quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Presidente do PAIGC justifica ausência nas comemorações do Dia da Independência

O PAIGC, partido que lutou pela libertação da Guiné-Bissau, esteve ausente das comemorações do Dia da Independência, reflexo da tensão política no país.

"Fomos todos surpreendidos com uma determinação do governo" em como "mais ninguém podia usar da palavra" além do Presidente da República, José Mário Vaz, justificou à Lusa o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira.

A independência "foi proclamada pela Assembleia Nacional Popular (ANP) " e o dirigente do PAIGC considera "em certa medida ilegal" que nem o presidente do parlamento, nem os partidos, pudessem discursar, como habitual, nas celebrações que este ano decorreram no largo da Câmara Municipal de Bissau.

Apesar de questionado pelos jornalistas, o Primeiro-ministro, Bacio Djá, não comentou o assunto.

Domingos Simões Pereira disse à Lusa que este incidente "não ajuda" à implementação do acordo para resolução da crise política no país.

O PAIGC venceu as eleições gerais de 2014, mas o Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu dois governos e deu posse a um executivo com dissidentes e membros de outras forças políticas.

As divisões paralisaram o parlamento e o país entrou num beco sem saída, sem programa de governo e sem orçamento de Estado, o que tem travado apoio financeiro de parceiros internacionais.

Em Setembro, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) propôs um acordo de seis pontos para saída da crise que inclui a formação de um governo de inclusão que vá até final da legislatura (2018) - acordo assinado por todos e acerca do qual se espera o início das negociações.

Nas cerimónias do dia 24, José Mário Vaz discursou sem comentar a ausência do presidente do parlamento (segunda figura do Estado) e do PAIGC e fez novos apelos ao diálogo, que na prática contrastam com o incidente deste sábado.

Apontou como prioridade "a formação de um governo de unidade nacional, com entendimento entre o PAIGC, PRS [segundo partido mais votado] e grupo dos 15", que junta dissidentes do partido vencedor em 2014.

O acordo apadrinhado pela CEDEAO "não é um remédio santo", mas será "um passo para o apaziguamento e estabilidade até final da presente legislatura", acrescentou o chefe de Estado.

Apesar da situação, José Mário Vaz destacou o que considera ser um aspecto positivo: a actual crise trava-se ao nível jurídico e institucional, sem que haja "senhoras viúvas" ou "crianças órfãs" por causa de mortes ordenadas "pelo Presidente da República".


A Guiné-Bissau celebrou os 43 anos da declaração unilateral de independência em relação a Portugal, proclamada no primeiro encontro da Assembleia Nacional Popular presidida por Nino Vieira. Com a Lusa

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