Numa altura em que a proclamação da
força da nossa União foi posta em causa e de que maneira, por interesses
mesquinhos alheios aos de um povo;
Numa altura em que o número de filhos da
terra resignados com a situação prevalecente é cada vez maior e a revolta
Popular para deitar tudo abaixo está cada vez mais perto;
Numa altura em que os valores que
nortearam a criação da nossa nação são constantemente desrespeitados, com apelos
à violência a surgirem a cada dia que passa. Valores e ideais que custaram
sangue e suor aos nossos valentes irmãos guineenses;
Numa altura em que o futuro do país está
fortemente comprometido e a pobreza a ceifar vidas no seio da população, que
não tem outra alternativa, sem outro tecto, sem plano B, e começa a dar sinais
de desespero;
Eis que surge no meio de tamanha
confusão e desespero um verdadeiro factor de União e Coesão Nacionais - a
selecção nacional de futebol.
No meio de toda essa trapalhada situação
política, os Djurtus, mais uma vez, irão proporcionar aos guineenses, no
próximo dia 4 de Junho, sábado, uma oportunidade de reafirmamos que a força da
nossa União é mais forte e coesa do que qualquer partido político, grupos
étnicos, religião ou facções.
Eu, sou do Sporting, tu és do Benfica,
ele é do Porto e eles ali são do Barcelona, Real Madrid, Liverpool ou
Manchester United, mas todos nós respondemos pela mesma bandeira que está a
flutuar nos céus e nos nossos corações. Ou seja todos nós somos Djurtus.
Somos uma equipa e uma nação.
Não importa o resultado do próximo jogo.
Não importa, por agora, se vão jogar bem ou mal, importa, sim, essa força de
unidade nacional que a selecção transmite e proporciona. Mais do que um
resultado desportivo está um país Unido à volta da causa nacional.
Todos leram aqui, que por várias vezes
os jogadores tiveram que dormir no chão nos aeroportos, passaram noites em
branco, longas viagens, foram deixados à sua sorte nos países mais distantes da
Guiné-Bissau e sem dinheiro...foram momentos de muito sacrifício que está
prestes a terminar. O que transmite aqueles verdadeiros valores que estiveram
evidentes na fundação da nossa nação. Ou seja, quando um guineense vê a
Guiné-Bissau maior que a soma da sua ambição pessoal, sempre faz diferença.
Cá está, os sacrifícios consentidos
pelos craques que abdicam dos seus Ranger Rover, X6, casas luxuosas, por aquilo
que vemos em Bissau, traduzidos em resultados que estão a emocionar e a
inspirar o mundo. Nunca antes a Guiné-Bissau atingira o lugar ora conseguido no
ranking das selecções da FIFA. Nunca antes esteve tão perto de se apurar para o
CAN ao ponto de liderar um grupo onde está a ex-campeã Africana, a Zâmbia.
Tudo se deve apenas aos jogadores e ao
povo guineense. Pouco ou nada tem a ver com a organização do futebol ou da
federação nacional de futebol que está à imagem do aparelho de Estado.
Devemos aproveitar o vento da União que
a selecção leva consigo à Guiné-Bissau para juntarmos as mãos e elevar o nível
de vida dos mais carenciados e, consequentemente, desenvolver projectos que
venham mudar de forma concreta a vida dos guineenses. Devemos aproveitar esse
legado deixado pelos jogadores da selecção para colocar de lado as nossas
ambições pessoais e colocar a Guiné-Bissau acima de tudo. Primeiro, segundo e
terceiro. Quiçá, só assim, seremos os “suíços de Africa” como outrora éramos
apelidados.
Todos os sonhos são possíveis até que
"Djurtus" seja campeão!
Do vosso amigo, Braima Darame.
Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.
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