
“Cotizamos cada um 20 000 francos CFA.
Apenas na minha casa saiu uma soma estimada em mais de 300.000 (Trezentos Mil)
francos CFA, tendo em conta o número de pessoas que tenho na minha casa, todos
já atingiram a idade definida para o pagamento da referida contribuição. O
dinheiro que emprestei a comunidade para trabalhar é da minha livre e
espontânea vontade, não estou preocupado se vão-me pagar ou não. O importante
para mim é conseguirmos terminar o trabalho, permitindo a ligação fácil entre
as nossas aldeias e a estrada principal”, conta aos repórteres de O Democrata,
tendo manifestado a vontade de pagar a título pessoal o dinheiro que emprestou
nas mãos do seu colega.
De salientar que, Tchig At-té nasceu no dia 7 de abril de 1975, em Bará, Setor de Mansoa, Região de Oio. A semelhança de muitos jovens da sua comunidade não teve a oportunidade de frequentar a escola. É lavrador e vive exclusivamente da sua produção agrícola, particularmente da comercialização da castanha de cajú – Ouro guineense. É detentor de três quintas ou pomares de cajueiros com capacidade de produzir 4 (Quatro) toneladas de castanha de cajú por ano. Também desempenha as funções de Adjunto Chefe de Tabanca de Bará.
Tchig At-té é residente da aldeia de
Bará Balanta, onde uma equipa de reportagem do jornal O Democrata esteve no
último fim-de-semana para ouvir explicações em primeira pessoa do jovem At-té,
que no entanto, contou que para concretizar o desafio, a título de empréstimo à
comunidade, ele entregou a comissão encarregue das obras da estrada, uma soma
de 2.700 000 (dois milhões e setecentos mil) francos CFA bem como assumiu
emprestar da mão de uma pessoa uma soma de 1.700 (um milhão e setecentos mil)
francos CFA para fazer avançar a obra que estava ameaçada por falta de meios
financeiros.
Uma equipa de reportagem do semanário ‘O
Democrata’ descolou-se este fim-de-semana para as aldeias de Bará e Quibir, com
intuito de confirmar os fatos inéditos e constatou a flor de pele que aquele
povo agricultor, por iniciativa própria, decidiu entrar a mata para fazer
“cirurgia” no meio de uma floresta que, desde a independência do país, nunca
conheceu pneus de carros para abrir uma estrada a fim de facilitar a ligação
entre as suas aldeias para a estrada principal que liga Jugudul e a cidade de
Mansoa.
As referidas aldeias são habitadas
geralmente pelas etnias Balanta (maioritária), Manjaca e Beafada
(minoritárias). O rendimento económico das populações das duas tabancas vem,
essencialmente, da agricultura (pomares de caju), exploração de Óleo de Palma,
da produção do arroz e do tomate. Outras atividades adicionais estão ligadas à
exploração de alguns frutos silvestres (faroba, fole, veludo, calabaceira, tifá,
etc).
O troço que ligava aquelas aldeias à
estrada principal em Jugudul nunca beneficiou de obra de reabilitação e se
encontrava numa situação da degradação total, que no período da chuva torna-se
intransitável por causa da água que acabam por cortar a estrada em algumas
zonas. Um dos mentores da iniciativa da construção da estrada através da
cotização das comunidades é um jovem da aldeia de Bará, Tchig At-té, que se
sentiu revoltado com a situação em que se encontram e engajou-se a partilhar a
sua ideia com o seu amigo que reside em Mansoa, Manuel Jorge Sigá (Tiu Djodje),
que iguamente é motorista de um camião que faz o serviço de transporte público
entre as aldeias de Bará e Quibir.
Tiu Djodje, nome de que vulgarmente é
conhecido, abraçou a iniciativa de jovem Tchig At-té, bem como aceitou instruí-lo
sobre o procedimento que deveriam tomar para levar a iniciativa para a frente.
Djodje passou a servir de pessoa de confiança entre a comunidade e as empresas
proprietárias das máquinas, no entanto, é considerado pelas comunidades como o
engenheiro da obra, mas sempre nega ser engenheiro e, é apenas um voluntário
que se levantou para apoiar uma comunidade.
Decidiu-se criar uma comissão que
assumiu o recenseamento das populações a nível das duas aldeias, como também
reunir com os chefes de tabancas para analisar o preço que deveria ser
implementado como a quotização para os habitantes.
A comunidade concordou com a ideia e
decidiu que para implementar o plano aplicaria uma soma de 20 mil francos cfa
por cada habitante daquelas duas aldeias. Foi assim que a comunidade das duas
aldeias conseguiram angariar uma soma estimada em milhões de francos cfa e que
os permitiu iniciar com a obra. Contaram também com alguns apoios pontuais de
alguns indivíduos particulares. No entanto, depois de reunir o dinheiro,
motorista, Manuel Jorge Sigá e o financeiro da comissão deslocaram-se para a
capital Bissau, a fim de negociar com as empresas proprietárias das máquinas.
Com o jornal Odemocrata
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