segunda-feira, 23 de maio de 2016

Guiné-Bissau: Obrigado Djurtus

Por, Jornalista Braima Darame

Numa altura em que a proclamação da força da nossa União foi posta em causa e de que maneira, por interesses mesquinhos alheios aos de um povo;

Numa altura em que o número de filhos da terra resignados com a situação prevalecente é cada vez maior e a revolta Popular para deitar tudo abaixo está cada vez mais perto;

Numa altura em que os valores que nortearam a criação da nossa nação são constantemente desrespeitados, com apelos à violência a surgirem a cada dia que passa. Valores e ideais que custaram sangue e suor aos nossos valentes irmãos guineenses;

Numa altura em que o futuro do país está fortemente comprometido e a pobreza a ceifar vidas no seio da população, que não tem outra alternativa, sem outro tecto, sem plano B, e começa a dar sinais de desespero;

Eis que surge no meio de tamanha confusão e desespero um verdadeiro factor de União e Coesão Nacionais - a selecção nacional de futebol.

No meio de toda essa trapalhada situação política, os Djurtus, mais uma vez, irão proporcionar aos guineenses, no próximo dia 4 de Junho, sábado, uma oportunidade de reafirmamos que a força da nossa União é mais forte e coesa do que qualquer partido político, grupos étnicos, religião ou facções.

Eu, sou do Sporting, tu és do Benfica, ele é do Porto e eles ali são do Barcelona, Real Madrid, Liverpool ou Manchester United, mas todos nós respondemos pela mesma bandeira que está a flutuar nos céus e nos nossos corações. Ou seja todos nós somos Djurtus.

Somos uma equipa e uma nação.

Não importa o resultado do próximo jogo. Não importa, por agora, se vão jogar bem ou mal, importa, sim, essa força de unidade nacional que a selecção transmite e proporciona. Mais do que um resultado desportivo está um país Unido à volta da causa nacional.

Todos leram aqui, que por várias vezes os jogadores tiveram que dormir no chão nos aeroportos, passaram noites em branco, longas viagens, foram deixados à sua sorte nos países mais distantes da Guiné-Bissau e sem dinheiro...foram momentos de muito sacrifício que está prestes a terminar. O que transmite aqueles verdadeiros valores que estiveram evidentes na fundação da nossa nação. Ou seja, quando um guineense vê a Guiné-Bissau maior que a soma da sua ambição pessoal, sempre faz diferença.

Cá está, os sacrifícios consentidos pelos craques que abdicam dos seus Ranger Rover, X6, casas luxuosas, por aquilo que vemos em Bissau, traduzidos em resultados que estão a emocionar e a inspirar o mundo. Nunca antes a Guiné-Bissau atingira o lugar ora conseguido no ranking das selecções da FIFA. Nunca antes esteve tão perto de se apurar para o CAN ao ponto de liderar um grupo onde está a ex-campeã Africana, a Zâmbia.

Tudo se deve apenas aos jogadores e ao povo guineense. Pouco ou nada tem a ver com a organização do futebol ou da federação nacional de futebol que está à imagem do aparelho de Estado.

Devemos aproveitar o vento da União que a selecção leva consigo à Guiné-Bissau para juntarmos as mãos e elevar o nível de vida dos mais carenciados e, consequentemente, desenvolver projectos que venham mudar de forma concreta a vida dos guineenses. Devemos aproveitar esse legado deixado pelos jogadores da selecção para colocar de lado as nossas ambições pessoais e colocar a Guiné-Bissau acima de tudo. Primeiro, segundo e terceiro. Quiçá, só assim, seremos os “suíços de Africa” como outrora éramos apelidados.

Todos os sonhos são possíveis até que "Djurtus" seja campeão!

Do vosso amigo, Braima Darame.

Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

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