A «deficiência ideológica» ou a ausência de
ideologia, o desconhecimento das realidades africanas, a importação de
metodologias estrangeiras para África e a falta de uma vontade própria em
construir um projecto próprio foram as principais críticas de Cabral em relação
à atitude dos movimentos de libertação nacional africanos.
Atitudes que o levaram a afirmarem que, “por mais
bela e atraente que seja a
realidade dos outros, só podemos transformar verdadeiramente a nossa própria
realidade com base no seu conhecimento concreto e com os nossos esforços e sacrifícios
próprios. (...) A deficiência ideológica para não dizer a falta total de
ideologia, por parte dos movimentos de libertação nacional – que tem a sua justificação
de base na ignorância – constitui uma das maiores senão a maior fraqueza da
nossa luta contra o imperialismo e pobreza do nosso povo”
Politicamente, Cabral não ambicionava, para a Guiné
e Cabo Verde, apenas a conquista de uma “bandeira, hino e ministros (...),
tomar o palácio do governador”222, nem a substituição da administração colonial
por um governo autóctone revolucionário, “Não queremos que ninguém mais explore
o nosso povo, nem brancos nem pretos, porque a exploração não é só os brancos
que a fazem, há pretos que querem explorar ainda mais que os brancos.".
A. CABRAL
Sem comentários :
Enviar um comentário
COMENTÁRIOS
Atenção: este é um espaço público e moderado. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.