" do Secretário Nacional do PAIGC, Abel da Silva Gomes e no Governo, do Ministro da Presidência e de Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares, Baciro Dja, constituíam e faziam parte de obstáculos removíveis, não favoráveis à criação de ambiente político positivo pelas tais resoluções aprovadas. Terá dito o chefe do Governo di Rubane que as mexidas não devem ser vistas como "perturbação ao processo", mas pelo contrário, como "a remoção de condições que estariam a emperrar o sistema".

    Tudo bem, Abel da Silva e Baciro Djá eram, no seu imaginário, as únicas condições que empatavam o sistema. Mas, até aqui, o que se sabe, nenhum dos dois (Silva e Djá) faz parte de um conjunto de "membros do Governo na condição de arguidos em processo crime, pondo em causa a imagem, a seriedade e credibilidade das nossas instituições aos olhos do nosso povo e dos parceiros", como disse Baciro Djá na sua carta de demissão. Então, será que o Governo legalizou a corrupção, por isso não entregou, até agora, à Justiça os Ministros arguidos?

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  2. O Primeiro-ministro (PM) reconheceu quarta-feira algum atraso na materialização das metas de governação, no momento em que se completa noventa dias depois da Conferência de Doadores Internacionais sobre a Guiné-Bissau, realizada a 25 de Março último, em Bruxelas, Bélgica.

    Durante o jantar com os parceiros bi e multilaterais em Bissau, Domingos Simões Pereira justificou que o mesmo se deve ao “ambiente político, algo conturbado” que se vive no país, e que terá levado o governo a se distrair com aquilo que é “essencial” em detrimento do “subsidiário”.

    A título de exemplo, o PM referiu que o executivo previa, num prazo de 100 dias, depois de mesa redonda, a realização de um “Fórum Económico”, dedicado ao sector privado para materializar alguns projectos apresentados nessa conferência internacional de doadores para a Guiné-Bissau que, no entanto, ficou por se realizar.

    O PM que fala em “alguma frustração” pelo facto da governação “não avançar rapidamente” como previsto, prometeu que o executivo passa doravante a “concentrar as suas forças” e fixar metas a atingir no processo de desenvolvimento do país.

    DSP que se lembrou da expectativa criada, junto das populações com a promessa de 1.5 bilhões de dólares americanos de Bruxelas, afirmou que os referidos projectos devem ser traduzidos em “algo concreto”, em benefício do país.

    Sobre algumas acções de governação, o chefe do executivo guineense destacou a necessidade de implementação do chamado “Programa de Desenvolvimento Comunitário”, com o apoio de parceiros internacionais, da execução de mais projectos de infraestruturação depois das chuvas com apoios nomeadamente da UEMOA e BOAD, da preparação do pacote legislativo para a reforma no sector da defesa e segurança, que espera “retomar” nos próximos dias.

    Projectos esses que considera de “estruturantes para dar o pontapé de saída” na materialização do Plano Estratégico de Desenvolvimento do país no horizonte temporal 2020-2025.

    Sobre a “crispação política interna”, disse que as resoluções da recente reunião do Comité Central, do PAIGC (no poder) que analisou os desentendimentos entre os seus dirigentes e alegado mal-estar entre o PM e o Presidente da República, irão “remover” alguns obstáculos à governação.

    Acrescentou que a deliberação do CC do partido do governo, exorta a “todos” os órgãos da soberania a privilegiarem o diálogo, em prol da concretização do programa de governação.

    Em consequência desses desentendimentos, confirmou que na terça-feira, o Ministro Baciro Djá lhe endereçou uma carta, pedindo a sua demissão, e informou que nos próximos dias irá abordar o assunto com o Presidente da República, com vista a criar a normalidade política no país.

    O Primeiro-ministro assegurou as representações das organizações internacionais e aos embaixadores no país, que o executivo vai trabalhar, no sentido de alcançar os resultados prometidos através dos diferentes instrumentos de governação submetidos ao apoio da comunidade internacional.

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