ALEGRAI-VOS E EXULTAI, DIZ O SENHOR
É
apelo, que se faz convite e exortação, dirigido por Jesus aos discípulos, ao
terminar o ensinamento sobre as bem-aventuranças. E a justificação vem logo a
seguir: “Porque é grande, nos Céus, a vossa recompensa”.Mt 5, 1-12.
Os
discípulos são aconselhados a viverem, na alegria exultante, as situações de
difamação e insulto, de perseguição e enxovalho à sua dignidade; situações
criadas “por minha causa”, por serem coerentes com as atitudes de Jesus, o
divino Mestre; atentados provocados por quem não tolera mais o seu estilo de
vida, o seu testemunho.
O
quadro de referências está traçado, os termos são claros, é grande a provocação
e maior o desafio. A novidade da proposta de realização feliz, de toda a
pessoa, vai ser solenemente anunciada. No cimo da montanha, como outrora Moisés
no Sinai, Jesus declara honoráveis os pobres, por decisão própria, os
espoliados injustamente do seu nome e dos seus bens, os generosos voluntários
da paz, os perseguidos por defenderam a justiça. A honorabilidade provém de
Deus porque estas atitudes reflectem e concretizam as suas preferências e o seu
agir, continuam, na história, o estilo de vida do seu Filho Jesus e vão-se
configurando, no proceder de cada discípulo e de cada comunidade cristã.
“O
que torna feliz uma existência, afirma o Irmão Roger, fundador da comunidade de
Taizé, é avançar para a simplicidade: a simplicidade do nosso coração e da
nossa vida. Para que uma vida seja feliz, não é indispensável ter capacidades
extraordinárias ou grandes possibilidades: o dom humilde da própria pessoa
torna-a feliz”.
A
riqueza do homem é a sua pessoa e não o seu dinheiro. Optar por tudo o que
ajude a pessoa a ser livre, a sentir-se sem quaisquer amarras, a estar
disponível para partilhar o que tem, a não acumular e reter bens apenas para
si, torna-se indispensável à saúde da nossa comum humanidade e à qualidade da
nossa fé cristã. Quem o faz ou se esforça com seriedade, por o ir fazendo, está
em sintonia com Deus, é feliz e beneficia da sua bênção. Choca,
inevitavelmente, com uma sociedade baseada na ambição da riqueza, na ânsia do
poder e da glória. E vê recaírem sobre si as mais diversas formas de
descrédito, de humilhação, de espoliação, de acusação infame, de morte
silenciada.
Quem
a estas desonras responde com mansidão e pureza de intenções, de paciência
sofrida e desejo sincero de justiça, de misericórdia benevolente, manifesta o
proceder de Deus e “corre o véu” que tantas vezes oculta a sua presença entre
nós e abre caminho à comunhão definitiva com Ele e com todos os que n’Ele se
encontram. Participa, deste modo, na comunhão dos santos! Vive já uma nova
realidade que no futuro contemplará em plenitude. “É uma multidão imensa, que
ninguém pode contar de todas as nações, povos, tribos e línguas, confessa São
João no Apocalipse. “São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as
túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro”. São os santos de “ao pé da
porta”: pais que criam os seus filhos com tanto amor, homens e mulheres que
trabalham a fim de trazer o pão para casa, doentes, consagradas idosas que
continuam a sorrir, exemplifica o. Papa Francisco.
Aspirar
à santidade e ser santo, faz parte da realização plena da natureza humana, é
fruto do amor de Deus por nós e do esforço de cada um e de todos para
correspondermos a este amor enternecido que se humaniza de modos tão próximos e
interpelantes.
“Por
fim, escreve o Papa Francisco na homilia deste dia, gostaria de citar mais uma
bem-aventurança, que não se encontra no Evangelho (deste domingo), mas na
conclusão da Bíblia, e fala do final da vida: «Felizes os mortos que morrem no
Senhor» (Ap 14, 13). Amanhã seremos chamados a acompanhar com a oração os
nossos defuntos, para que rejubilem para sempre no Senhor. Recordemos com
gratidão os nossos queridos e oremos por eles”.
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