quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

OS PROFESSORES DA GUINÉ-BISSAU AMEAÇAM PARALISAR O SECTOR DA EDUCAÇÃO A PARTIR DE MARÇO

O Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF) que congrega maioria de professores qualificada da Guiné-Bissau ameaçou hoje decretar uma greve de 30 dias, a partir do próximo mês, se o governo não cumprir os pontos acordados no memorando de entendimento anteriormente assinado.

Laureano Pereira da Costa que falava em conferência de imprensa no quadro das comemorações de 17 de Fevereiro, dia dos Professores guineenses, disse que o desenvolvimento de qualquer sociedade passa necessariamente pela Educação, e que se não existir um ensino de qualidade “ estaremos perante uma utopia”.

O sindicalista questiona se realmente a Educação é prioridade como dizem os governantes, uma vez que essa prioridade não é traduzida no Orçamento Geral de Estado que disponibiliza apenas 11 por cento dos fundos para o sector do ensino.

Afirmou que o Estatuto da Carreira Docente (ECD) que foi aprovado e publicado no Boletim Oficial não está a ser implementado pelo governo conforme a lei.

Explicou que aquando da assinatura do memorando de entendimento, em Outubro de 2015, o governo comprometeu-se e criou uma comissão para a revisão do ECD com duração de 18 dias úteis, mas que se estendeu para 110 dias sem que tenha sido concluído os trabalhos.

O presidente do Sindeprof criticou a forma como a harmonização das letras de cerca de 1400 professores, esta a ser efectuada. Disse que verifica-se uma injustiça salarial com docentes da mesma a categoria, uns a receberem 60 mil francos cfa outros a usufruírem de 120 mil francos cfa.

Para mudar essa situação, segundo Laureano, os dois sindicatos dos professores criaram uma comissão conjunta com ministério da Educação e Função Pública, tendo os resultados dos trabalhos realizados enviados ao ministério das Finanças. 

“Temos informação de que o documento foi devolvido ao Ministério da Educação, por alegada falta de verbas mas que seria tido em conta no OGE do corrente ano”, disse.

Segundo Laureano Pereira trata-se do segundo memorando de entendimento a ser violado pelo governo.


A MINISTRA DA EDUCAÇÃO NACIONAL, MARIA ODETE COSTA SEMEDO DEFENDE APOSTA NO ENSINO PARA DESENVOLVER O PAÍS

A Ministra da Educação Nacional, Maria Odete Costa Semedo defendeu hoje a necessidade de a Guiné-Bissau apostar no sector educativo como forma de promover o próprio desenvolvimento.

Maria Odete Costa Semedo falava na cerimónia de comemoração do dia dos professores, 17 de Fevereiro, decorrida sob o lema "reforçar o capital humano é melhorar a qualidade de vida de cada cidadão, o índice humano mede-se pela oferta da educação".

“Um país com alta taxa de analfabetismo e de desistência das crianças e adolescentes na escola é um país que está a adiar o seu desenvolvimento”, considerou a ministra da edução.

A governante acrescentou que a sociedade deve alargar a visão da educação, olhar para os professores como uma extensão da família ou a escola como um lugar de socialização das crianças e adolescentes.

Odete Costa Semedo chamou os professores “construtores da paz e da estabilidade”, sublinhando que eles são identificadores de valores éticos que estão na base da organização de uma sociedade solidária.

“Os professores merecem ter tempo de estudar, de pensar, de teorizar e de experimentar as ciências porque um país tem o direito ao desenvolvimento, e o avanço de qualquer sociedade se faz com a qualidade no sector educativo”, disse.

Semedo destacou que educar exige responsabilidade partilhada e que na referida ordem de ideia a preocupação do governo e dos parceiros não se limita simplesmente no pagamento de salários, mas também na formação dos agentes educativos e na organização da administração e do ambiente escolar.

A governante lembra aos professores que estão nas suas mãos, o futuro da Guiné-Bissau e que por isso é necessário sempre ter a coragem e vontade em trabalhar para o país no seu todo.

Por sua vez, o Presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF) referiu que assinalar a data não deve resumir-se apenas em comemorações, mas sim na reflexão sobre a situação dos docentes.

Luís Nancassa apelou a ministra de tutela no sentido de dar o máximo para resolver os problemas dos professores.

Na cerimónia de comemoração foram debatidos temas como, a situação actual da educação guineense com ênfase sobre os problemas do professor e reformas no sector educativo, orados respectivamente por Mamadu Saliu Djassi  e Fodé Mané.


O 17 de Fevereiro é celebrado como o dia dos professores guineenses para recordar a data da morte durante um bombardeamento de aviação colonial a localidade de Cubucaré, do professor Areolino Cruz, na tentativa de salvar os seus alunos. Com Agência Noticiosa da Guiné-Bissau

2 comentários :

  1. O Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof) não vai organizar uma cerimonia comemorativa do dia dos professores, 17 de Fevereiro por falta de meios financeiros, disse hoje à ANG, Luís Nancassa.

    Em declarações à ANG, o Presidente do Sinaprof alegou a presente crise política do pais como razão da falta de fundos para cobrir as despesas das actividades que deveriam ser levas a babo no âmbito das comemorações da data.

    A data de 17 de Fevereiro foi instituído para honrar a memoria do Combatente da liberdade da pátria e Professor, Areolino Cruz que faleceu nesse dia na defesa dos seus alunos nas Zonas Libertadas durante a Luta Armada de Libertação Nacional.

    O Presidente do Sindicato Nacional dos Professores revelou que os Docentes desempenharam grande papel na Luta de Libertação Nacional, porque sem eles a guerra poderia enfraquecer ou seja não iria progredir.

    O responsável do SINAPROF informou que esta data marcou positivamente a vitória do PAIGC na Luta de Libertação Nacional, porque conseguiu mudar a mentalidade dos Combatentes da Liberdade da Pátria para a conquista da independência do povo guineense.

    Entretanto, Luís Nancassa advertiu que apesar da actual situação, o SINAPROF vai exigir ao governo o pagamento dos atrasados de 12 meses de diuturnidade aos professores.

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  2. Guiné-Bissau: Apelo à desobediência civil com fraca adesão
    O apelo à desobediência civil feito pelas organizações da sociedade civil na Guiné-Bissau está a ser pouco respeitado, de acordo com as visitas feitas hoje pela Lusa a vários pontos do país.
    O apelo à desobediência civil feito pelas organizações da sociedade civil na Guiné-Bissau está a ser pouco respeitado, de acordo com as visitas feitas hoje pela Lusa a vários pontos do país.
    As organizações agrupadas na chamada Aliança Nacional para Paz e Democracia apelaram hoje para uma desobediência civil com objetivo de paralisar os transportes, o comércio e os serviços (públicos e privados), mas na realidade o apelo não foi correspondido.

    Os transportes circulam normalmente em Bissau.

    Na gare dos transportes terrestres, a Lusa pode constatar um movimento normal de entrada e saída de viaturas com passageiros em direção à capital e para o interior do país.

    O comércio funciona normalmente. No mercado do Bandim (principal espaço de comércio informal do país) o vendedor Mamadu Boi Djaló disse à Lusa que "nem se nota" qualquer mudança de atitude dos clientes.

    "Nós estamos aqui, os clientes também, nem se nota nada", observou Boi Djaló.

    Normalidade é também o que se viu nos ministérios e repartições públicas em Bissau, com funcionários presentes nos gabinetes, ainda que o trabalho decorra em menor ritmo desde que o Governo foi demitido, admitiram à Lusa alguns funcionários públicos.

    Luís Nancassa, porta-voz da Aliança Nacional para Paz e Democracia, plataforma que agrupa várias organizações da sociedade civil, afirmou que a desobediência "está a ser confundida com a greve geral".

    "O que nos apelamos é uma desobediência civil e não uma greve. Quer dizer que as pessoas podem ir para o local de trabalho, mas não trabalharem, e é o que está a acontecer", notou Nancassa.

    O sindicalista diz que os transportes não estão a funcionar no país, ainda que alguns proprietários estejam a ser "alvo de intimidação por parte do Governo e da Presidência" da República para não pararem.

    Mesmo com esta alegada ameaça, Luís Nancassa garante que a "maior parte dos transportes" está paralisada, sobretudo a nível do interior do país.

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