segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Juramento da bandeira - FARP assume responsabilidade da defesa territorial da Guiné-Bissau

Os mancebos que iniciaram as preparações militares no princípio de Outubro último prestaram ontem, 02 de Dezembro de 2017 o juramento da bandeira cujo acto foi presidido pelo Ministro da Defesa Nacional, Major General Eduardo Costa Sanhá. Nesta ocasião o Chefe do Estado Maior General DAS Forças Armadas, General Biaguê Na N´Tan, proferiu um discurso no qual realçou os progressos alçados, as necessidades vigentes e perspectivas.

Tendo a importância do referido discurso, julgamos necessário reproduzi-lo na íntegra.

“É um orgulho imenso poder desfrutar da companhia das mais ilustres entidades aqui presentes, bem como a da população de Cumere que, há muito, vem colaborando no acolhimento e carinho às recrutas, dignificando ainda hoje esta tão significante cerimónia para as Forças Armadas da Guiné-Bissau, pois o acto de Juramento de Bandeira é uma ocorrência muito relevante que envolve não só os militares e as respectivas famílias, mas também a própria sociedade, facto que se justifica pela presença massiva da população neste evento

. Esta cerimónia constitui, sem dúvidas, um dos mais marcantes momentos da classe castrense, sendo que, para além de assinalar o rito de passagem do militar da condição de recruta à de soldado, serve também para testar o grau de respeito e de credibilidade que, ultimamente, as Forças Armadas da Guiné-Bissau vêm conquistando junto da sociedade e no mundo fora.

O presente acto faz-nos recuar, em termos históricos, recordando-nos da firme e inabalável decisão dos nossos gloriosos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, sob o comando do grande líder e patriota Camarada Amílcar Lopes Cabral, assumiram a missão de lutar pela conquista da Independência da Guiné e Cabo Verde, enquanto se viram imbuídos de um profundo sentimento patriótico, edificando, deste modo, as bases em que se assentam hoje as Forças Armadas.

Devo muita honra e apreço aos Camaradas Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, estando alguns vivos e presentes nesta cerimónia, enquanto outros já não estão entre os vivos, querendo aproveitar esta ocasião para expressar a todos o profundo sentimento de gratidão do povo Guineense e particularmente das suas Forças Armadas, pois são nossos Heróis Nacionais. Das vossas mãos recebem, hoje, estes jovens militares, que prestam Juramento à Bandeira Nacional, o bastão com que se guiaram na Luta pela indepndência deste país.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

É com muito orgulho que as Forças Armadas recebem estes jovens, pois representam uma garantia para o futuro que se quer construir, incorporando a ambição de se tornar grandes e bons comandantes, sentindo-se o orgulho de ser militar e velando pelo cumprimento de disciplina militar e das leis vigentes no país.

A concepção de recursos humanos a altura, quer através da formação e treino e, numa maior exigência, nas competências técnicas, profissionais e de comando, quer através da promoção de uma cultura de mérito, repercutindo o desempenho no desenvolvimento da carreira e promovendo a diferenciação enquanto factor de motivação, deve, para nós, constituir preocupação e factor primordial, mobilizando recursos financeiros para tal.

O acto que ora decorre, cujo ponto culminante é prestação, por 1103 (mil cento e três) recrutas, de juramento à bandeira nacional, indica, por um lado, um passo gigantesco no que respeita ao apetrechamento das Forças de Defesa e de Segurança com recursos humanos habilitados para fazer face aos desafios impostos às Forças Armadas, e, por outro lado, um contributo para a reestruturação e reorganização das Forças Armadas, no quadro de implementação de reformas que se quer nos sectores de defesa e segurança.

O mundo em que nos encontramos inseridos se vê cada vez mais mergulhado no caos, devido às situações anómalas decorrentes de terrorismo, catástrofes naturais, assaltos à mão armada crescente onda de criminalidade, tráfico de drogas, pirataria marítima, ameaças e agitações nas zonas fronteiriças.

Os factores já referidos não passam de perturbadores da paz e segurança, tornando-se, por isso, urgente incorporar homens e mulheres a altura para uma resposta satisfatória aos factores em questão.

Não devemos ficar inibidos perante qualquer situação que requer de nós recursos humanos com a qualidade dos que hoje em dia temos, aos quais, simultaneamente com os que já se tinham militado nas Forças Armadas, deve-se proporcionar condições necessárias para o melhor cumprimento da missão que hoje são atribuídos, condições essas que têm a ver com fornecimento de uniformes, garantia de cursos de formação e de capacitação em diversos domínios, a nível interno e externo, aquisição de equipamentos informáticos e bélicos da nova era.

O espírito de abnegação e de sacrifício, de que os mancebos se vêem imbuídos, decorre do chamado “amor à pátria”, razão pelo que, ao lado dos homens, se vê um bom número de jovens de sexo feminino, sinal de concretização dos princípios de igualdade e equidade de género, comprometidos a dedicarem-se no cumprimento da missão e de tarefas exclusivamente militares que lhes são reservadas pela Constituição da República, podendo-se, desta feita, contar com as nossas valorosas e combativas mulheres, mesmo nas situações mais exigentes e extremas, nos limites das capacidades – física, psicológica, de coragem e de dedicação. Ilustres Recrutas,

Estamos reunidos aqui hoje para testemunharmos, com sensação e muita alegria o vosso magnífico voto, comprometendo-vos, daqui em diante, a pôr as vossas aptidões físicas e intelectuais e, sobretudo, a vossa sensibilidade nacionalista ao serviço desta nossa Amada Pátria, o que demonstra a vossa disposição ao cumprimento integral das leis vigentes no país.

Com efeito, exorto e recomendo-vos o cumprimento cabal do que consta dos artigos 20º e 21º da Constituição da República, que prescrevem resumidamente o seguinte:

Defender a independência, a soberania e a integridade territorial; Garantir a manutenção da segurança interna e da ordem pública; Participar nas tarefas da reconstrução nacional; •         Obedecer aos órgãos de soberania…;        Não exercer qualquer atividade política; •         Defender a legalidade democrática…; Prevenir os crimes…

A ética e deontologia profissional, o cumprimento das normas constantes do regulamento de disciplina militar devem merecer muito a atenção de um militar, pois não há lei contra o bem, devendo cada um afastar-se dos assuntos políticos, da criminalidade e da corrupção, pautando sempre pelo que possa contribuir para o bem-estar do povo a quem prestamos serviço, com submissão à ordem constitucional, garantindo a Paz, estabilidade e segurança, enquanto principais recursos estratégicos que vão-nos permitir trilhar o caminho do desenvolvimento.

O povo guineense, as Forças Armadas e a sociedade em geral esperam de vós, altos padrões de conduta, responsabilidade e carácter singulares, preservando os valores éticos, culturais e cívicos para o cumprimento, com sucesso, das vossas obrigações.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Importa tornar evidente, neste acto, que a Cooperação Técnico-militar com países amigos da Guiné-Bissau, sobretudo os da CPLP e CEDEAO, está no bom caminho, embora não havendo uma rubrica de cooperação formal com alguns, sendo ainda provisória a que se tem com as Forças Armadas Portuguesas, estando-se a encetar contactos para a restauração da cooperação com as Forças Armadas de alguns países.

Neste quadro, enalteço o incondicional apoio que as nossas Forças Armadas têm tido das suas congéneres de Portugal, Brasil, República Popular da China, Reino de Marrocos, Estados Unidos de América, Rússia, Cuba, Nigéria, Timor-Leste, Angola, Senegal, e de tantos outros países.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Cabe-me, na qualidade de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, felicitar vivamente as Suas Excelências Brigadeiro-general Júlio Nhate Sulte, Chefe da Divisão de Recursos Humanos do Estado-Maior General das Forças Armadas, e aos seus colaboradores directos, pelo cumprimento da difícil tarefa de coordenação do processo de recrutamento do pessoal, Brigadeiro-general Fernando Infande, Diretor do Centro de Formação e Instrução Militar de Cumere, pela forma sabia como supervisionou a instrução básica de jovens, Coronel Adulai Bá, Chefe da Divisão de Operações e Treino do Estado-Maior General das Forças Armadas, pela cooperação na execução do processo de recrutamento em causa.

As minhas felicitações se estendem ainda ao Director de Instrução, seu adjunto e todos os instrutores, pelo árduo trabalho efectuado ao longo de dois meses, sacrificando-se bastante para o bem do nosso povo guineense e, particularmente, para o bem das nossas gloriosas Forças Armadas. Felicito também as recrutas de ambos os sexos, que prestam juramento à bandeira, pela abnegação e sacrifício para posterior cumprimento da nobre missão de defesa e segurança da pátria, enquanto cidadãos guineenses.


Termino esta alocução, exortando a todos os militares a salvaguardarem o patriotismo e a tarefa que lhes distingue das outras personalidades e a empenharem, ainda mais, na consecução da nobre missão desta instituição, cujo facto de a pertencermos nos orgulha tanto. Com as FARP’s, no Jornal Defensor.

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