Bissau (Gabinete de Imprensa
da Presidência da República, 12 de Janeiro de 2013) – O motivo não era para
menos, porque a história voltou às densas matas de Cassacá. Ao iniciar o seu
discurso em improviso, o Presidente da República de Transição pediu um minuto
de silêncio em memória a todos os heróis que tombaram pela grande causa da
Guiné-Bissau, a libertação nacional.
Em contextos totalmente
diferentes mas imbuídos do mesmo espírito, o espírito de juntar os guineenses à
volta dos mesmos ideais tal como fez Amílcar Cabral a 17 de Fevereiro de 1964;
portanto, 49 anos depois, no histórico local de Cassacá, Manuel Serifo Nhamajo
lançou também ele um desfio aos guineenses.
Discursava
perante várias centenas de pessoas e o PRT disse sentir-se “honrado” pela
grande aderência popular. Serifo Nhamajo serviu-se do momento para apontar
caminhos que devem ser seguidos por todos:
“Fazer de Cassacá 2013, um
retorno e um reencontro com a nossa história, para voltarmos a inspirarmo-nos a
partir de Cassacá, para revitalizar aquela força, a foça do patriotismo, a
força que galvanizou os combatentes, a força que lançou chamas em todo o
território, que lançou sementes para a fundação deste Estado, a República da
Guiné-Bissau”.
“Não esqueçamos que estas densas
matas testemunharam um debate de ideias, uma discussão franca e sincera, a
valentia de pessoas que deram todo o seu sacrifício, e a troco de nada. Eram
pessoas com convicção, o que hoje em dia nós não temos”.
“Somos todos hoje militantes por
conveniência, se não nos permitirem lugares de chefia ou dinheiro, pouco
trabalhamos, uma atitude totalmente contrária àquela assumida por aqueles que
em 1964 aqui neste mesmo local, deram a sua vida e traçaram caminhos que nos
conduziram à independência, para a felicidade de todos”.
Manuel Serifo Nhamajo aproveitou
o momento para convidar os guineenses e estrangeiros residentes na
Guiné-Bissau, para todos trabalharem juntos. Para ele, devemos “empurrarmos um
bocadinho mais à frente, a obra iniciada por aqueles grandes valentes, mesmo
reconhecendo que será muito difícil chegarmos ao se nível de sacrifícios, muito
menos aos patamares dos seus valores mas, acredito que cada um de nós pode
fazer a sua parte, para assim pagar a sua quota-parte para este Chão Sagrado,
para transformarmos em realidade, aquilo que outros sonharam ontem para a
Guiné-Bissau, o que só pode ser feito com trabalho e não por milagre”.
Disse ainda o PRT que este
trabalho só pode ter resultados, “se for feito na base de solidariedade, no
respeito à opinião do contrário, no respeito ao credo de cada um de nós, no
respeito à origem de cada um, para afirmarmos como uma Nação. Temos que
entender de uma vez por todas que, só juntos, na nossa diversidade étnico-cultural
é que podemos fazer da Guiné-Bissau aquilo que pretendemos, onde não haja
Balantas, Fula, Mandinga, ou Manjaco, onde não haja Cristão, Muçulmano,
Protestante ou Animista; onde não haja gente de Quitafine, Morés ou de Boé, mas
para sermos apenas guineenses”.
Aproveitando-se da situação de
estar ladeado de alguns membros do governo, de deputados, conselheiros de
estado, conselheiros do presidente, do Chefe de Estado Maior General das Forças
Armadas e portanto, das estruturas que constituem a equipa de transição, o PRT
exortou a todos no sentido de se lançar pistas para a dignificação das pessoas
que ontem deram a sua vida, entre os quais “destacamos hoje o camarada Malam
Bacai Sanhá, que passou por uma brilhante carreira para chegar ao topo”.
Manuel Serifo Nhamajo não se
esqueceu de outros heróis nacionais e, disse por isso que o dia 20 de Janeiro
será uma oportunidade, para homenagear todos eles, como dita a tradição desde a
independência do país em 1973.
O Chefe de Estado acredita que a
obra deixada pelos combatentes irá continuar a ser erguida com a ajuda de todos
porque, é uma grande obra, pois é a sua convicção que “as grandes obras são
sempre consolidadas e continuadas eternamente e, portanto, não morrem”.
Mais, disse Serifo Nhamajo que,
a sua aposta como dirigente de transição é “ lançar pistas para que este país
sossegue de vez, uma tarefa que só pode ser concretizada com a participação de
todos sem exclusão”. Por isso, convidou a todos que sejam “combatentes de
desenvolvimento”.
Manuel Serifo Nhamajo falou da
figura de Malam Bacai Sanhá, como homem e como político que sempre ensinou a
debater ideias com o contrário para melhorar o serviço. “Estes são os
ensinamentos que aprendi com ele e, na minha perspectiva não valerá a pena se
viermos à Cassacá só para espectáculos culturais e não aproveitarmos o momento
para nos banharmos dos muitos ensinamentos deixados por Malam Bacai Sanhá”.
Antes de terminar, o PRT chamou
atenção sobre a necessidade de “encarnarmos a cultura de mérito, de
reconhecimento e de respeito pelas nossas referências históricas, como forma de
fazermos a justiça com a nossa história contemporânea”.
Cassacá ainda com as
características habituais às do passado: matas densas, com muita humidade à
mistura por este período do ano. E numa pequena tribuna compacta de cimento
onde Amílcar Cabral dirigiu há 49 anos o histórico congresso de 1964 que acabou
por galvanizar os combatentes rumo à independência, também aqui, o Presidente
da República de Transição Manuel Serifo Nhamajo lançou desafios para uma
efectiva reconciliação entre a família guineense.
O PRT realçou o facto de todos
serem importantes “na tarefa de estabilização e de desenvolvimento da
Guiné-Bissau” em que ele próprio se encontra empenhado.
Por fim, deu por aberto o
1º festival cultural “Bacai ka Muri”, no qual participaram vários
artistas, entre os tradicionais e modernos da velha e da nova geração.Ver aqui ->
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