Se o discurso politicamente correto fala de unidade
nacional, o politicamente incorreto questiona até que ponto se pode falar
de uma unidade como sinónimo perfeito de homogeneidade.
Talvez para a melhor abordagem ou enquadramento
semântico do assunto que aqui pretendemos discutir com um carácter excitante - excitante
pelo comodismo a que nos está habituado a ouvir quase de forma inocente e com
uma certa religiosidade, urge trazer um pequeno inventário de vocábulos que vão
sugerir e se calhar cimentar o nosso entendimento do assunto.
Será que podemos usar a expressão unidade nacional
no sentido de convenção? Mutua inteligibilidade dos assuntos étnicos? Ligação
intima? Comungar de ideias? Cumplicidade? Ou mesmo união!...Afinal o que é unidade
nacional? Como os elementos de uma determinada sociedade podem ser
designados por unidos? O que deve haver de comum ou de diferente e
com que grau para que se cunhe o termo de forma pura e consensual? Ou talvez
o termo certo para nos referirmos a uma sociedade que em muitas vezes se
caracteriza por diversa nos seus variados aspetos seja “convenção” (convenção
Nacional).
Desde a independência para cá, se tem falado de
exaltação do sentido de dever ou o exercício são e consciente do patriotismo
como parte do processo de construção da nação a qual aqui discutimos sua unidade
na sua diversidade multicultural e multi-étnico.
Em questão de unidade, é possível apaziguar as
diferenças (culturais e étnicos) e nos unirmos em torno de um objetivo e com
isso nada mais e nada menos saímos a ganhar mas a celebrar com vigor a razão da
nossa tolerância e acreditamos que cada um de nós principalmente a juventude
pode cimentar esta unidade na diversidade cultural procurando na sua
diversidade unificar o sentido de unidade que Amílcar Lopes Cabral sonhara a
quase meio século.
Muitos poderiam ser os exemplos que aqui poderíamos trazer como resposta que qualquer cidadão deste país nos daria por hipótese a questão: quais as marcas que a seu ver caracterizam unidade no país? Se calhar logo a primeira nos seriam os símbolos (bandeira, o emblema, o hino) e depois o FCFA, a língua (Português). E depois? Os valores tradicionais? As nossas línguas nativas? Os nossos hábitos, usos e costumes? Em fim a nossa cultura?
Muitos poderiam ser os exemplos que aqui poderíamos trazer como resposta que qualquer cidadão deste país nos daria por hipótese a questão: quais as marcas que a seu ver caracterizam unidade no país? Se calhar logo a primeira nos seriam os símbolos (bandeira, o emblema, o hino) e depois o FCFA, a língua (Português). E depois? Os valores tradicionais? As nossas línguas nativas? Os nossos hábitos, usos e costumes? Em fim a nossa cultura?
Ao falar do patriotismo, implicitamente nos referimos
a aceitação pura e sem questionamentos envolto à agenda
nacional aliás – começo e chegada do verbo unir autor da união, unidade,
unificação, em fim o que concebemos hoje como nação.
Se em paralelo com a unidade solicitamos um
comungar da agenda nacional fica aqui claro que urge por conseguinte eliminar
as assimetrias regionais, o tribalismo, egocentrismo (mais no sentido do
individualismo), a exclusão ideológica bem como a distribuição desigual da riqueza
e poder ou de oportunidades - inimigos dum estado com uma constituição que
prima pela abrangência.
Olhando para o pódio do texto ”unidade nacional
na diversidade cultural”; o que desencadeia o carácter inquietante da questão
não é a falta de unidade. Talvez ver mesmo o que o vocábulo unidade nos
da como significado. Segundo Dicionário Universal de Língua Portuguesa o
termo significa qualidade do que é uno, ou seja exclusivo, sem igual, que é só
um, aliança, pacto, etc.
Pegando fielmente no item “pacto “ou “só um”, falar de
unidade, parcialmente deixamos de fora a questão cultural, pois parece este não
selecionar naturalmente elementos como unidade cultural (aqui nos deparamos com
o sentido de identidade e pertença onde elementos de estigmatizarão são notáveis
quase em todos os tempos.
Sendo as etnias se identificam por grupos pelos seus
modos de manifestação cultural, dos quais são: Balantas, Fulas, Papeis,
Mandingas, Mancanhes, Mandjacos, Felupes, Biafadas, Bijagós, Nalus, Tandas,
Oincas, Saracules, Padjadingas, Beafadas e tantas outras etnias, originais ou
derivadas; cada uma dessas etnias é reconhecida precisamente por aquilo que a
diferencia das outras.
O que é que caracteriza o guineense senão a
mestiçagem, a sua própria diversidade étnica, quiçá toda a riqueza cultural de
cada um dos integrantes desse vasto mosaico social e humano.
Os guineenses são caracterizados pelos inúmeros dialetos,
os diversos comportamentos em forma de tradição, a indesmentível diversidade
cultural das muitas etnias que existem no país demonstram essa pureza de
diversidade cultural num povo uno.
Intencionalmente,
o elemento linguístico no caso a língua crioula e a língua Portuguesa, é por
excelência um exemplo de unidade tendo em conta o próprio processo da
construção da nação guineense, prende-se com o assumir do Português como
língua oficial, visto que desde os primórdios, os autores da
nossa independência perceberam que a questão da diversidade linguística
nacional poderia ser um entrave na definição da então agenda única para os guineenses-
a independência.
Olhando para o Português como língua oficial, podemos
visitar os critérios de R. Bell para a definição de uma língua como oficial por
conseguinte, deve obedecer:
Padronização - (que se prende com a unificação
do que existe de forma escrita bem como o funcionalismo da língua que no nosso
contexto não nos diz muito pois herdamos o Português como elemento de
aculturação embora nos dias que correm se fale mais crioulo e menos português:
Historicidade - (a língua enquanto símbolo de identidade); autonomia
e normas de facto (o sentir-se bom ou mau falante).
Nota-se não só no texto mas também do texto para fora
(realidade) um certo paradoxo intencional, que sugere um assumir de
posicionamentos que depende ao de tudo do discernimento lúcido do nosso locatário.
Se por um lado se pode discutir com uma certa mestria
mas sem dogmatismo algo sobre o tema em analise, percebemos que a língua
é um elemento incontestável para a construção de uma identidade bem como
da unidade de um povo, pois a maneira como vemos e vivemos o mundo é fortemente
influenciado pela língua que usamos porque com ela categorizamos os objetos da
nossa cultura e o mundo onde nós vivemos é em grande parte construído pelos hábitos
linguísticos do grupo cultural, intendendo cultura na perspetiva de Hudson (1990),
como conhecimento cultural apreendido dos outros ou conhecimento que alguém
possui por ser membro de uma sociedade que por sua vez pode ser conhecimento
cultural adquirido partilhado, e não partilho.
De um modo geral o objetivo deste texto não é pôr em
causa as convicções nem as crenças do alocutário, mas sim desencadear um
assumir de posições discursivas com todo discernimento e lucidez na
espectativa do possível, pois é essa lucidez que se pede aos auditores que
permite o exercício pleno da cidadania. Há vários elementos que poderíamos ter
focalizado para o “enceramento” da nossa discussão mas a língua foi nosso
elemento de eleição para demonstrar a nossa abertura bem como também
poderia ter sido outro mas por uma questão de um abrir de portas para mostrar a
nossa conceção de unidade que hoje gozamos até com certo orgulho da nação guineense.
por: Wilkinne
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