
No passado dia 19 de Abril, terça-feira,
o Presidente da República através de uma mensagem sobre o estado da Nação, numa
sessão extraordinária da ANP por ele convocada, fez uma abordagem geral sobre o
panorama sociopolítico do país, com particular incidência na actual crise
político-parlamentar. A referida comunicação teceu considerações pertinentes e
oportunas com as quais o PRS se congratula, porquanto, espelha a verdade e a
realidade dos factos. Contudo, apesar da boa-fé do senhor Presidente da
República, enquanto promotor dessa iniciativa, na sua qualidade de garante da
Constituição da República, não conseguiu que o debate por ele proposto fosse
realizado, em flagrante violação da Constituição, por parte do Presidente da
Assembleia Nacional Popular ao subtrair um dos pontos da agenda do Presidente
da República – o debate sobre o estado da Nação.
Como todos, certamente, sabem, o
Presidente da Assembleia Nacional Popular, o senhor Cipriano Cassamá, ato
contínuo, ao término do discurso do senhor Presidente da República, na sessão
extraordinária por ele convocada para dirigir uma mensagem e discutir o estado
da Nação, e ainda no exercício das suas funções, anunciou publicamente, perante
a Assembleia Nacional Popular, o corpo diplomático, a sociedade civil e
restantes convidados ilustres, de que imediatamente iria convocar uma sessão
extraordinária para debate do estado da Nação proposto pelo Presidente da República,
o que não fez até à presente data.
Ademais, constata-se uma outra violação,
por parte do Presidente da ANP, em desacatar a decisão do Supremo Tribunal de
Justiça, em, primeiro, permitir a presença, no hemiciclo, dos deputados, que
alegadamente substituíram os 15 deputados reintegrados pelo acórdão n. 3/2016,
violando assim o artigo 59 do Regimento da ANP, que obriga proceder à chamada
dos deputados presentes para a verificação do quórum, e, também a não submissão
da Proposta da Ordem do Dia ao plenário para a sua aprovação definitiva.
Outrossim, havendo necessidade de um
esclarecimento sobre a campanha de desinformação que o PAIGC está a levar a
cabo sobre os últimos desenvolvimentos da crise política por ele criada, o
Partido da Renovação Social, assumindo as suas responsabilidades perante o povo
guineense e a comunidade internacional não deixará de ser uma voz activa para
denunciar as manobras dilatórias, mas também, na esteira da defesa dos
superiores interesses do povo, não permitirá que o PAIGC ponha em causa os
valores da democracia, que sempre ajudou a erguer, e por isso, sempre se
pugnará para a sua consolidação. Queremos informar que o nosso comportamento,
pauta-se acima de tudo pelo rigoroso cumprimento da lei, e não na defesa dos 15
deputados do PAIGC, expulsos ilegalmente, como supostamente pretende fazer crer
o PAIGC.
O PRS quer ainda informar que a questão
sobre os antigos combatentes é uma questão nacional, que diz respeito a todos
os guineenses, e não exclusivamente ao PAIGC, porquanto o PAIGC, durante a luta
de libertação nacional funcionou como um movimento de libertação nacional, e
não um partido de facção. Só agora se lembram da existência dos antigos
combatentes? Nino Vieira não era antigo combatente, e no entanto foi
assassinado em pleno exercício de funções? O coronel Manuel Saturnino foi
demitido de funções enquanto primeiro-ministro, e é um ilustre antigo
combatente. Que tamanha hipocrisia e demagogia sem limites que em nada abona o
bom nome daqueles que, dignamente, deram a sua vida para a libertação da nossa
querida pátria.
Volvidos mais de que o tempo necessário
para um processo desta importância, o que aliás, o Partido da Renovação Social
já esperava, o Presidente da Assembleia Nacional Popular, igual a si próprio,
como é o seu hábito, não só não cumpre com a palavra dada, obedecendo os
ditames do directório do PAIGC, como, com esta demonstração de desobediência e
afronta ao Presidente da República e aos restantes partidos, quer implementar
um clima de caos e desordem, para que em consequência se possa dissolver o
parlamento guineense, onde o PAIGC já não detém uma maioria sólida capaz de
aprovar os principais instrumentos de governação.
Sobre esta personagem, o actual
Presidente da Assembleia Nacional Popular, o senhor Cipriano Cassamá, que
durante a guerra de 7 de Junho ajudou na criação de milícias, os AGUENTAS, além
de muitas outras declarações incendiárias, contribuiu também para a queda do
governo do CADOGO e de Domingos Simões Pereira. Também não podemos esquecer que
foi o próprio que agudizou a tensão entre Nino Vieira e o General Tagmé Na Way
que veio a culminar na morte de ambos, em circunstâncias ainda por esclarecer.
E ainda na actualidade, o senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular foi
promotor da tensão existente entre o Presidente da República e o então Governo
de Domingos Simões Pereira, onde durante uma sessão na ANP, proporcionou um
debate de urgência, onde nada mais se fez senão insultar publicamente o senhor
Presidente da República, durante 13 horas seguidas transmitidas nos órgãos da
comunicação social, facto inédito na nossa história política.
Todas estas barbaridades cometidas pelo
senhor Cipriano Cassamá nunca tiveram consequências, mas, contudo, desta vez
alertamos que terá a resposta merecida. Aliás, qual é a moral deste senhor
Cipriano Cassamá, que em 2005, ao violar a disciplina partidária do PAIGC,
juntou-se a mais 14 deputados para votar contra o governo do seu Partido
derrubando o Governo de Carlos Gomes Júnior, que agora vem demonstrar uma falsa
seriedade ao querer estar na linha da frente para espezinhar os seus camaradas,
que mais não fazem do que reivindicar os seus legítimos direitos
constitucionais. Tal como na altura, esta posição agora assumida pelos 15
também é igual.
O Partido da Renovação Social perante
estes e outros factos aqui não mencionados, reserva-se ao direito de encetar diligências
no quadro dos dispositivos regimentais e constitucionais com vista a promover
uma iniciativa parlamentar para a destituição do Presidente da Assembleia
Nacional Popular ao abrigo do artigo 83 da Constituição da República.
O PAIGC e o Presidente da Assembleia
Nacional Popular querem perturbar a réstia de paz e tranquilidade ainda
reinantes, para que se instale um clima que justifique os seus intentos de
insurreição e de golpe de estado, para que ele próprio assuma a Presidência da
República e que o actual governo liderado pelo Eng. Carlos Correia continuasse
a gerir assuntos do Estado até à realização das próximas eleições, como é a sua
visível ambição. Em consequência, tudo farão para que não mais haja uma sessão
no parlamento guineense, e não obedecerão o acórdão n. 3/2016 Proferido pelo
Supremo tribunal de Justiça, porque lhes é desfavorável.
É do conhecimento público de que o PAIGC
ganhou as eleições legislativas e tem a maioria na ANP. Estranha-nos, no
entanto, que não tenha conseguido aprovar o seu Programa e o Orçamento Geral do
Estado. O que o PRS pergunta, é: Onde está a dita maioria? Se o PAIGC reclama a
maioria que lhe foi atribuída nas urnas, porque é que ainda assim não é capaz
de governar e garantir a paz social? Afinal, a maioria é real ou apenas
nominal?
O que o PAIGC não informa ao povo
guineense e a comunidade internacional, é que não basta uma maioria nas urnas
para governar. Também é necessário garantir uma maioria efectiva, sem a qual,
perante a nossa lei fundamental, um governo não entra em plenitude de funções.
O que quer dizer que o actual governo é ilegal, por isso, não pode andar a
fazer acordos e a assumir compromissos em nome deste povo, como é o caso da
autorização de venda e exportação ilegal de madeiras, com o qual discordamos e
instámos o ministério público para proceder um profundo inquérito sobre o caso.
Igualmente, instamos sociedades idóneas, empresas e organismos internacionais a
não celebrarem acordos e contractos com este governo, porque à luz do nosso
ordenamento jurídico é ilegal.
O PAIGC, de modo persistente, tem vindo
a tornar pública a sua intenção de não acatar o acórdão que devolve os 15
deputados à ANP. Estranha-nos que um partido que se arvora de democrático, vem
publicamente pôr em causa o acórdão, só porque não lhe é favorável, indo ao
ponto de pôr em causa a honorabilidade dos juízes. Esquecendo-se, no entanto,
que o acórdão decidido a favor do PAIGC não foi alvo de questionamentos num
passado recente por ninguém, antes pelo contrário, foi acatado por todos.
Recordamos aos camaradas do PAIGC que qualquer acórdão, seja de que natureza
for, é de cumprimento geral e obrigatório. Quando a lei nos é favorável ela é
considerada uma boa lei, mas quando não nos favorece a lei é má. É esta a
lógica dos camaradas do PAIGC. A este propósito o PRS exige o cumprimento
rigoroso das leis e o respeito pelos órgãos de soberania, assim como o respeito
pelos nossos juízes.
Nesta mesma esteira, o que diria o povo
guineense e a comunidade internacional, se fosse o PRS a desafiar as leis da
República, incluindo as decisões dos tribunais, e a não acatar um acórdão do
Supremo Tribunal de justiça?
Igualmente temos vindo a assistir, de
modo descarado, o PAIGC e o seu Presidente a pedirem insistentemente eleições
legislativas e presidenciais antecipadas. Em que condições? Nesta base,
queremos afirmar que o PAIGC tem um plano previamente estabelecido para o golpe
de Estado, afastamento ou liquidação física do Presidente da República, e
doutras figuras incómodas, e, consequentemente, a assunção do poder pelo
Cipriano Cassamá, como, o Presidente do PAIGC deixou entender na sua alocução.
O Partido da Renovação Social quer
esclarecer ao Presidente do PAIGC, que não é pelo facto de ter sido exonerado
como primeiro-ministro, facto que não é inédito entre nós e ainda por cima é
constitucional, que poderá constituir motivo de bloqueio e de promover a crise
geral no país, como tem feito. O principal factor do bloqueio do país tem um
nome: Domingos Simões Pereira. Que não consegue ter uma relação institucional
saudável nem com o Presidente da República, nem no interior do seu partido,
onde já perdeu dois vice-presidentes, um secretário nacional, incluindo os 15
deputados, nem com tribunais e nem com os partidos políticos da oposição.
Ainda por cima, para além de encorajar a
desobediência civil ameaça destruir o PRS, o que registámos e tomamos boa nota.
Estamos atentos e preparados e o futuro dirá.
Perante este cenário de bloqueio e de
desobediência por parte do PAIGC e do Presidente da Assembleia Nacional
Popular, o PRS exorta Sua Excelência, o senhor Presidente da República,
enquanto garante do normal e regular funcionamento das instituições, no sentido
de assumir as suas responsabilidades constitucionais, que nos permitam
encontrar vias para a solução da actual crise político-parlamentar.
Antes de terminar queremos ainda
responsabilizar o PAIGC e o seu Governo ilegal pelas sucessivas ondas de greves
que têm causado vítimas mortais com consequências imprevisíveis para o país.
Por último, o PRS ainda apela a todos os
seus simpatizantes, militantes, dirigentes e a população em geral, no sentido
de se manterem atentos, firmes e convictos, e nunca se deixarem intimidar, na
certeza porém de que o partido, saberá sempre estar na defesa, na vanguarda e
na salvaguarda dos seus legítimos anseios, porque não mais permitirá qualquer
tipo de atropelos, violação e violência de quem quer que seja.
Viva o PRS
Viva o Povo da Republica Guiné-Bissau
Bissau, 22 de Abril de 2016
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